Pikachu

Pikachu: Anatomia do Sucesso

A franquia Pokémon nasceu em 1996 no Japão (como falamos no nosso Project N Cast especial dos primeiros jogos RGBY) e dentre os 151 monstrinhos originais, um pequeno rato de orelhas pontudas e rabo em forma de trovão se tornaria o mais famoso entre todos. Mais de 20 anos se passaram e ele ainda é.

Pikachu: Anatomia do Sucesso

Pikachu

Pokémon foi um sucesso imediato no Japão. Uma febre como nunca antes vista. O próximo passo naturalmente foi o jogo virar anime no país do sol nascente.

Pela mecânica do jogo, você só conseguia ter todos os 151 Pokémon presentes na Dex do jogo se trocasse com amigos, e isso já se apresentava na primeira escolha do jogo: os iniciais. Você deveria escolher entre Bulbasaur, Charmander ou Squirtle para iniciar a jornada com você e assim que escolhesse um, não poderia encontrar os outros sem trocas.

Por isso quando se teve a ideia inicial do anime, foi decidido não usar nenhum dos iniciais como o principal personagem do desenho, já que assim poderia retirar o interesse daqueles outros 2/3 de pessoas que escolheram os iniciais diferentes ao do que fosse escolhido.

A decisão para o companheiro do personagem principal do anime então ficou entre um Pokémon comum dentre todos e os escolhidos foram Pikachu e Clefairy, pelo quanto eles eram “fofos”. Atributo que contribuiria muito para o sucesso de um desenho entre as crianças. Pikachu, no entanto, já era mais famoso entre elas. Fazia sucesso entre todos os pequenos gamers japoneses, tanto meninos quanto meninas, o que influenciou na escolha. Um Pokémon comum encontrado durante seu caminho pelo jogo se tornaria então símbolo da maior franquia do entretenimento atual.

Pikachu: Anatomia do Sucesso

Design

O design de Pikachu foi criado por Atsudo Nishida, uma das designers que foram chamadas a integrar o time de criação dos jogos de Pokémon para criar personagens mais fofos do que os monstros já criados até então. Como afirma Ken Sugimori, um dos membros fundadores da Game Freak e designer de personagem oficinal dos primeiros jogos:

“Na época, eu imaginava que por serem monstros, deveriam aparentar força, mas no meio do caminho eu pensei: ‘gostaria de alguns fofos também.’ Não haviam muitos designers na empresa na época e eu fazia a maior parte do trabalho, e como desenhava na perspectiva de um homem, não tinha pensado em criar um Pokémon fofo. Por isso que pedi a uma de nossas designer, como Nishida, para se juntar [ao time de criação]”

A ideia dada a Nishida foi simples, produzir um personagem para um jogo de monstros, que fosse elétrico. E como geralmente faziam começavam o conceito pela última evolução.

No começo, Pikachu seria de uma linha evolutiva de três Pokémon, com sua última forma sendo chamada de Gorochu, que, por conta de balanceamento do jogo, foi cortado da versão final.

Pikachu: Anatomia do Sucesso
Imagem de como poderia ter sido Gorochu

Nishida começou a criação de Pikachu direto nos pixels do computador, e como era apaixonada por esquilos na época, baseou-se neles para dar vida ao personagem. Foi assim que nasceram as bochechas proeminentes e rosadas e o rabo, apenas alterado para uma forma de raio.

A cor amarela, no entanto, foi decidida mais ao final do projeto. Já que o título era para o Game Boy, que não possui cores, não se havia pensado nisso, mas ao fim do desenvolvimento foi decidido que os jogos seriam compatíveis com o Super Game Boy, um acessório feito para o Super Nintendo que permitia jogar jogos do portátil na televisão através do console de mesa. E assim foi decidido amarelo ao Pikachu pelo seu tipo e por contrapor as cores bases já usadas nos Pokémon iniciais, vermelho, verde e azul.

Koji Nishino, que era o designer responsável pelos mapas e forças dos Pokémon, acabou também ficando encarregado de “avaliar a fofura” dos novos bichinhos, e deu o aval ao novo monstrinho:

“Eu realmente adoro coisas fofas. Com Pikachu, o próprio nome já tinha um pegada fofa ligada a ele, não acha? Eu o amava cada vez mais, e queria que fosse ainda mais fofo.”

Pikachu: Anatomia do Sucesso

“Pika, Pika!”

O nome pikachu é uma junção de duas palavras japonesas. “Pika”, que é a expressão de luz piscante, e “Chu”, que seria o som produzido pelos ratos. Que foi escolhido mesmo que Pikachu não tenha sido concebido como rato, até porque Rattata já existia.

E com seu design fofo e seu nome cativante, Pikachu já nasceu popular entre os próprios desenvolvedores do jogo. Foi, junto com mais alguns outros poucos, escolhido para fazer parte das artes oficiais de divulgação. Daí para ser popular com o público foi um pequeno pulo.

Pikachu era encontrado nos jogos na floresta de Viridian, em meio a lagartas, abelhas, casulos e pássaros bravos. Mas tinha uma taxa de encontro muito pequena, então começou a ser considerado o primeiro Pokémon raro do jogo, já que era apresentado nas artes oficiais, mas difícil de se achar. E em meio a outros bichos considerados mais nojentos ou amedrontadores, sua fofura se destacou.

E assim começou a nascer o sucesso de Pikachu. Da fama nos games, foi para a fama nas telinhas da televisão, alcançou o ocidente e aqui encontrou o mesmo sucesso estrondoso. E é assim que um raro ratinho (ou esquilo) amarelo com um carisma astronômico hoje estampa seu rosto em todo e qualquer produto no mundo todo atraindo milhares de crianças e adultos.


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.