O que foi em 2020 e o que eu espero de 2021 para o Nintendo Switch
Por conta da minha situação de dependência financeira, o Nintendo Switch foi meu primeiro console de mesa em muito tempo. Comprei o videogame logo no início de 2020, antes mesmo dos primeiros casos do novo coronavírus serem noticiados por aqui. Logo em 2020, um ano atípico, caótico e solitário. Um ano de distância e isolamento. Com isso, alinhado ao fato de que eu finalmente comprei o videogame, o tempo ocioso proporcionado pela quarentena fez com que eu me reaproximasse do universo dos jogos, principalmente em relação à Nintendo.
Então, como foi passar por tudo isso com o Nintendo Switch? Até o início do ano, não me recordava a sensação de me sentir empolgado com qualquer coisa relacionada a videogame. Durante o decorrer de 2020, me empolguei em Pokémon Shield, The Legend Of Zelda: Breath of The Wild, Super Mario Odyssey, Animal Crossing New Horizons e com todas as possibilidades e especulações nintendistas possíveis, vez ou outra resultando em frustração.
Os rumores e a ausência de uma Nintendo Direct, nenhuma novidade sobre Bayonetta 3 ou a sequência de Zelda Breath of The Wild, a espera por um anúncio de algo relacionado a Pokémon Let’s Go Johto ou ao remake da quarta geração e até o lançamento de Hyrule Warriors: Age of Calamity, que, para mim, não corresponde à sua promessa de nos apresentar “Hyrule 100 anos antes do jogo The Legend of Zelda: Breath of the Wild“. De fato, até mesmo no verso fantástico do videogame a frustração é recorrente. Mas é tudo culpa da minha própria expectativa, né?

Mesmo ao lado de qualquer frustração – que não poderia não fazer parte -, o videogame ainda se faz superior. No ano em que me deitar no divã se tornou impossível, o Nintendo Switch fez um ótimo trabalho. Quando me faltava ar e força de vontade, o videogame estava ali quase como um lembrete que me dizia: “é só sua ansiedade”.
Passei a me conhecer melhor, a entender o meu corpo e minha angústia, meus desejos e meus limites por conta do entretenimento proporcionado pelas horas de jogatina. A terapia me fez – e ainda faz – muita falta, e é exatamente sua falta que me faz apelar à criatividade de trabalhar com o que é possível. Sem sair de casa e sem aglomerar, jogar é sempre uma alternativa, e talvez a melhor.
O silêncio também fez parte de 2020 porque é um mal recorrente na indústria e marketing dos jogos, e a Nintendo foi vítima – ou se aproveitou – do silêncio. Mas o silêncio fez parte do ano passado da mesma forma que fez parte de todos os outros anos, pandêmicos ou não. A diferença é que, em 2020, surgiram alternativas aos meios tradicionais de nos comunicar, e o videogame fez parte disso. Animal Crossing New Horizons, Fall Guys, Among Us, jogos com modos multiplayer criativos, divertidos e peças fundamentais no combate ao laconismo do dia-a-dia. O videogame foi, ao meu ver, uma das mais marcantes alternativas de entretenimento em meio ao isolamento.
Pensando nisso, chego à minha resolução máxima de início de ano: para 2021, eu espero que o Nintendo Switch se torne mais acessível. Eu me considero extremamente privilegiado por ter tido a oportunidade de passar por 2020 com acesso ao Nintendo Switch, mas, sinceramente, não gostaria que fossem necessários quatro meses de trabalho e a venda do meu Nintendo 2DS para comprá-lo. Agora, com a alta do dólar, comprar e manter um Nintendo Switch no Brasil se torna ainda mais elitizado, e eu sinceramente não vejo alternativas a isso senão por meio de revoluções políticas.
Eu não sei se o Nintendo Switch realmente precisa custar que ele custa, mas eu gostaria que qualquer pessoa que o deseja possa tê-lo. Não sei se é realmente insustentável vender jogos por menos de 60 dólares, mas não gostaria que fossem tão caros. Me parece que os principais consoles contemporâneos não são comercializados visando à popularidade do acesso… eu acredito que, da forma que são e da forma que estamos, a elitização desses videogames é uma eterna condição para sua existência. Em contradição com as regras da realidade, é exatamente por conta de sua capacidade de ser o que foi pra mim em 2020 que eu espero que, em 2021, o Nintendo Swicth se torne mais acessível.

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