No More Heroes 2: Desperate Struggle - O Punk não está morto

No More Heroes 2: Desperate Struggle – O Punk não está morto

Na busca por vingança não há espaço para fraqueza. Seja Travis Touchdown, 3 anos mais velho, com ambições diferentes. Escale o Ranking de assassinos mais uma vez e prevaleça como o melhor.

O Nintendo Switch recebeu recentemente a adição de dois jogos impactantes que figuraram no Wii. Com seus personagens cheios de estilo, No More Heroes e No More Heroes 2: Desperate Struggle são jogos que deixam claro que sempre houve espaço na indústria para conceitos diferentes. Ambos desenvolvidos pela Grasshoper Manufacture, e criado por Suda51 (no Review do primeiro No More Heroes detalhamos um pouco sobre esse ilustre Desenvolvedor), os jogos são a oportunidade de experimentar o mundo de Travis em boa hora — Já que Suda51 e sua equipe trabalham para entregar o terceiro titulo ano que vem. Conforme analisamos No More Heroes na semana passada, agora vamos para sua sequência – mostrando seu processo de evolução em relação ao antecessor, junto de componentes que certamente nos fazem ficar ansiosos pelo o que está por vir no futuro.

O retorno de Travis

Quando o jogo inicia e vemos a frase “Punk is not dead“, já podemos imaginar que não veremos nada convencional. É nesse tom, esbanjando anarquia que No More Heroes 2: Desperate Struggle dá sequência aos acontecimentos de No More Heroes, marcando o retorno de Travis Touchdown a Santa Destroy. O enredo ainda que simples como anteriormente, possui mais elementos, motivações diferentes, e situações determinantes; com direito a cenas de uma mulher sem identidade em um “Peep Show”, contando eventos da história para um observador também desconhecido. Tudo isso faz dessa, uma passagem mais interessante para Travis — Este que aparenta estar mais sério, porém não se engane; seu lado palhaço ainda existe, tal como sua arrogância, mesmo que em proporção menor. Após os acontecimentos anteriores, o então número 1 do Ranking de assassinos sem pretensões, acaba se retirando da sua cidade Natal, permanecendo recluso por 3 anos. Ao colocar os pés novamente em Santa Destroy, Travis percebe que fez alguns “desafetos” vindos ainda do período em que ele se tornou o número 1. O primeiro a intimar Travis para uma luta é Skelter Helter (em alusão a famosa canção dos Beatles), na intenção de vingar seu irmão que foi executado pelo anti-herói anteriormente. Uma batalha intensa tem inicio, com desfecho favorável a Travis — é então que aparece Sylvia Christel, para usar sua “lábia” mais uma vez.

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Quando as espadas se cruzam não tem mais volta!

Com estilo diferente e ainda mais sensual, a agente da UAA (Associação dos Assassinos Profissionais) chega para protagonizar o reencontro dos dois “pombinhos”, após 3 anos. Sylvia então faz uma revelação a Travis, de que muitos assassinos agora figuram por Santa Destroy, e seu posto no Ranking já não o pertencia mais. Travis era agora o 51º assassino após executar Skelter Helter. Mas as novidades não param por aí. Dando seu último suspiro Skelter helter lança uma mensagem enigmática: seus parceiros teriam sua vingança. Na mesma noite esses parceiros de Skelter fazem uma visita para Bishop (o “cara” da locadora de vídeos que Travis frequenta), assassinando- o com muita frieza. Isso é suficiente para provocar a ira de Travis, já que ele tinha um grande apreço pelo amigo. Sylvia então comunica Travis que quem ordenou assassinar Bishop é Jasper Batt Jr, o herdeiro do Pizza Bat e agora número 1 do Ranking de assassinos. Travis anteriormente já havia interrompido a expansão do Pizza Bat ao assassinar pai e irmãos de Jasper (nas missões de assassinato do primeiro No More Heroes), porém devido sua ausência, a empresa se reergueu adquirindo todos os negócios e dominando Santa Destroy. É aí que chegamos no ponto crucial do enredo: Travis quer vingança. Jasper também quis vingança quando executou Bishop, como Skelter também quis pelo seu irmão. A vingança motiva Travis a “escalar” um Ranking bem maior até novamente chegar no 1º; não se trata mais de ganância ou “status” como era antes. A vingança é assim, um ciclo sem fim.

No More Heroes 2: Desperate Struggle - O Punk não está morto
O reencontro após 3 anos.

Mecânicas de Gameplay

Ao experimentar No More Heroes 2: Desperate Struggle, claramente podemos perceber que a Grasshoper Manufacture não só queria continuar a trajetória de Travis, como mostrar que aprendeu com os erros. O que já era bom em No More Heroes foi aprimorado, e os problemas foram eliminados. Não é preciso mais fazer longas viagens por uma cidade que frustrava o jogador pela falta de interação e visual nada atraente. A Grasshoper Manufacture talvez tenha pensado que se não era possível entregar uma experiência interessante em mundo aberto, o melhor a se fazer era remove-la. O acesso as tarefas agora é através de uma mapa, onde podemos ir direto para missão, sem necessidade de pagar valores exorbitantes para UAA. Toda atividade (exceção da missão principal) do jogo parece opcional. Como as missões que importam estão ali para acesso, podemos de fato encurtar a campanha, basta ter habilidade para isso. Para não sofrer nas missões principais, ainda temos a academia para elevar a estima de Travis (mentira, é pra ficar mais forte mesmo) e novas Beam katanas a ser adquiridas. Admiradores da customização visual, sintam se em casa: vestimentas ainda mais estilosas estão a espera, além da possibilidade de customizar também os calçados.

No More Heroes 2: Desperate Struggle - O Punk não está morto
A nova movimentação pelo mapa de Santa Destroy.

No mapa ainda temos a opção de acessar as side jobs. Esse é outro ponto importante. Os trabalhos que eram chatos e maçantes do primeiro game estão presentes, mas agora de maneira divertida e interativa, explorando mini games em 8 bits. Com direito a uma versão modificada de “Pipe Dream” (jogo puzzle de 1989), os mini games são diversificados e vão sendo liberados conforme avançamos. As missões de assassinato deixaram de existir, fazendo com que as side jobs sejam a fonte de renda para customização. A tela de inicio (após ser acessada mais de uma vez) com a clássica tela de save, também trás o “charme” da era 8bits — um atrativo a mais para os nostálgicos.

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Também em 8 bits!

Travis ainda vive em um quarto de Motel, com suas relíquias e colecionáveis. Na parede temos estampadas as máscaras de luta livre que podemos reunir no primeiro jogo. O ponto de Save continua sendo sentar no “trono”, isso já é uma marca registrada. Algumas mudanças referente a jogabilidade nesse local é perceptível. A começar pelo fato de que Travis pode percorrer pelo quarto (outros locais também, como por exemplo a academia ou loja de roupas), antes éramos limitados a apenas escolher ações. Essas ações continuam, e envolvem ainda mudar o visual do antí-herói ou ligar a TV — no qual podemos jogar um mini game “shooter” estilo arcade, com as garotas do anime favorito de Travis. As atividades com Jeane (a gata de estimação) também se renovaram. A gatinha não soube lidar com a obesidade, e acabou ganhando uns “quilinhos”. A missão agora é ajuda lá emagrecer, fazendo exercícios com jogabilidade similares aos da academia do finado Thunder Ryu. Já adianto que a recompensa por isso vale a pena, portanto tenha foco e dedicação.

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Lar, doce lar.

Jogabilidade e Design

A jogabilidade mantém o estilo No More Heroes de ser, mas com melhorias. Travis está mais leve, e o design gráfico foi retrabalhado. Os efeitos de combate, como a intensidade da luz que a Beam Katana apresenta, está visualmente mais agradável. A conversão para HD na versão Switch, não só fez muito bem a No More Heroes 2: Desperate Struggle, como você quase não lembra que é um jogo de Wii. A Beam Katana finalmente pode ser trocada em tempo real na hora do combate (como isso fez falta anteriormente!), além disso existe uma variação da espada, podendo ser utilizada em ambas as mãos simultaneamente. O banho de sangue em conjunto com o show das finalizações, continuam deslumbrando o jogador. Os especiais então nem se fala. O que mais chama a atenção é o que transforma Travis em um tigre, devorando todos pela frente.

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Sai da frente que o Tigre tá passando!

A escalada de Travis que agora se inicia no 51º Ranking parece árdua. Só parece mesmo. Travis agora conta com a ajuda de 2 personagens que são jogáveis em determinada situação — Shinobu Jacobs, a ex assassina N° 8 e Henry o irmão gêmeo de Travis. É no mínimo satisfatório poder controlar outros personagens. Cada um acrescenta uma mecânica diferente a jogabilidade. Shinobu por exemplo utiliza uma espada japonesa e pode saltar alto, se mostrando muito mais ágil que Travis. Henry por sua vez utiliza também uma Beam Katana, que desfere 3 bolhas de energia no inimigo. As missões principais possuem uma infinidade de inimigos com armas de fogo, machados ou espadas. Enfrentar cada assassino pelo Ranking está ainda mais dinâmico e pode apresentar um grau de dificuldade superior ao que víamos antes — pois também temos que lidar com obstáculos no cenário que geralmente podem ser destruídos ( isso é legal!).

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Shinobu, a discípula de Travis Touchdown.

Desempenho e Recompensas

O desempenho de No More Heroes 2: Desperate Struggle no Nintendo Switch responde muito bem, da mesma maneira que o port do primeiro titulo — Carregamentos de loading mais rápidos, sem censuras de violência, e 60 FPS em modo dock e portátil. Controles de movimento (opcionais) permanecem funcionais, fazendo uso do HD rumble presente nos Joy-Cons. As recompensas por terminar o jogo ausentes do primeiro No More Heroes, agora aparecem por aqui. Após finalizar temos a opção do New Game +, permitindo que o jogador inicie novamente com todas as armas coletadas anteriormente. Além disso um novo modo chamado Death Match é habilitado, onde você pode enfrentar novamente todos os assassinos do jogo. A narrativa que envolve Travis e os assassinos ainda impressiona, principalmente pelo trabalho de voz impecável. A trilha sonora teve um salto significante. Com maior variedade de músicas em relação ao antecessor, a trilha apresenta até vocais em algumas delas — adição que foi muito apreciada por mim.

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Ótimo desempenho!

Referências

No More Heroes 2: Desperate Struggle - O Punk não está morto
Esquadrão Relâmpago Changeman: a infância de muitos resumidos aqui.

As referências continuam dando seu “ar da graça” em No More Heroes 2: Desperate Struggle. O apreço de Suda51 por jogos clássicos de gerações passadas continuam ainda mais fortes. Entre os trabalhos que Travis faz, vemos referências a games da era 8 bits como Pipe Dream (mencionado antes), Adventure Island Seaquest, entre outros. O anime Pure White Lover Bizarre jelly que Travis adora é uma sátira com a animação Pretty Cure, uma série de garotas com super poderes. A jogabilidade do game desse anime ( acessado pela TV de Travis) é uma referência ao Touhou — game criado por fãs lançado no Japão. A batalha de “mechas” pelo 25° lugar do Ranking, não só referencia Tokusatsus (Jaspion, Changeman e Flashman) como também Space Runaway Ideon, anime produzido pela Sunrise em 1980. Criado por Yushyuki Tomino (de Gundam), a animação é focada em robôs gigantes místicos encontrados em destroços de um planeta na Galáxia Andrômeda.

No More Heroes 2: Desperate Struggle - O Punk não está morto
Batalha de Robôs gigantes pela cidade de Santa Destroy.

Edição Especial

Em 2010 (mesmo ano de lançamento do jogo) uma versão especial foi lançada pela Marvelous, a publisher de No More Heroes 2: Desperate Struggle . Limitada apenas ao Japão, a versão Intitulada Hoppers Edition, Incluía o jogo, filme em DVD No More Heroes 1.5 (que preenche a lacuna entre os dois jogos), CD com a trilha sonora e fã book. Uma história em quadrinhos erótica também foi incluída na pré – encomenda desta edição — contendo fotos das personagens femininas do primeiro No More Heroes.

No More Heroes 2: Desperate Struggle - O Punk não está morto
Uma pena não ter vindo para o Ocidente…

Conclusão

Finalizado em cerca de 12 horas, a sequência das matanças de Travis Touchdown acontece de maneira mais rápida, se mostrando mais curta que a anterior. Isso se dá pelas ausências de um mapa desnecessário para percorrer e missões monetárias antes obrigadas a ser concluídas ou repetidas.
Não é exagero dizer que No More Heroes 2: Desperate Struggle melhorou em todos os aspectos tomando base o primeiro título. Com isso podemos imaginar que Suda51 está preparando uma experiência ainda mais impressionante em No More Heroes 3. Ame ou odeie, não pode se evitar a revolução que a série trouxe ao gênero e a relevância de seu personagem principal. Travis já deveria estar em Super Smash Bros Ultimate. Afinal No More Heroes 2: Desperate Struggle é assim: exagerado, elegante e sem pudor.

No More Heroes 2: Desperate Struggle pode ser adquirido na eShop americana pelo valor de $19.99. Ainda não há noticias a respeito de um possível lançamento em mídia física. Vale lembrar também que o jogo tem a classificação etária “M” (Mature: não recomendado para menores de 17 anos).

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[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Admirador do gênero RPG e treinador Pokémon da década de 90. Acredita que música e vídeo games são as válvulas de escape da vida.