Hyrule Warriors: Age of Calamity - Da calamidade à gloria

Hyrule Warriors: Age of Calamity – Da calamidade à gloria

Uma história épica de crescimento e auto conhecimento recheada de ação e aventura!

Num belo dia de setembro estávamos todos tranquilos vivendo as nossas vidas, num ano totalmente atípico devido a Pandemia e a ausência de nossas amadas Nintendo Directs, até que tudo veio abaixo com um simples Tweet. Esse era o momento do anúncio, mais informações sobre a sequência de Breath of… Não, pera aí, não foi isso. Foi sim o anúncio de algo ligado a Zelda, mas não um jogo da franquia principal, mas sim um novo Hyrule Warriors! Porém não nos moldes que vimos no primeiro título da franquia. Estamos falando de Hyrule Warriors: Age of Calamity, totalmente baseado no vasto universo apresentado por Breath of The Wild.

Eu como fã (e acredito que todo vocês também) logo entrei num misto de sentimentos gigantesco! “É um novo Zelda! Mas é um Musou…”, “mas vai se passar no mundo de Breath of the Wild! Mas é um Musou…”, “mas vai contar a história da grande guerra da calamidade! Mas é um Musou..”. Sim! É um Musou e talvez essa tenha sido a melhor escolha feita por parte dos produtores. Vem comigo e você vai entender o motivo.

Um Musou para uma grande Guerra

Hyrule Warriors: Age of Calamity - Da calamidade à gloria

Muitas pessoas não sabem direito do que se trata um Musou, outras ainda tem um preconceito formado sem mesmo conhecer o estilo, então vamos esclarecer algumas coisas de maneira bem rapida. Em linhas gerais (bem gerais mesmo na verdade) Musou se trata de uma espécie de junção entre dois outros estilos de jogos: O Beat ‘n up (Jogo de “briga de rua” estilo Final Fight onde você enfrenta diversos inimigos até chegar em um Boss) e o Hack n Slash (onde o foco é o fato do protagonista ser muito mais forte e conseguir dar conta de vários inimigos fazendo combos insanos). Juntando esses dois estilos nós temos um jogo com muito inimigos (muitos MESMO) para serem derrotados e a possibilidade de fazer combos que vão tirar o folego de qualquer jogador. A maioria das pessoas resume Musou a isso: Jogo de bater em um monte de personagens ao mesmo tempo. Mas existe um fator que diferencia o estilo e faz a jogabilidade ser mais desafiadora: a estratégia. Com mapas muito grandes, jogos Musou geralmente possuem áreas para serem dominadas e assim facilitar a conclusão de objetivos para passar de fase. Assim o jogador precisa fazer uma boa estratégia, controlar, às vezes, mais de um personagem e dar ordens para que consiga realizar as missões a tempo. Não é somente bater em muitos personagens, é saber como enfrentar uma guerra!

E é aqui, depois dessa breve explicação sobre o estilo, que vemos o porquê da escolha desse estilo (e não um Zelda tradicional) para contar os relatos da grande Calamidade. Estamos falando de uma guerra em proporções épicas. Se você, assim como eu, é fã de “O Senhor dos Anéis” pense em batalhas no nível do desfiladeiro do Rohan (inclusive existe uma fase bem parecida) ou mesmo o cerco a Minas Tirith e você terá ideia do que são as batalhas relatadas nessa história. São centenas de hordas inimigas, recheadas de Bokoblins, Moblins, Lynels e por aí vai. Quando me dei conta das proporções dessa história e de como precisaria ser um jogo para nos deixar totalmente imersos nesses relatos, minha mente logo disse “realmente, tinha que ser um Musou”.

Hyrule Warriors: Age of Calamity - Da calamidade à gloria

Essa escolha foi acertada realmente pois se tem algo que Age of Calamity consegue fazer bem é te colocar no meio de um campo de batalha e te dar a sensação das dimensões da guerra que está sendo travada ali; cada espaço conquistado no mapa, cada horda derrotada te dá a sensação de uma vitória real.

A calamidade iminente

Como bem sabemos o jogo traz como proposta contar o que aconteceu 100 anos antes dos eventos de Breath of The Wild. Sabemos superficialmente fatos sobre essa história por meio de lembranças do protagonista encontradas em Breath of the Wild, mas nem tudo está esclarecido e muitos fatores precisam ser contados com mais clareza. Acredito que qualquer entusiasta da franquia iria se empolgar muito com essa proposta de revelar mais detalhes de um mundo tão rico, porém nem tudo ocorre da maneira como a maioria esperava.

Antes de continuar os relatos acerca da história do jogo comunico a vocês que fiquem tranquilos: Não darei spoilers da história além daquilo que está presente nos trailers ou na versão demo disponível gratuitamente para Download. Fiz essa opção pois muito do jogo está atrelada a história e cada detalhe que vai sendo contado faz com que muitos outros pontos sejam discutidos. Isso é uma experiência que, acredito, deve ser vivida de forma inteira e não somente pelo meu ponto de vista nesse review.

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Os relatos contados em Age of Calamity tem seu início no exato momento em que Calamity Ganon é invocado e tudo parece não ter mais solução. Nesse momento icônico da história nossa querida Princesa Zelda consegue despertar o poder da Triforce que estava adormecido em seu interior. Caso você tenha jogado Breath of The Wild sabe que esse fato é decisivo para impedir que Calamity Ganon devore tudo ao seu redor e permitir a Link uma oportunidade para salvar Hyrule. O que nós não sabíamos era que um pequeno Guardião adormecido em uma sala do Castelo de Hyrule também havia despertado por meio do poder da princesa e que, além disso, havia aberto uma fenda temporal e retornado ao início da guerra para ajudar a deter a calamidade.

Esse talvez seja o ponto mais complicado para a maioria dos fãs. Estamos falando de uma história que não acontece necessariamente como os fãs imaginavam, mas sim de uma tentativa de mudá-la. Se irão conseguir modificar os eventos, só jogando para saber. Obviamente essa decisão foi algo, no mínimo, inusitado por parte dos desenvolvedores, porém acredito ser uma opção válida para contar a história por um olhar de quem estava ali no meio da guerra. Estamos falando de um artificio narrativo que pode até não agradar a muitos, mas é plenamente aceitável. Vale ressaltar que viagens temporais em The Legend of Zelda não se trata de algo novo, pelo contrário, já fizeram parte de histórias importantes da franquia.

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Deixando um pouco de lado esse ponto polêmico da narrativa o jogo sabe muito bem contar uma história. As cenas que intercalam as fases além de pequenos trechos narrados nas telas de Loading são muito bem utilizados. Claro que muito disso se deve a bagagem de Breath of the Wild que já havia introduzido os personagens e lhes dado um carisma próprio. Porém arrisco dizer que em Age of Calamity essas histórias foram elevadas a um novo patamar. Ver a relação entre Link, Zelda, Impa e os campeões aqui contadas nos da impressão de um grande filme, cheio de momentos épicos e emotivos. Existem cenas que realmente tocam fundo, mostrando que o legado não só foi respeitado como ainda também foi mais trabalhado, mostrando que o futuro da franquia The Legend of Zelda pode ser tornar cada vez mais detalhado e profundo.

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O Vasto mundo de Hyrule

Como bem sabemos Hyrule é sempre nova em cada jogo de The Legend of Zelda, fazendo com que cada experiência seja única. Em Hyrule Warriors: Age of Calamity, a opção feita foi por manter a Hyrule de Breath of the Wild, uma vez que a ideia é justamente contar os fatos ocorridos na história que precede o jogo. Parece algo simples uma vez que o mundo já existe, porém deve-se levar em consideração todo o trabalho para não só “reconstruir uma Hyrule destruída” (que foi a que conhecemos anteriormente) mas também fazer com que ela seja coerente com o que já havíamos visto. E sim, os desenvolvedores conseguem fazer isso com maestria

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É muito prazeroso poder ver Hyrule em sua glória, com seus grandes castelos, cidadelas e vilas. Chega de só ver ruínas e lugares abandonados. Estamos falando de uma sociedade em seu auge. Tudo foi feito com muito cuidado, fazendo com que os mapas não se tratem apenas de grandes campos de batalha abertos e sem nenhum detalhe, mas sim lugares ricos, com uma natureza viva. Não foram poucas as vezes em que, andando por um mapa e mesmo em meio a uma batalha, pude reconhecer algum ponto específico que já conhecia do jogo anterior. Essas semelhanças não se restringem somente aos cenários, mas também estão presentes nos itens, baús e até mesmo a presença dos Koroks escondidos nas fases.

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Por falar em Mapa, aquele que fomos revelando a cada torre ativada em Breath of The Wild está aqui também presente e sendo utilizado de uma maneira muito inteligente e satisfatória. A cada nova fase concluída você irá desbloquear não só uma fase principal, mas também inúmeros pontos de interesse no mapa. Cada um desses pontos precisa de itens para serem ativados (os itens serão coletados nas missões, podendo repeti-las quantas vezes quiser). Uma vez ativado um ponto de interesse no mapa algo será liberado para você, seja uma melhoria para alguns personagens, novas fases, novos itens ou mesmo outros heróis para serem controlados. São muitos os pontos de interesse no mapa (muitos MESMO) e grande parte do jogo você irá gastar aqui, tentando desbloquear cada um deles e disponibilizar novos pontos.

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Porém a maior das semelhanças e o grande diferencial do Age of Calamity em relação aos demais jogos Warriors está no estilo de batalha.

Se você achava que iria só ficar apertando botões de forma aleatória pode ir mudando de ideia. Age of Calamity traz grande parte dos elementos estratégicos no combate presentes em Breath of the Wild. Esquivas precisas, refletir ataques com escudo e até mesmo usar as runas do Sheikah Slate serão fundamentais para sair vitorioso de um combate. Cada inimigo possui o seu padrão de ataque, sendo alguns mais fáceis de dominar outros um tanto quanto difíceis, mas com atenção e dedicação logo você consegue entender como funcionam. Porém não se preocupe, assim como em Breath of the Wild você escolhe como quer derrotar o inimigo (seja da maneira mais fácil ou mais difícil). Eu, por exemplo, na primeira vez que enfrentei um guardião resolvi encarar ele de frente refletindo cada tiro com o escudo, demorou, mas derrotei. Só depois descobri que existia uma outra forma de derrotá-lo naquela fase. Isso é algo muito positivo pois demonstra que a escolha é sua. Existirão combates onde o tempo é fundamental para concluir uma missão, então pensar na maneira mais rápida de vencer será fundamental.

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Mas nem só de Breath of the Wild vive Age of Calamity, ele possui elementos novos muito interessantes tais como inimigos elementais (o que cobra do jogador saber qual elemento utilizar no combate), o sistema de quebra de defesa de inimigos mais fortes e o controle das Divine Beasts em combate. Sim, você vai poder controlar elas em combates gigantescos… Ou pelo menos era o que queria passar para você. Bem, confesso que o combate utilizando uma Divine Beast é interessante, foge do tradicional e dá um folego na jogabilidade, mas depois da primeira vez simplesmente se torna algo sem graça. Eles tentam dar um ar de batalhas gigantescas, mas elas simplesmente não acontecem por uma limitação técnica: Não dá para colocar milhares de personagens ao mesmo tempo no mapa. Assim você mata alguns grupos e logo falam que você fez 1000 mortes. Quando se joga com um personagem normal a sensação de derrotar exércitos é real, já com uma Divine Beast não consegui ter essa mesma sensação. Não que seja algo ruim, é divertido, mas somente a primeira vez.

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Outro elemento que gostaria de destacar aqui é a trilha sonora do jogo. Eu sou daquelas pessoas que ama trilhas, e sempre busca ouvir com calma as faixas dos jogos (claro, quando elas são boas) e posso dizer que a trilha criada para Age of Calamity é de uma riqueza única. Se em Breath of the Wild temos uma trilha mais calma (ou mesmo inexistente em alguns momentos) aqui temos uma trilha completa cheia de arranjos ousados e profundos. O primeiro Hyrule Warriors usava e abusava de músicas clássicas da franquia com arranjos pesados usando instrumentos eletrônicos, já aqui temos a leveza da trilha de Breath of the Wild que traz elementos orquestrados, mas com uma pegada mais épica, fazendo com que as grandes batalhas aconteçam como se fossem em um filme. Também as cenas fora das fases trazem essas trilhas, porém com uma pegada mais leve e intimista. Sem sombra de dúvidas toda a trilha merece um destaque especial pois foi feita com muito carinho.

Tem muita gente aqui né?

Bem, é chegado a hora que as pessoas mais esperam. Precisamos afirmar: Nem tudo são flores em Age of Calamity. A proposta do jogo é ousada, como bem vimos anteriormente. Ter um mundo vasto e vivo, como o de Breath of the Wild e fazer com que no meio desse belo cenário tenha uma grande guerra sendo travada possui as suas consequências e gostaria de elencar algumas delas.

Começaremos pela câmera. No geral a câmera utilizada no jogo é bem eficaz e altamente responsiva. Você consegue controlá-la livremente nas fases e ter o ângulo que desejar na batalha. O sistema de “Lock”, famoso na franquia, também está presente para inimigos maiores, o que ajuda o jogador a focar no real adversário e deixar um pouco de lado as hordas que não vão lhe dar muita dor de cabeça. Porém em alguns lugares mais “apertados” do cenário, ou então com muitos personagens em volta não será incomum essa câmera meio que se perder, ficando as vezes muito próxima ou mesmo em ângulos ruins em um momento crucial. Não é algo que vai realmente atrapalhar a sua experiência, mas pode ser um incomodo as vezes, principalmente quando ela resolve fazer isso no exato momento de um ataque épico e você acaba vendo a animação em ângulos ruins.

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Isso também se reflete no carregamento de cenário. Por serem muito vastos e ricos em detalhes alguns elementos acabam carregando tardiamente ou então somente quando você se aproxima bastante. Não será incomum você estar numa luta e surgir um inimigo na sua frente sem você ao menos esperar. Sorte que só presenciei isso com inimigos fracos, se fossem com inimigos fortes isso seria um problema real. Eu relevei isso uma vez que se levarmos em consideração a quantidade de elementos presentes no cenário (e elementos vivos, não somente itens estáticos) isso é totalmente aceitável.

Mas o maior problema no meu ver se dá em pequenas quedas de frames em momentos mais críticos. Já na demonstração disponível ao público esse problema foi relatado por muitos usuários. Em momentos de grande quantidade de personagens, ou então muitos elementos de luz e explosões ao mesmo tempo a taxa de quadros caia por um breve instante, mas logo retornava ao normal. Esse problema foi amenizado na versão final, mas continua presente, porém não se trata de algo constante nem que irá prejudicar sua experiencia. Você irá conseguir jogar sem problemas, mas talvez gere um pequeno incomodo. O que já não posso garantir no modo Coop. Nesse modo a queda de quadros é bem mais frequente e o incomodo pode ser maior. Não sou alguém que jogue esse modo, fiz apenas para avaliar e gerou esse incomodo, porém conversando com jogadores fluentes nesse modo me disseram que sim, incomoda, mas que não atrapalha a experiencia. Então fica o alerta: Se for jogar no Coop se prepare para sentir um pouco desses problemas citados. com mais frequência.

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Vale ressaltar o seguinte: Nenhum dos problemas citados atrapalha a jogabilidade. São situações normais e que são frutos de uma limitação de Hardware, o que é totalmente normal. Porém não poderíamos deixar de citá-los aqui, afinal de contas esses defeitos estão presentes no game e em algum momento você irá se deparar com eles.

Uma experiência marcante e divertida

Hyrule Warriors: Age of Calamity vem com a proposta de não só ser um Musou divertido mas também aprofundar na história de Hyrule introduzida em Breath of the Wild. Com mecânicas novas e também uma belíssima direção de arte o jogo não só cumpre seu papel mas também vai além disso, inova em jogabilidade e faz desse um dos melhores títulos do estilo Musou. Sua história rica e encantadora pode não ser aquilo que uma parte dos fãs esperavam, mas analisando ela puramente não é dificil perceber o seu potencial e riqueza. Não podemos esquecer que sim, o jogo possui algumas falhas técnicas, infelizmente, mas nada que apaga o seu carisma e diversão. Sem dúvida o seu legado será lembrado tanto pelos fãs do estilo Musou quanto da própria franquia The Legend of Zelda.

Se você quiser saber ainda mais sobre Hyrule Warriors: Age of Calamity, o Project N Cast tem um episódio especial dedicado ao jogo. Clique aqui para ouvir!

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[Nota do Editor: Hyrule Warriors: Age of Calamity foi analisado de uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Eu sou o Padre Edson, o padre que é fã de joguinhos eletrônicos! Siga-me no twitter, @edson_ribeiro