É injusto comparar Elden Ring e Breath of The Wild? – Minhas opiniões

É injusto comparar Elden Ring e Breath of The Wild? - Minhas opiniões

O mais novo jogo da desenvolvedora japonesa From Software, popular pela série Souls, é lançado hoje. Elden Ring tem a característica marcante de levar os jogos que saíram da série Souls, sequências ou não, para um mundo aberto e com completa falta de linearidade. Por esse processo de mudança para a From Software, Elden Ring sofreu algumas comparações com The Legend of Zelda: Breath of The Wild.

Depois de uma dezena de horas, eu pude criar uma visualização melhor do que realmente seria cabível comparar ou não. Neste artigo, vou trazer as minhas opiniões iniciais sobre o assunto, além de comentar a relação que os jogos da From Software acabaram criando com os fundamentos de Zelda para os jogos modernos.

O FÔLEGO

Zelda Breath Of The Wild's Open World Design May Become The Standard For  The Series

É simplesmente criminoso negar que Breath Of The Wild não tenha tido algum impacto na indústria de forma geral. Após o lançamento do Nintendo Switch em 2017 ser acompanhado do jogo, vimos como muitos referenciavam o console como incerto para os próximos anos pós-lançamento, alegando que é difícil enxergar um bom ciclo de vida quando ele já foi lançado com o que seria um jogo insuperável.

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Peça publicitária que expõe a comparação como algo positivo.

Nós sabemos hoje, no entanto, que o Nintendo Switch é um sucesso de vendas, mesmo com The Legend Of Zelda: Breath Of The Wild ainda sendo considerado o seu melhor e maior título até os nossos dias, cinco anos depois. Indo além, vimos como ele se tornou um jogo tão reverenciado que outras empresas, como a Ubisoft e sua série Fenyx Rising, abordavam claramente um aspecto inspirado em Zelda, e não tinham vergonha disso.

O contudo é que, conforme o tempo foi passando, jogos de mundo aberto e que continham uma direção de arte mais selvagem e amplo numa natureza remota e desconhecida acabavam sendo comparados diretamente com Breath Of The Wild. É o caso, por exemplo, do próximo título do Sonic: Sonic Frontiers.

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Isso gerou muitos debates seria válido ou não usarem repetidas vezes o termo Breath Of The Wild-like para se referirem a novo lançamentos que se enquadravam nessas características. Apesar de não ser para isso que esse artigo serve, ele só mostra que de uma forma, ou de outra, Breath Of The Wild levantou sim uma grande questão quando se trata de jogos de mundo aberto, nos dando novos parâmetros e observando o que poderia ser feito com irônico respiro que o título da franquia Zelda trouxe para o gênero sandbox.

ZELDA E SOULS

Dark Souls 1 - Target Lock In a Nutshell - YouTube
Batalha em Dark Souls, de 2011, usando o Locking, mecânica derivada do Z-targeting.

As comparações entre as franquias não são de hoje. Com o lançamento de Breath of The Wild, jogadores mais modernos e não tão acostumados com o histórico da série, indicavam uma influência de Souls no seu combate baseado num sistema de locking e movimentação constante em volta dos inimigos, para desviar ou achar posições estratégicas para atacar.

Stage Select: Inside the Deku Tree (The Legend of Zelda) - Nintendo Blast
Ocarina Of Time demonstrando Z-target em 1998.

No entanto, esses jogadores não estavam cientes da historicidade desse sistema, pois foi com Ocarina Of Time, o primeiro título em 3D da franquia The Legend Of Zelda para o Nintendo 64, que isso surgiu e simplesmente estava pronto. Não necessitou nunca de aperfeiçoamento, ou qualquer tipo de modernização. Já era perfeito, útil e inspirou a grande parte, se não todos, dos jogos de ação que se seguiram desde então, incluindo Demon’s Souls, que daria início a série Souls.

Vemos que as comparações entre as duas franquias já não é de hoje. Então, o que podemos dizer de Elden Ring? Vale a comparação no seu design de mundo aberto? Sim! Eu tenho mais ou menos umas dez horas de jogo e eu, sinceramente, joguei o suficiente para observar como a From Software não teria desenvolvido esse game como ele é se não fosse por Breath Of the Wild.

The Best Moments in The Legend of Zelda: Breath of the Wild: 11 through 20  | USgamer
Você pode ir a qualquer lugar em Breath of The Wild.

Quando pensamos no level design de Zelda, acabamos por sempre relacionar todos os pontos positivos, e negativos, a imersiva exploração que o jogo traz. Não é de hoje que já ouvimos pessoas falando que simplesmente andavam por um lugar que ficaram curiosos e acharam algo surpreendente. A estrutura de mundo foi criada para que não houvessem barreiras, limites ou qualquer tipo de impedimento para o que a sua vontade queria ao se aventurar por Hyrule. Era muito comum vermos o Eiji Aonuma, produtor e basicamente o pai adotivo de Zelda, falar sobre como era possível você simplesmente ver algo no horizonte e ir até lá para conferir.

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Elden Ring funciona com a mesma premissa. Com o desenvolvimento do jogo baseado num mundo mais coeso com você, e não com o todo, nos encontramos a explorar os mais diversos lugares que pareciam não ter nenhum tipo de circunstância especial. Ir debaixo de uma ponte pode te levar a uma dungeon, e encontrar uma relíquia que vai fazer com que você fique com imunidade a ataques venenosos. Olhar para dentro de uma cabana, casa ou um lugar qualquer remoto, pode te apresentar a NPC’s(personagens não jogáveis) e fazer com que você tenha um leque de novas opções para poder continuar com sua jornada.

Porém, acredito eu que a exploração não é de fato o maior paralelo entre Zelda e Elden Ring. O que mais contribuía para que Breath of The Wild fosse único para mim, e outras pessoas, eram paisagens, ambientações, momentos que eram circundados por uma gama infinita de climas físicos diferentes, como uma longa brisa ou uma tempestuosa chuva, que criavam outro tipo de clima, o emocional. Este era útil por nos fazer sentir quase como se estivéssemos ali, de fato. Os pelos do braço parece se arrepiar ao ver aquela grama alta se dobrar ao vento junto de um grande céu dourado, vermelho e rosa com o deslumbrante pôr do sol de Hyrule.

Sunset at Dueling Peaks (Zelda: Breath of the Wild) : r/gaming
Um magnífico pôr do sol em Hyrule.

Elden Ring não deixa isso de lado. Momentos específicos do jogo são recheados de grande solidão, em que nós nos encontramos no meio de florestas, pântanos(elemento clássico já da série) e outros habitats contendo vida selvagem, inimigos desafiadores e uma clima mutável, que influência na forma como nos sentimos por estarmos no lugar em que estamos. Numa clareira, passei entre gramados altos que se curvavam com um vento forte que, inclusive, carregava a capa que eu usava e me dava a sensação de querer de fato me aconchegar em algo mais caloroso para observar a floreta respirar. Em outro momento, eu estava num pântano bem específico em que o clima é imutável, e nada acontece além da sensação de seca, calor e um ar poluído por coisas putrefatas e nojentas, me fazendo querer fugir dali o mais rápido o possível.

Impressões do Elden Ring: uma mistura do melhor da FromSoftware - T2iD
Um dos momentos de contemplação do ambiente em Elden Ring.

Esses detalhes, mesmo que num jogo que não se mantém com uma performance tão estável no playstation 4 em que eu jogava, são importantes para eu sentir familiaridade com aquele mundo e querer voltar o mais rápido o possível. Enquanto em Breath Of The Wild nós tínhamos o objetivo esclarecido desde o princípio, com Hyrule Castle sendo nosso trajeto final, a grande Erdtree tem esse mesmo foco, além de conseguir funcionar como fonte de luz no jogo, criando paisagens espetaculares que banham o ambiente por completo com uma luz forte, criando sombras projetadas em direções não naturais, neblinas iluminadas de forma etéreas e muitos ambientes com efeitos de partícula que criavam a sensação de sobrenatural.

NO FINAL DAS CONTAS, O QUE ISSO SIGNIFICA?

É notório a necessidade de alguns fãs em precisar da validação de que seus jogos, ou as empresas que os desenvolvem, são os melhores no que são por virem primeiro, criado uma mecânica em específico, feito isso ou aquilo melhor. Contudo, o fato é que nada disso importa. The Legend Of Zelda: Breath of The Wild é simplesmente um jogo muito influente. Isso não vai mudar, e mais ainda, fazer de Elden Ring um jogo inferior ou com menos méritos. Ainda mais quando de fato ele traz mais inserções inovadoras e refrescantes pro gênero que sofre há tantos e tantos anos com a mesmice e o desejo de ser um GTA-Like em diferentes ambientes.

Breath Of The Wild e Elden Ring são dois jogos incríveis pelos seus próprios feitos, criatividade e propostas. Não há por que ficar procurando motivos para denegrir nem um, nem outro. Você que acompanha o nosso portal, provavelmente, já jogou Breath Of The Wild. Afinal, é de fato o jogo mais renomado da Nintendo em muitos anos e, de longe, o mais referenciado. Se não o fez, corra atrás e viva essa experiência. Porém, de uma forma ou de outra, não deixe de conferir suas influências em Elden Ring e tenha uma aventura digna de um jogo da From Software num novo nível de complexidade e imersão.


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um fã de Da Vinci e Miyamoto. Não me pergunte quem é quem.