Molly Medusa: Queen of Spit - Um poço de referências com seu toque pessoal

Molly Medusa: Queen of Spit – Um poço de referências com seu toque pessoal

Poucas semanas antes do lançamento do Jogo Mais Aguardado do AnoThe Legend of Zelda: Tears of the Kingdom tivemos o lançamento de um jogo claramente inspirado no estilo artístico de The Legend of Zelda: Wind Waker.

Estou falando de Molly Medusa: Queen of Spit que foi desenvolvido por apenas uma pessoa, Niklas Hallin, membro da Burning Planet e em parceria com a Neckbolt. Possui uma ótima localização pt-br e é um poço de referências com seu próprio tempero especial no gameplay.

História

O jogo conta a história de Molly (Ou Molinike na versão em português), uma dicípula de Pigmalião que é conhecido por suas esculturas realistas. Ela é tratada com desdém pelo seu professor e faz apenas os afazeres mais básicos e enfadonhos. Porém sua vida muda quando, enquanto corria atrás de ferramentas para seu mentor, encontra Circe, uma ninfa e deusa da floresta que realiza seu desejo, porém não exatamente como se esperava.

Desse momento em diante Molly se torna uma górgona. Uma górgona é um monstro mitológico meio humano e meio serpente do qual a mais famosa é a Medusa, muita vezes retratada como vilã mas não entrarei aqui no mérito da injustiça proclamada contra ela em forma de castigo pelos deuses, deixo essa parte como lição de casa para os amantes, e entusiastas, de mitologia. Voltando ao jogo, para desfazer esse feitiço sobre si, Molly deve viajar pelo grande mar de areia e encontrar as quatro chaves do templo de Circe espalhadas em quatro monumentos da Grécia antiga e então voltar ao normal.

Em seu caminho encontrará uma pedra com rosto sorridente que serve como único companheiro com quem conversar e muitas das dicas do que se fazer vem dos diálogos, ou monólogos, que Molly tem com essa pedra.

Design

Molly Medusa: Queen of Spit é profundamente baseado na mitologia Grega, com um ar artístico próprio mas fortemente influenciado por Zelda: Wind Waker. Quando digo fortemente, eu falo de absurdamente próximo. O design dos personagens seguem a forma Cartoon do Zelda: Wind Waker porem sem o Cell Shading que deixava tudo tão colorido e cartunesco.

Os inimigos são bem pensados, tendo em vista que a mitologia nos trás uma quantidade absurda de modelos e inspirações, tendo até mesmo sua própria abordagem para alguns nomes conhecidos. O tema desértico se sobrepõe ao Grande Mar de Zelda: Wind Waker e um tom sépia permeia boa parte do jogo, exceto em algumas dungeons. Senti falta de interações com NPCs, mas é justificável dada a habilidade de Molly.

As dungeons são curtas, porém muito bonitas e com elementos característicos que diferem muito uma das outras. O que não temos no mundo, temos nas dungeons, além de muitos trechos educativos sobre a mitologia em si.

Trilha Sonora

A trilha sonora é bem executada e com boa resposta. Alguns momentos temos o silêncio para aumentar o suspense ou a temática da sala, outros temos um rock pesado para aumentar a tensão de batalhas.

Alguns inimigos gritam ao te ver, o que por vezes pode assustar mas cai bem com as dungeons e os monstros que nelas habitam.

Gameplay

Aqui tenho que dizer que Molly Medusa me surpreendeu deixando um gosto agridoce na boca.

A começar vamos falar das habilidades da Molly, sendo a petrificação sua principal habilidade que é ativada automaticamente ao se aproximar dos inimigos e NPCs fazendo-os ter contato visual contigo. Porém não todos! Há alguns que não petrificam e contra esses devemos usar outros itens.

Mas uma outra habilidade existente é a de andar nas paredes e isso transforma, e muito, o gameplay e como interagir com as dungeons e com os diversos e criativos puzzles que encontraremos pelo caminho. Para andar nas paredes basta pular em direção a parede e então todo o cenário gira, transformando a parede em chão e assim por diante. Essa mecânica de inicio confunde bastante mas alguns minutos jogando são suficientes para que se acostume. Porém outro cuidado, se estiver andando no teto o céu se torna um “buraco” e cair para cima se torna possível!!

Outra mecânica de gameplay, e essa é o que tira um pouco do doce na boca, é a movimentação de câmera que tem sua base de movimentação no analógico direito mas não de forma livre. A câmera, que em todo o momento segue Molly nos dando a visão em terceira pessoa, tem sua movimentação acionada nos moldes do Nintendo 64 ou jogos da época. Ou seja, não é livre.

É possível ter a visão me primeira pessoa, olhar a redondeza e voltar para o padrão, porém nesses momentos Molly se torna incontrolável e suscetível aos inimigos e ao ambiente.

Segue abaixo mensagem do próprio desenvolvedor à nossa equipe sobre o jogo e sua movimentação de câmera:

Olá! Meu nome é Niklas Hallin e sou o desenvolvedor solo por trás de Molly Medusa. Estou tão feliz que você finalmente poderá jogar meu jogo e experimentar todos as ideias corajosas e bizarras que estou fazendo aqui.

Todo mundo vira pedra! A gravidade vai em todas as direções! Este é um jogo que exige pensar fora da caixa. Uma pergunta que aparece muito é: Por que a câmera não é livre por padrão? Por que é um modo de câmera separado que você precisa ativar pressionando um botão?

Essa é uma peculiaridade tão estranha de um jogo desenvolvido sozinho e pode ser uma decisão de design complicada de entender. Aqui está um pensamento: em grande parte deste jogo, os níveis são configurados de forma que, se você apenas andar para frente normalmente, e permitir que a câmera arraste atrás de você, objetos importantes, pistas visuais e elementos de quebra-cabeça aparecerão naturalmente na tela. Porém se, no entanto, você usar os controles diretos da câmera, é provável que a gire apenas porque pode, e muitas vezes olhará para o lado errado e simplesmente perderá as pistas.

Hoje em dia, uma câmera gratuita é onipresente, mas se você olhar para jogos como Ocarina of Time, Starfox Adventures, Wind Waker, Pikmin, Luigi’s Mansion, Mario 64, e assim por diante… Eles se viraram sem dar ao jogador controle ilimitado da câmera, e em muitos aspectos foram ainda mais fortes para isso!

A livre arbítrio, como dizem, leva ao pecado!

Detalhes Técnicos

Molly Medusa foi lançado dia 20 de Abril pesando 1,5 gb e com uma perfeita localização em português brasileiro. Porém seu preço de R$ 200,00 reais pode afastar boa parte dos entusiastas de jogos indies.

Atualização

O jogo passou por uma revisão na loja e seu preço final foi reduzido pela metade custando agora R$ 100,00 na e-shop brasileira.

Molly Medusa: Queen of Spit - Um poço de referências com seu toque pessoal
Dados Técnicos: Agora com o valor atualizado
Molly Medusa: Queen of Spit - Um poço de referências com seu toque pessoal
Molly Medusa: Queen of Spit
Veredito
Um bom e lindo jogo que é perfeitamente localizado em nosso idioma. Porém pelo seu preço algumas questões técnicas de movimentação e de câmera poderiam ser melhores.
Design
95
Trilha Sonora
80
Diversão
70
Gameplay
67
Custo x Benefício
75
Reader Rating0 Votes
0
Prós
Referências mitologicas
Design dos personagens
Puzzles
Localização em PT-BR
Contras
De início a câmera atrapalha bastante
Valor alto para o tempo total de jogo.
77
Nota Final

[Nota do Editor: Molly Medusa: Queen of Spit foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela GamesBranding em nome da Burning Planet Digital para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Desenvolvedor, gamer, marido e pai de pet. Um fã de Zelda, Monster Hunter, RPGs e Metroidvanias, que ama dar risadas, desenhar, jogar e reclamar que não tem tempo para fazer isso mais vezes.