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Peglin: uma viciante mistura de pachinko, roguelike e RPG

Embora conte com belíssimos títulos na biblioteca, o brilho do Nintendo Switch não está em experiências ultrarrealistas quando comparado a outras plataformas. O brilho do console vem de experiências divertidas nos mais variados gêneros. Peglin, desenvolvido pela Red Nexus Games e publicado pela Blitworks Games, é isso. Uma experiência desafiadora, interessante e muito divertida, que agrega bastante à biblioteca do híbrido da Big N.

Anunciado para Switch durante a Indie World Showcase + Nintendo Direct: Partner Showcase de 27 de agosto de 2024, Peglin é um game criado por um time pequeno, que começou com duas pessoas e terminou com sete. É um indie definido como “Pachinko Roguelike”, e como o termo é inovador, vale explicar antes da análise.

Roguelike”, por ter muitos jogos do gênero, como Hades, Children of Morta, Dead Cells e tantos outros, está mais fácil de ser compreendido: você perde e retorna do início, porém com algum benefício, seja aprendizado, moedas ou itens. E então repete o ciclo até vencer. 

Mas “pachinko” vem do termo japonês para “entretenimento e jogo de azar praticado em máquinas que se assemelham a um cruzamento entre pinball e slot machine”.

Calma lá! Não há apostas ou nada assim. O melhor exemplo para explicar é o jogo Peggle (olha a referência, hein dona Red Nexus Games!), lançado pela Pop Cap Games lá em 2007, e que fez sucesso nos computadores e também na Xbox Live Arcade. Explicando rapidamente: você tem uma bola, e a arremessa de cima para baixo, para que vá acertando outras bolas que estão fixas no cenário, acumulando pontos.

Curiosidade: durante a Nintendo Direct, os desenvolvedores Sienna Blumstengel e Dylan Gedig explicaram que a primeira versão de Peglin surgiu em 2019, durante uma “game jam” em 2019. Na época, o desafio era criar jogos com “quedas”, e por isso eles pensaram na mecânica de física de cima para baixo. Legal, né?

Peglin segue esse conceito, mas eleva a experiência à máxima potência. Isso porque, para além desse aspecto arcade de “acumular pontos”, há muitos elementos de RPG e de roguelike principalmente, com direito a visuais muito bonitos, ambientação medieval fantástica de qualidade e uma trilha sonora que, principalmente no mapa da floresta, lembra muito os sons da franquia Crash Bandicoot.

Tudo se resume a orbes. Arremesse um orbe e ele vai, como manda a cartilha, acumular pontos. Porém esses pontos são, na verdade, a quantidade de dano que você vai causar a um inimigo. Porque sim, as batalhas são grandes lutas como em um RPG de turnos: o número de pontos que você consegue são transformados em um ataque, e na sequência os inimigos revidam, chegando perto de você até acertá-lo com um golpe corpo a corpo, ou então atacando à distância mesmo.

Entram, então, três fatores:

  • Estratégia, porque você precisa entender o que cada orbe faz, bem como a melhor forma de utilizá-los contra cada tipo de inimigo;
  • Sorte, porque você precisa receber orbes e buffs de qualidade, assim como nos melhores roguelikes;
  • Habilidade, porque você precisa calcular a melhor rota para cada arremesso de orbe.

Os dragões têm estourado peglins e roubado todo seu ouro há mais tempo do que se consegue lembrar. Já basta. É hora de se aventurar na floresta, conquistar a fortaleza e ir a fundo no coração do covil do dragão para pegar de volta o que é seu e dar aqueles dragões uma lição.

Os inimigos são fortes, e se você for derrotado seu progresso é perdido, mas você tem orbes com efeitos especiais e relíquias incríveis que influenciam tanto seus inimigos, quanto a física que usará para derrotá-los.
Mire com cuidado para sobreviver nesse ímpar RPG de turno!

Características:

  • Colete e melhore orbes poderosas e relíquias para derrotar monstros e chefes que ficarem no seu caminho.
  • Lute contra inimigos com a jogabilidade Pachinko-like – acerte mais pegs para causar mais dano. Utilize poções de crítico, poções de reparo e bombas sabiamente.
  • Explore uma nova floresta toda vez, com diferentes orbes, inimigos e surpresas no caminho.

Falando em orbes, existem os “padrões”, chamados de “cascalhorbes” que somam poucos pontos, mas o segredo está em encontrar uma solução eficiente com o que lhe é oferecido. Por exemplo, você pode ter acesso a arremessáveis que causam dano em área, que acumulam mais pontos quando acertam as “casas” de dano crítico, que colocam mais um orbe na tela, que espelham o movimento do orbe atual, que geram impactos de choque, em cascata e por aí vai. A lista é grande e uma dica é usar e abusar das bombas disponíveis no cenário.

No início de cada partida, você pode selecionar um entre três buffs, assim como nos melhores roguelikes, e depois pode melhorar seus orbes usando dinheiro, ou então comprar novos, além de acessar a lojinha e adquirir itens entre as lutas.

O elemento roguelike se faz presente no mapa, já que cada partida será diferente, pois os caminhos se ramificam de distintas maneiras, fazendo com que os cenários, como a floresta, que é o primeiro da aventura, apresente batalhas e enigmas diferentes.

Além de batalhar contra inimigos “normais”, você também pode enfrentar “chefes” e tentar a sorte em enigmas como “chacoalhar uma árvore”, em que você pode ganhar um orbe extra ou ser prejudicado. E você tem pontos de vida, então é preciso administrar isso e até mesmo se curar para evitar a morte. Resumindo: Peglin é um pachinko completo, um roguelike completo e um RPG completo.

Dificuldade e custo x benefício

Peglin é desafiador na mesma medida em que é legal e viciante. Cada partida – ou cada “run”, para usar o termo mais adequado a um roguelike – dura em média 40 minutos no início do jogo, ou seja, até você pegar o jeito. E é preciso ter em mente que você vai fracassar várias e várias vezes.

Sim, essa é a essência de um roguelike. Porém faz falta um modo puzzle, arcade mesmo, para jogar sem se preocupar com a progressão “rpgzística”. Seria um modo “endless”, ou seja, para jogar até onde você durar, prevalecendo apenas a parte do pachinko. Como não há isso, é preciso, durante todo o tempo, lidar com as mecânicas de RPG, o que ora pode frustar e ora pode simplesmente te fazer perder mais do que você queria. Em outras palavras, a dificuldade é alta, o que é bom, mas vale o aviso aos curiosos.

Já sobre o custo x benefício, considerando que há uma versão gratuita disponível para celulares Android, os R$ 99,90 cobrados na eShop brasileira do Nintendo Switch ficam amargos… Mas não entendam mal, o jogo super vale este valor, até mesmo porque o fator replay é alto, existem conquistas e personagens desbloqueáveis, além de um bestiário completo que dá gosto em preencher, o que é feito derrotando os inimigos repetidas veze até ganhar pontos de “pesquisa”.

Uma dica pode ser encarar a versão de celular como uma “demo”. E se gostar, pode comprar, porque o conteúdo é praticamente infinito.

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Peglin
Veredito
Peglin é um "pachinko roguelike", ou seja, é um jogo de puzzle que apresenta elementos de RPG com maestria, criando uma experiência divertida e viciante, embora desafiadora, que consiste em arremessar orbes de cima para baixo. Vale a pena, pois é simples mas faz tudo muito bem e representa um gênero que tem poucas entradas no mercado, ainda mais opções tão ímpares e inovadoras.
Design
100
Trilha Sonora
70
Diversão
100
Gameplay
100
Custo x Benefício
70
Reader Rating0 Votes
0
Prós
Gameplay viciante, que mescla elementos de pachinko, roguelike e RPG
100% em português brasileiro
Altíssimo fator replay
Fácil de jogar, difícil de masterizar. Ou seja: bom para todos os públicos!
Contras
Alta dificuldade
Falta de um modo arcade/puzzle/endless
80
Nota Final

Peglin is a “pachinko roguelike”, that is, it is a puzzle game that masterfully presents RPG elements, creating a fun and addictive, although challenging, experience that consists of throwing orbs from above. It is worth it, as it is simple but does everything very well and represents a genre that has few entries on the market, even more so with such unique and innovative options.

[Nota do Editor: Peglin foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Blitworks Games para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Jornalista especializado em cultura e apaixonado por games desde que se entende por gente