Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu

Penny’s Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu

E se desenvolvedores que trabalharam em Sonic Mania decidissem criar um novo jogo de plataforma, mas dessa vez em 3D, com elementos de Super Mario, Kirby e Sonic, é claro? Isso, meus amigos, é Penny’s Big Breakaway, disponível para Nintendo Switch.

Três palavras definem muito bem o que este jogo, desenvolvido pela Evening Star e publicado pela Private Division, tem de melhor: criatividade, inovação e velocidade. É como o próprio Sonic diria: “You gotta go fast!’, mas ao invés de controlar um ouriço azul, você contra Penny, “uma artista de rua sonhadora com um plano para se tornar uma estrela”.

A história é toda diferente e começa “quando Eddie, o Imperador, convoca novos artistas para a corte do palácio”. Penny vai participar, mas “acaba se enrolando em uma apresentação que ela jamais esquecerá”, pois acidentalmente faz com que o imperador fique só de cueca, e então “um encontro de outro mundo com um Fio Cósmico transforma o ioiô da Penny em uma criatura viva com fome de guloseimas (e de caos)”.

O ioiô é fundamental, aliás. É com ele que Penny “vai fugir do exército de pinguins do Imperador e desvendar o mistério do Fio Cósmico”.

Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu
Plataforma 3D de qualidade – Foto: Reprodução

Plot explicado, vamos ao gameplay, que realmente gira (olha o trocadilho!) em torno do ioiô. Quando a fase começa, você precisa fazer tudo o que se espera de um jogo de plataforma 3D: pular, dar pulo duplo e ir avançando, mas também muito mais. 

Isso porque o ioiô serve como arma, para atacar inimigos; como pulo extra, já que permite que você se pendure no ar, como uma espécie de “skate” em que você sai rolando em alta velocidade; e ainda como power up, já que você pode utilizá-lo para conseguir um martelo que quebra tudo, um hambúrguer que lhe concede potência e outros alimentos que vão te dar boosts temporários.

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Exemplo de um power-up que na verdade é um alimento! – Foto: Reprodução

O segredo dessa inventividade toda está na velocidade. Nada de sair por aí andando, fazendo tudo com calma e calculando milimetricamente cada passo ou pulo. O que funciona mesmo é a velocidade, é pegar impulso, é sair girando o ioiô de maneira que no começo pode parecer confusa, mas que não demora a ficar instintiva. 

E o jogo te dá um empurrãozinho para sair correndo. Lembra que o Imperador está atrás de você, e vai enviar um exército de pinguins? Pois bem. No meio das fases, às vezes em locais inesperados, uma horda de pinguins vem atrás de você. E sabe como a Penny foge? Correndo, porque não dá para eliminá-los!

Ou seja, o jogo vai te “forçar” a correr, mas é para seu bem. Afinal, é assim que a experiência foi pensada, e inclusive há um modo “contra o tempo” para que você se preocupe apenas com a velocidade.

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É impressão minha ou a Penny tem inspiração no rato-canguru, que é muito rápido e vive no deserto? – Foto: Reprodução

No final de cada fase, você sobe em uma plataforma ao melhor estilo “bandeira do Super Mario”, e a depender da altura alcançada, pode participar de um mini game de ritmo. Penny dança, lembra? Ela é artista – e das boas!

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Bônus de artista! – Foto: Reprodução

Elementos de Collectathon

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Use o ioiô para fazer manobras, para se locomover, para atacar e muito mais – Foto: Reprodução

No início do jogo, quando você está em “Baunilhópolis” (sim, toda a experiência está disponível em português do Brasil!), a dificuldade está relacionada a entender os comandos, masterizar as possibilidades de uso do ioiô e fazer com que Penny avance até o final das fases (o jogo segue o esquema clássico de “Mundo 1 – Fase 1”, “Mundo 1 – Fase 2” e assim por diante, até que eventualmente venha um chefe – leia mais sobre eles abaixo).

No meio do jogo, a dificuldade fica mais voltada à velocidade e agilidade, pois uma vez que os comandos do ioiô estão claros, o jogo te incentiva a torná-los um instinto, quase como se você não precisasse pensar para apertar os botões na ordem certa.

E depois dessa etapa, quando a velocidade está imposta, a dificuldade se volta a um elemento muito comum nos jogos da série Kirby, principalmente no título mais recente, Kirby and The Forgotten Land, e também nos jogos da série Mario, principalmente em Super Mario 3D World: os coletáveis. (Além disso, há também grande semelhança na câmera entre esses títulos).

A partir de certo ponto, passar das fases, desviando dos pinguins e de suas armadilhas, dominando o uso do ioiô e tudo mais, não vai ser mais o principal desafio. O obstáculo verdadeiro será alcançar as mais altas pontuações e concluir tudo o que cada fase te propõe.

Cada cenário conta com três itens coletáveis escondidos, e você precisa explorar para encontrar. E não é só isso: existem sempre três NPCs que te pedem pequenas tarefas, como levar um item para outra pessoa, se exibir fazendo grandes manobras nas rampas com o ioiô, ou então pegar determinados itens em um tempo curto.

Mas para encontrar tudo isso e para cumprir com tudo isso, não dá pra ir tão rápido, né? Então já sabe: o fator replay está no fato de que você vai querer passar a fase rápido uma vez, mas também vai querer voltar uma ou mais vezes para coletar tudo e fazer a pontuação máxima.

Qualidade em ambientação, música e arte

Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu
As cutscenes parecem ter saído de um desenho animado – Foto: Reprodução

Esqueça os campos verdejantes típicos de um Mundo 1, ou as planícies congeladas do que seria um Mundo 2. Penny’s Big Breakaway foge do senso comum e apresenta uma estética única, com cores vibrantes e estilo artístico que às vezes lembra movimentos como o cubismo, o futurismo e até mesmo a psicodelia, usando e abusando de laranja, roxo, verde e azul em formas inusitadas.

Nos jogos da Nintendo o que mais chega perto é o Luncheon Kingdom de Super Mario Odyssey, mas aqui é ainda mais diferente. É como se os desenvolvedores quisessem desconstruir o que se tem como “padrão” em jogos deste tipo.

Vale acrescentar que o universo todo é baseado em humor non sense leve, ou seja, para todas as idades. E isso me lembrou Katamari Damacy, até mesmo porque em uma das fases há uma bola gigante feita de pinguins.

Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu
Olha a bola de pinguins aí. Fuja como se estivesse em Crash Bandicoot – Foto: Reprodução

E me lembrou também Ape Escape, mas ao invés de capturar os macacos, aqui a gente foge deles, que na verdade são pinguins. E não se engane: as armadilhas que eles plantam são fatais!

De volta aos visuais: embora seja uma mistura muito incomum de visuais, ambientação e estética, é tudo muito coeso. O universo de Penny’s Big Breakaway faz muito sentido, agrada quem está vendo e surpreende ainda mais quando se descobre que este é o primeiro jogo da desenvolvedora Evening Star. E o que eu falei no começo é verdade: parte da equipe de Sonic Mania esteve presente na concepção desta nova propriedade intelectual, incluindo o diretor de arte, Tom Fry.

Outro nome que vale ser mencionado é o de Tee Lopes e Sean Bialo, compositores envolvidos na belíssima e frenética trilha sonora e que já trabalharam antes em jogos como Sonic Mania e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge.

A música ora tem ritmo que lembra Splatoon, ora em Sonic, ora tem claras influências em jogos 8 e 16 bits, ora vai mais para o rock, ora mais para o instrumental oriental… São muitos ritmos e gêneros contidos na trilha, o que casa perfeitamente com o rico universo criado.

Criatividade até nas batalhas contra chefes

Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu
Um chefe inusitado, hein – Foto: Reprodução

Penny’s Big Breakaway se sai bem onde normalmente os jogos de plataforma 3D vão mal: as batalhas contra chefes. Logo na primeira delas, você precisa girar o analógico direito para apertar um parafuso. Bem criativo!

E depois tem outra luta que consiste em desviar dos ataques do inimigo e depois jogar uma espécie de bilhar, acertando as bolas na caçapa até vencer a partida.

Não vale dar mais spoilers das lutas, mas vale dizer que esses momentos não são repetitivos ou simplistas, e sim divertidos e marcantes.

Apetite voraz: o grande apetite do Ioiô renderá recompensas ainda maiores com os poderes das guloseimas! Use essas delícias para o Ioiô se transformar temporariamente, ganhando habilidades para ficar mais rápido, proteger a Penny e muito mais!

Viaje pelo mundo: fuja do enorme exército de pinguins do Eddie, o Imperador, que persegue você por todo o planeta! Esses pássaros desengonçados que não sabem voar patrulham salões, destroem paredes para atravessá-las, e não descansarão até pegar você! Ajude cidadãos ao longo do caminho e explore seus arredores espetaculares para escapar dos seus perseguidores.

Pede bis: você terá diversos modos de jogo para jogar! Mostre a sua habilidade realizando combos e acumulando multiplicadores no Modo História. Encare um desafio derradeiro contra o tempo e domine placar no Modo Contra o Tempo. Troque moedas por itens bônus, fases secretas e outros extras desbloqueáveis.

Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu
Que tal fazer o melhor tempo nas fases? – Foto: Reprodução

Público alvo e Custo x benefício

Pennys Big Breakaway é um ótimo, um excelente jogo. Mas por apresentar certas características da franquia Sonic, não é para todos. O que quero dizer é: aqui, a precisão de pulos e a progressão natural, ou seja, do “ponto A para o ponto B”, ficam em segundo plano. A diversão do game está muito mais contida na velocidade, e na progressão fora do comum, em que hora se vai para frente, ora para cima, ora para os lados.

É como se o jogo tivesse a necessidade de se reafirmar enquanto experiência distinta, ímpar, o que de maneira alguma é ruim, já que a execução vem com maestria. Mas fica muito distante do que se considera “padrão”, e caso você esteja procurando um jogo mais “pé no chão”, além dos grandes títulos da Nintendo eu recomendo dois brasileiros: Kukoos: Lost Pets e Raccoo Venture.

Porém, se você quer a experimentação, a inovação, e está disposto a mergulhar em uma obra de arte que vai pelo caminho oposto do que a indústria costuma apresentar, pode confiar em Penny’s Big Breakaway, que sim, vale os R$ 146,50 cobrados, já que contém mais de 13 horas de conteúdo para quem busca completar os 100%.

E dica: o jogo está em promoção na data da publicação desta review, saindo por R$ 96,69 na eShop brasileira.

Penny's Big Breakaway: um plataforma 3D diferente de tudo o que você já viu
Penny's Big Breakaway
Veredito
Penny's Big Breakaway é um jogo de plataforma 3D criativo, inovador e rápido. Os visuais são únicos, a trilha sonora é ótima e a jogabilidade apresenta mecânicas que não têm medo de fazer diferente. O resultado é uma experiência divertida e bem humorada que se destaca pela qualidade.
Design
100
Trilha Sonora
100
Diversão
70
Gameplay
70
Custo x Benefício
80
Prós
100% em português brasileiro
Mecânicas inovadoras e criativas
Boas batalhas contra chefes
Visuais únicos e de qualidade
Contras
Alta velocidade e ritmo frenético podem atrapalhar a experiência de alguns jogadores
84
Nota Final

Veredict

Penny’s Big Breakaway is a creative, innovative, and fast-paced 3D platformer. The visuals are unique, the soundtrack is great, and the gameplay features mechanics that aren’t afraid to do things differently. The result is a fun experience that stands out for its quality.

[Nota do Editor: Penny’s Big Breakaway foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Private Division para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Jornalista especializado em cultura e apaixonado por games desde que se entende por gente