Rune Factory: Guardians of Azuma marca uma nova (e incrível) fase da franquia, trazendo mecânicas inéditas e uma estrutura que se afasta da fórmula clássica dos títulos numerados. Apesar de manter elementos centrais como agricultura, relacionamentos e combate, o jogo aposta em uma abordagem mais direta de RPG de ação com gerenciamento de vila, o que deve agradar (e muito) fãs de jogos nesse estilo, como Fantasy Life.


A jornada em Azuma
Em Guardians of Azuma, você assume o papel de um Earth Dancer (uma figura com conexão profunda à natureza e às forças espirituais) que é convocado para ajudar na reconstrução de algumas vilas destruídas por calamidades mágicas. O mundo está fragmentado por uma corrupção que tomou conta das chamadas “áreas assombradas”.
Guiado pelos Cinco Deuses Elementais, o protagonista tem como missão enfrentar monstros, purificar regiões corrompidas e desvendar as origens desse mal. Ao mesmo tempo, é necessário reerguer a vila, recrutando e gerenciando moradores que contribuirão para o progresso da vila. Esse nível da vila funciona como uma pontuação, sendo necessário colocar construções e decorações para subir de nível e consequentemente desbloquear novas áreas utilizáveis, novos itens e aumentar a capacidade de abrigar mais villagers, criando um ciclo de expansão que recompensa a dedicação do jogador.

Durante a jornada, você explora ruínas, florestas, montanhas e cavernas, descobrindo fragmentos do passado e pistas de uma força ancestral que ameaça a estabilidade do continente. A narrativa é complementada por relacionamentos com os habitantes da vila, incluindo a possibilidade de desenvolver romances. A estrutura do jogo permite liberdade, no qual jogador pode alternar entre combate, desenvolvimento da vila, aprimorar relação com os habitantes, e exploração no seu próprio ritmo.
As Quatro Vilas e o Céu de Azuma
Um dos aspectos mais fascinantes de Guardians of Azuma é a divisão do mundo em quatro vilas temáticas: ‘Primavera’, ‘Verão’, ‘Outono’ e ‘Inverno’, cada uma com sua própria ambientação. Algumas sementes e itens só crescem ou estão disponíveis em vilas específicas, respeitando as estações que representam. Essa estrutura sazonal traz diversidade ao jogo e também na ambientação, incentivando o jogador a visitar e evoluir cada vila individualmente.


Complementando o mapa terrestre, há também ilhas flutuantes no céu, acessíveis à medida que o jogador avança e desbloqueia novas habilidades. Essas áreas celestes oferecem recursos valiosos, desafios adicionais e recompensas únicas, funcionando quase como mini-dungeons. O sistema de voo e exploração vertical pode lembrar mecânicas vistas em jogos como The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, mas com a identidade visual e ritmo próprios da série Rune Factory.
Domínio Elemental e Ferramentas Especiais
A progressão em Azuma está fortemente ligada ao desbloqueio de habilidades por meio de uma árvore de habilidades. Nela, o jogador investe pontos para aprimorar técnicas de combate, eficiência em tarefas como cozinhar, e, principalmente, o uso de ferramentas elementais únicas.


Cada ferramenta desbloqueada serve tanto para seu uso em batalhas como utilidade na exploração e no cultivo. Alguns exemplos dessas ferramentas elementais únicas:
- Espada Flamejante: usada tanto em combate quanto para acender tochas em puzzles.
- Leque Vento: funciona como arma de ar e também pode ser usado para colher múltiplas plantas ao mesmo tempo.
- Guarda-chuva Elemental: além de servir como no combate, permite planar por curtas distâncias e também é utilizado para regar plantações com eficiência.
No jogo existem diversas outras e o desbloqueio gradual delas também serve como motivação adicional para o avanço da história e evolução da vila.
Gestão e Decoração de Vilas
Assim como em jogos como Fantasy Life, My Time at Portia e Animal Crossing, a gestão da vila é uma das principais tarefas do jogador em Guardians of Azuma. Você passará muitas horas decorando, alocando villagers e aprimorando os ambientes das vilas sazonais.
Cada villager possui um custo para a sua manutenção (retirado do seu dinheiro), mas também gera lucro ao realizar tarefas específicas. Há villagers mais eficientes na pesca, outros na agricultura ou mineração, e certas construções só podem funcionar quando há um morador com a habilidade necessária, como, por exemplo, um ferreiro qualificado para trabalhar na forja.


Durante a exploração do mundo, o jogador encontra estátuas e altares que desbloqueiam receitas exclusivas de decoração e culinária. Essas decorações não são apenas estéticas: contribuem diretamente para o nível da vila e também melhoram alguns status, como por exemplo a eficiência de coleta de madeira da vila. Esse sistema cria um ciclo envolvente: quanto mais você explora, mais itens decorativos e utilitários você desbloqueia, o que permite personalizar as vilas de maneira única, fortalecer a economia local e aumentar o nível da vila como um todo.
Romance e Representatividade
Um dos elementos mais queridos da franquia Rune Factory retorna em Guardians of Azuma: o sistema de romance. O jogo permite que o jogador desenvolva relações afetivas com diversos personagens, independentemente do gênero escolhido para o protagonista, mantendo o compromisso da série com a representatividade.



Ao todo, são dezesseis personagens casáveis, cada um com rotinas únicas, personalidades distintas e linhas de eventos próprias. À medida que o jogador interage com os pretendentes, é possível oferecer presentes, participar de eventos sazonais e desbloquear cenas especiais de romance, aprofundando os laços com o personagem escolhido.

Vale destacar que há uma DLC paga chamada Seasons of Love, que adiciona histórias românticas específicas para dois personagens que fazem parte do elenco base de casáveis. Para desbloquear esses cenários de romance com Cuilan e Pilika, é necessário adquirir esse conteúdo adicional.
Conclusão
Guardians of Azuma é uma evolução interessante dentro da série Rune Factory. Neste jogo, a mudança de foco é clara: a exploração e o crescimento das vilas estão no centro da experiência, enquanto a agricultura, que antes era uma das mecânicas mais importantes da franquia, foi deixada em segundo plano. Isso deixa o jogo mais direto e acessível, principalmente para quem está chegando agora. Um ponto que merece ser citado é a falta de tradução para o português, a ausência do nosso idioma pode ser uma barreira para muita gente.
Os elementos que tornaram a série tão querida continuam por aqui: relacionamentos, combate, coleta, plantio e crafting. Só que agora tudo é mais prático e menos travado. A gestão das vilas é o que mais chama atenção, com um sistema bem feito e bastante intuitivo. Também vale elogiar a mecânica de companions, que permite formar times com NPCs e monstros domados, o que deixa a aventura bem variada.
O sistema de romance continua legal, mas o fato de alguns personagens só estarem disponíveis por meio de DLC (como Cuilan e Pilika) pode incomodar quem esperava tudo no jogo base. Vale mencionar que o jogo chega com uma DLC gratuita da Sakuna. A personagem, vinda do jogo Sakuna: Of Rice and Ruin, se junta ao jogo trazendo sua habilidade ligada ao cultivo de arroz, tema central do título original. Sakuna ajuda nas tarefas da vila de outono e ainda pode ser adicionada ao grupo como uma companion.


O jogo foi lançado no mesmo dia da chegada do Nintendo Switch 2 (5 de junho), e trouxe junto uma versão aprimorada para o novo console. Esse upgrade custa 40 reais para quem já possui o jogo no Nintendo Switch original. Com ele, a experiência melhora bastante: os tempos de carregamento são muito mais rápidos, o que impacta diretamente no ritmo do jogo, e os gráficos ganham em nitidez e suavidade. Eu testei as duas versões e posso dizer que a diferença no Switch 2 é bem perceptível. Ainda assim, é importante destacar que o jogo roda muito bem no Switch original. Não chega a ser um problema, mas quem tiver acesso à nova versão vai sentir uma diferença positiva.
No fim, Guardians of Azuma é um jogo que respeita o que a série tem de melhor, mas também arrisca com novas ideias. Pode não agradar todo mundo de cara, mas tem tudo para conquistar novos fãs e mostrar um caminho interessante para o futuro da franquia.
Guardians of Azuma stands out as the most unique entry in the series, and that’s a good thing. While staying true to the charm that made Rune Factory so beloved, it introduces engaging village management and a more streamlined structure that puts exploration and combat front and center. It may not be the franchise’s most complex installment, but it’s easily one of the most enjoyable to play.
Even without Portuguese language support, the game delivers a delightful, charismatic, and visually appealing experience. Its release alongside the Nintendo Switch 2 also included a paid upgrade that brings notable visual and performance improvements.
Nota do Editor: Rune Factory: Guardians of Azuma foi analisado no Nintendo Switch 1 e 2. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Marvelous USA para avaliação.]
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