A era do Nintendo 64 foi marcante na indústria e principalmente na vida de muitos que hoje já são adultos. Com jogos como Banjo-Kazooie e Donkey Kong 64 um subgênero de plataforma carinhosamente chamado de Collectathon (Collect + Marathon) ganhou força e preencheu aquele período do mundo dos jogos. Se baseando muito nesse subgênero, a Zockrates Laboratories trouxe à vida uma gema incrível que nenhuma toupeira de Riverside ousaria ignorar, Ruff in the Riverside traz o amor pelo período mencionado com mecânicas atuais e entrega um jogo muito equilibrado e bem humorado.

Referencias
Como mencionado, referencias gráficas e de gameplay estão presentes de forma carinhosa como uma menção honrosa a todos os collectathons que preencheram nossos dias ao longo da era N64. Gex, Banjo-Kazooie, Donkey-Kong 64, Super Mario 64 e Paper Mario estão por todo lado. Desde os designs dos personagens à todas as texturas usadas em jogo.
História
Seja bem vindo à Riverside, um lugar incrível repleto de vida com um grande e iluminado letreiro e lar de seres incríveis como os tímidos Etois, Toupeiras, Ursos, Corvos, Corujas, Abelhas e toda uma fauna própria. Nesse lugar maravilhoso encontramos Ruffy, um urso super animado, de capuz verde, que adora estalar os dedos e possui uma habilidade ímpar, ele pode copiar as texturas do mundo e colar em objetos dando a eles novas propriedades.


Ruffy vive na cidade com seu tio trabalhando numa espécie de loja de quadros onde ele troca as pinturas dos clientes por outras segundo seus gostos particulares e certo dia Senhor Eddler a Toupeira vem a seu encalço dizendo que precisa dele pois Ruff possui uma habilidade única que pode ajudá-lo a encontrar as mais preciosas e maravilhosas gemas. Mesmo sem entender direito o que está acontecendo, Ruff e Pip, seu amigo zangão, seguem Eddy em busca dessas gemas preciosas chamadas Bolas de Gude!
Ao investigar essas maravilhosas gemas, aprendemos que possuem um poder incrível de alterar a realidade ao seu redor sendo capaz de transformar água em lava, areia em neve, metal em madeira e muitos outros milagres. Sr. Eddler é um inventor, escavador, professor, pesquisador, historiador e mineralogista de mão (ou pata) cheia, e enquanto você o ajuda a consertar seu equipamento um grande tremor acomete Riverside e de dentro de um portal interdimensional no céu surge Groll, um ser cúbico antigo que começa seu ataque à aquela terra engolido todas as Bolas de Gude que encontra para recuperar seu poder.



Agora que Groll está a solta descobrimos também que Riverside não é apenas uma terra encantadora, mas também um local onde repousa a maior Bola de Gude de todas, no miolo do mundo, e o Letreiro de Riverside serve como um protetor e monitor de como essa Bola de Gude está. Porém agora que Groll voltou e atacou todo o lugar, o Miolo do Mundo corre sério risco e caberá a Ruffy e Pip recuperar as letras do letreiro de Riverside e derrotar Groll antes que seja tarde de mais…
Gameplay
Assim como nos jogos de referência, Ruffy and the Riverside possui um mundo vibrante com construções e plataformas que nem sempre fazem sentido, mas estão ali para permitir o avanço de Ruffy enquanto busca restaurar o letreiro de Riverside. Aqui a grande dinâmica te é apresentada nos primeiros minutos do jogo quando enquanto em queda livre temos que ativar a TROCA (Swap em inglês) e devemos copiar a textura de uma parede de vinhas e colar ela na cachoeira, permitindo assim que subamos e nos salvemos da queda sem fim.
Troca e Puzzles
Essa habilidade de Troca permite que copiemos e colemos QUASE tudo que podemos ver e interagir no cenário. Madeira, água, areia, metal, vinhas, gelo, etc… Mas não se limita à isso, também é possível copiar e colar caracteres, padrões, cores e muito mais. Tudo para conseguir vencer os quebra-cabeças e desafios que aparecerão diante de ti.
E por quebra-cabeças, eu devo acrescentar que são muitos os puzzles que estão no jogo, mas nem todos são obrigatórios. Como um bom jogo plataforma recheado de colecionáveis, muitos dos puzzles servem justamente para encontrar Pedras de Runa, Etois ou Borboletas. Todos esses três são colecionáveis não obrigatórios e cujo desafios envolvem padrões escondidos no próprio cenário.



Já no decorrer da história os desafios por vezes possuem alguma informação ao redor que entregam como solucionar a questão, basta explorar com atenção pois as vezes até mesmo alguns tipos de inimigos podem ser copiados para ter a solução.
Outra dinâmica usada é a física dos materiais em suas texturas. Madeiras boiam, metais são mais pesados do que pedra, palha é leve e quando você aplica esses elementos pensando em sua física poderá garantir acesso a novos lugares escondidos.



Para usar a Troca você deve pressionar o botão ZL para copiar algo e enquanto manter pressionado o mundo fica em câmera super lenta. Ao pressionar o botão ZR você pode colar o que copiou em elementos do cenário. Você pode copiar areia e colar no mar, gerando um mar de areia movediça, ou copiar madeira e colar e cada bloco de pedra que ver bloqueando seu caminho, assim podendo quebrar e ir em frente. Porém para colar há um tempo limite, o que entretanto para de contabilizar caso você utilize o MultiColar pressionando ao mesmo tempo ZL e ZR. Em ambos os casos uma ótima opção que não implementada seria o uso do giroscópio dos controles para mirar aonde copiar e colar, que agilizaria muitas etapas e resoluções.
Se a troca não resolve…
As vezes alguns inimigos aparecerão diante de ti e embora não seja esse o foco do jogo, também temos combates necessários. Para isso Ruffy tem consigo suas boas e fortes patas de urso e pressionando Y desce bons tapas e sopapos em quem tiver na sua frente. Isso também serve para destruir caixas e interagir com alguns objetos. Caso segure Y você soltará um golpe rodopiante, ao clássico estilo de The Legend of Zelda e pulando e pressionando A você dará uma bundada no chão, semelhante ao golpe que temos em Super Mario 64.
Nostalgia boa, mas cansativa
Elementos nostálgicos e a nossa própria memória costumam nos enganar bem, não de forma prejudicial, mas normalmente de forma cansativa. Ruffy and the Riverside explora muito bem a nostalgia dos plataformas 3D da década de 90, porém com muitos vai-e-vem para chegar ao objetivo. Vá até o local no mapa, mas pra acessar você precisa achar fulano e pra isso resolver um puzzle e depois descobrir que o item não está ali, está acolá e para pegar precis voltar lá na cidade do inicio, mudar algo e voltar… Coisas que eram comuns nos jogos mas a nostalgia escondia e a memória não fez questão de armazenar.
Movimentação fluída combinada com texturas retrô
Devo dizer que na minha experiencia, aqui ficou um gosto agridoce de inicio que depois melhorou e muito. Ao ver as texturas imaginei uma movimentação mais lenta e cadenciada, porém me surpreendi positivamente ao ver o quão rápida é a dinâmica e a movimentação em geral. Mas mentalmente aquilo não pareceu correto, senti de inicio um certo desconforto como se houvesse uma falta de sincronia entre o que eu via e como eu jogava, mas isso era por pura expectativa e nostalgia, depois de jogar um pouco mais essa sensação se dissipou e tudo normalizou voltando a trazer diversão a cada descobrimento.
Design e Trilha Sonora
Mexer com elementos retrô em um jogo retrô é algo homogêneo e natural, mesclar (ou talvez o termo seja atualizar) uma estética retro com mecânicas modernas exige muito mais cuidado. E somando isso a um trabalho precioso desenhado à mão, você tem um milagre em seu Switch. Não por capacidade gráfica, mas sim por equilíbrio de jogabilidade.


Mesmo com um ou outro engasgo de câmera o jogo é extremamente fluido e envolvente. Os NPCs são animados e com frequente movimentação, mesmo sendo de “papel” como em Paper Mario. Até mesmo o preenchimento de muitos lembra algo pintado com canetinha.



Quanto aos menus, aqui já acho que faltou um pouco mais de lapidação. São simples mas cheio de informação com uma fonte pequena ao jogar em modo portátil o que dificulta a leitura e gera um incômodo visual. Incomodo que também me surgiu no mapa com o tamanho de alguns elementos e confesso que também tive um desconforto com a animação em standby de alguns personagens. Acredito que seja proposital a “falta de frames” na animação para dar um ar mais desenhado ou simples.. mas pareceu errático as vezes e me incomodou de início, porém desaparece no decorrer.



A música é feliz e bem animada durante 90% do tempo, o que me gerou um pouco de cansaço algumas vezes (acho que estou ficando velho), mas combina muito bem com o ambiente e com o jogo em si. Todos os personagens principais tem uma vozinha e todos os textos estão muito bem localizados.
Detalhes Técnicos
Ruffy and the Riverside é um jogo família perfeito para nostálgicos ou para introduzir novas pessoas nesse universo. Está custando o especifico valor de R$111,54 reais na eshop brasileira no momento em que escrevo essa matéria. O que considero um valor um pouco elevado pela entrega geral e o tempo de jogo total. Se jogado com foco na história principal leva pouco mais de 12 horas para finalizar.

Ruffy tries, and succeeds to some extent, in blending nostalgic textures with a faster and more current gameplay, delivering a fun, well-localized, and striking game that will certainly appeal to the old guard and can be a great starting point for new players.
Nota do Editor: Ruffy and the Riverside foi analisado em um Nintendo Switch e Nintendo Switch 2. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Zockrates Laboratories para avaliação.]
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