Há alguns anos, eu estava procurando novos gêneros de jogos ou tipos de narrativas que realmente me encantassem, além dos clássicos e das fórmulas mais batidas, como jogos de turno, RPGs de ação e aventura. Foi então que me deparei com Atelier Ryza, o primeiro da trilogia. Comprei na eShop dos EUA mesmo, embora achasse que não seria para mim. Esse pensamento vinha de um preconceito bobo, enraizado em nossa sociedade: um jogo com uma protagonista feminina que não seguia o molde clássico dos RPGs.
Até então, eu não via a série Atelier com grandes olhos, sempre fazendo alusão a algo mais cozy. E, apesar de eu adorar jogos nesse estilo, achava que aquele não era para mim, sempre deixando de lado as oportunidades de joga-lo quando poderia.
Para minha surpresa, acabei jogando todos da franquia. E agora, tive a honra de jogar Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & Envisioned Land, antes do lançamento e poder trazer pra vocês uma percepção mais aprofundada do game. O mais surpreendente é ver uma série já tão longeva continuar lançando títulos tão curiosos e bons. Atelier Yumia não tenta te prender por horas em menus ou em atividades repetitivas e cansativas. A desenvolvedora Gust, juntamente com com a publisher Koei Tecmo, entrega uma aventura simples, leve, cheia de descobertas e com uma gameplay deliciosa.

Não joguei outros Atelier além da trilogia Ryza, mas parece que a Gust soube aproveitar os elementos que deram certo em Ryza e aprimorá-los aqui. O jogo traz uma série de interações interessantes entre a equipe e a protagonista, além de um desenvolvimento pessoal muito cativante. Yumia Liesfeldt é uma alquimista em uma era em que a alquimia é proibida — ninguém mais sabe praticar essa arte. E, apesar de não ser bem vista, ela é recrutada por uma instituição para investigar ruínas de um antigo império, em busca de respostas e de uma forma de melhorar a vida de todos. Só por esse enredo, a história já conquista.
Há muito tempo existiu o reino de Aladiss, que prosperou e dominou tudo ao seu redor graças ao poder da alquimia. No entanto, algo aconteceu, e a nação acabou dizimada. Agora, exploradores e pesquisadores vasculham os vestígios dessa civilização, tentando entender o que realmente ocorreu.
A jornada de Yumia para descobrir a verdade nesse mundo isolado há centenas de anos se entrelaça com a história da alquimia, revelando memórias antigas que mostram o que aconteceu antes mesmo de sua aventura começar. A busca pela verdade acontece através de combates em tempo real e exploração de áreas de tamanho médio, sempre com a sensação de descoberta e progressão.

É nessa jornada que entra Yumia. Após perder a mãe e descobrir que descende de uma linhagem de alquimistas, ela decide se unir a um grupo expedicionário em busca de respostas sobre o que aconteceu com o reino de Aladiss. Uma verdadeira jornada de heroína, que explora temas como medo, pertencimento, preconceito e o desejo de se provar.
Mas não é só Yumia que brilha — o jogo também traz pequenas inovações à série. O sistema de alquimia está mais refinado e intuitivo, enquanto o combate evolui em relação ao que vimos em Ryza. Agora, a dinâmica em tempo real permite dar comandos e movimentar Yumia dentro da área de batalha, alterando o alcance de seus ataques e tornando o combate mais estratégico e envolvente.
Na parte da exploração, Atelier Yumia apresenta um ótimo mapa extenso, repleto de itens para coletar. Um detalhe muito legal é o cajado-rifle que Yumia carrega, permitindo interagir com o ambiente de formas criativas. O jogo segue a fórmula clássica da franquia: exploramos mapas semiabertos, completamos missões, enfrentamos monstros, coletamos recursos e aprimoramos nosso atelier. Mas tudo isso com um toque de frescor, que deixa a experiência ainda mais prazerosa.

Sobre a alquimia em Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land, o jogo mantém sua marca registrada, mas de forma mais simples e acessível. Eu senti que consegui realizar alquimias com muito mais facilidade do que em Ryza — não sei se por já estar familiarizado com o sistema ou porque o próprio jogo te conduz de forma mais direta e prática. A criação de itens acontece de maneira rápida, bastando adicionar núcleos e ingredientes, cada um com suas próprias características que alteram o resultado final. Além disso, esses elementos possuem ressonâncias que, quando combinadas, geram ainda mais benefícios para o produto criado.
Uma novidade interessante em Atelier Yumia é o modo de construção. Agora, podemos usar a “alquimia do prego e martelo” para criar móveis, ferramentas, enfeites e até casas inteiras! Em zonas de construção grandes ou pequenas, o jogo oferece muitas possibilidades para criarmos um espaço com a nossa cara. Ainda assim, confesso que o sistema de construção pode parecer um pouco rígido às vezes, causando certo estranhamento — principalmente porque é necessário mover a própria Yumia para posicionar e construir os itens.

Na parte visual, o jogo traz um misto de sensações. Apesar da estética de anime muito bonita, algumas texturas deixam a desejar. Em certos momentos, o jogo parece um pouco desfocado, mas nada que atrapalhe a gameplay ou a experiência geral. Por outro lado, a parte sonora é excelente: as músicas são agradáveis e a dublagem é perfeita. A única pena é não termos o idioma português, então prepare-se para ler bastante.
Atelier Yumia mostra como a Gust conseguiu alcançar um novo patamar com uma franquia inédita. É uma experiência simples, mas que entrega um JRPG divertido e envolvente. Se pudesse dar uma sugestão, diria que você pode começar a série Atelier por aqui sem medo. É uma enorme satisfação jogar esse game, seja pela narrativa envolvente, pelo elenco carismático ou pelo sistema de combate dinâmico e divertido, que apresenta um bom nível de profundidade.
Atelier Yumia ainda se beneficia do equilíbrio entre simplicidade e atenção: as mecânicas principais, como a alquimia, foram simplificadas, mas continuam exigindo estratégia e cuidado. Isso torna a experiência não só satisfatória, mas também mais madura do que qualquer jogo anterior da série.
Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land, in this writer’s humble opinion, was a recipe for success, in which all the high-quality parts made up for the ones that weren’t so high. Fans of the franchise will love it, rest assured, but I believe the game is a good choice for anyone who enjoys the genre, and a great option for new players.
Nota do Editor: Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Koei Tecmo para avaliação.]
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