O gênero Metroidvania tem ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos, especialmente com o sucesso de títulos como Ori e Hollow Knight. Esses jogos ajudaram a revitalizar a fórmula clássica consagrada por Metroid e Castlevania, inspirando uma nova geração de desenvolvedores e atraindo um público fiel ao estilo. Com tantas opções de qualidade surgindo nesse cenário aquecido, é compreensível que Bō: Path of the Teal Lotus possa passar despercebido em meio a nomes de peso. Mas acredite: este jogo tem qualidades únicas que merecem sua atenção!
A história de Bō: Path of the Teal Lotus é simples, mas cativa pela forma como é apresentada. Tudo começa com uma cena marcante: uma flor celestial chamada Tentaihana cai dos céus e repousa sobre uma flor de lótus, é nesse momento que conhecemos Bō, uma criatura que lembra uma raposa. Embora a narrativa principal não tenha tanta profundidade ou reviravoltas, o universo ao redor compensa com folga. O mundo do jogo é riquíssimo em ambientação, e os personagens são carismáticos e bem construídos. A imersão é tamanha que você sente vontade de explorar cada canto e conhecer todos os habitantes dessa jornada mística.
O jogo foi publicado pela Humble Games, que o descreve como “um jogo de plataforma de ação com elementos Metroidvania”. No entanto, o estúdio Squid Shock Studios entrega aqui algo mais leve, um verdadeiro “Metroidvania-lite“. Bō é relativamente linear, com mapas menores e uma dificuldade consideravelmente mais acessível do que a de títulos como Hollow Knight. Podemos dizer que ele funciona quase como uma versão “easy” do gênero, mas isso não significa que o jogo não tenha seus méritos.
O grande destaque de Bō está em sua gameplay, que foge do convencional. O sistema de combate é acrobático: os golpes e combos são realizados principalmente no ar. A cada ataque aéreo bem-sucedido, você ganha um salto extra, o que permite se manter flutuando por mais tempo e engatar sequências de golpes rápidas e vistosas. Esse estilo de luta dá ao jogo uma identidade própria e proporciona momentos de pura fluidez em meio aos combates.
Para complementar os golpes aéreos de Bō, você pode contar com os Darumas ,pequenos artefatos que lembram brinquedos místicos e concedem habilidades especiais durante o combate. Cada Daruma possui uma função única e pode ser aprimorado para se tornar ainda mais poderoso. Entre os efeitos disponíveis, há Darumas que disparam labaredas de fogo, realizam cortes rápidos de samurai, lançam bombas ou até invocam espinhos no campo de batalha, e isso é só o começo.
A dica aqui é simples: colecione todos os Darumas que puder e experimente cada um para descobrir qual combina melhor com o seu estilo de jogo. Essa variedade ajuda a manter o combate dinâmico e cheio de possibilidades.
Além dos Darumas, Bō: Path of the Teal Lotus também conta com os Omamori, itens que lembram pequenos saquinhos de chá, uma referência visual charmosa e coerente com a estética do jogo. Eles são equipados enquanto você descansa em barracas de chá, que funcionam como pontos de salvamento e recuperação de vida.
Os Omamori funcionam como melhorias passivas, oferecendo bônus diversos: aumento de dano enquanto você está no ar, redução de dano recebido, mais agilidade nos movimentos e várias outras combinações possíveis. Com uma boa seleção de Omamori, é possível moldar o estilo de combate do Bō, tornando-o mais forte, resistente ou veloz de acordo com sua preferência. Isso adiciona uma camada estratégica interessante à jornada.
Pode soar um pouco estranho ao descrever, mas a verdade é que a gameplay de Bō é extremamente satisfatória. Após um breve período de adaptação aos golpes aéreos, os combos começam a fluir naturalmente, e o uso dos Darumas se torna parte intuitiva do combate. Essa combinação se mostra especialmente eficaz durante as batalhas contra os chefes, que são um dos grandes destaques do jogo.
Os chefes impressionam não apenas pela criatividade nas mecânicas, mas também pelo design visual marcante. Um dos que mais me encantaram, por exemplo, é claramente inspirado na Kitsune, um yokai do folclore japonês, uma criatura mística com várias caudas, cheia de simbolismo. É esse tipo de cuidado artístico e cultural que faz o universo de Bō brilhar ainda mais.
Aproveitando o gancho do design dos chefes, é impossível não exaltar o estilo artístico de Bō: Path of the Teal Lotus. O jogo é simplesmente deslumbrante, com cenários vibrantes e ricamente detalhados, todos inspirados na estética tradicional japonesa. Cada nova área visitada é uma experiência visual à parte, sempre trazendo algo que encanta e surpreende.
Essa beleza visual é acompanhada por uma trilha sonora igualmente envolvente, que reforça a atmosfera mágica do jogo e torna a exploração do mapa ainda mais prazerosa. A combinação entre arte e música cria uma ambientação única, que convida o jogador a desacelerar e apreciar cada detalhe da jornada.
Apesar de todas as qualidades que Bō: Path of the Teal Lotus apresenta, o jogo também tem seus pontos fracos. Ele é consideravelmente curto para um Metroidvania, e sua baixa dificuldade pode fazer com que a jornada termine ainda mais rápido — especialmente para quem já é fã do gênero. Não chega a ser um defeito grave, mas, em relação ao preço, pode desanimar alguns jogadores.
Atualmente, o jogo custa R$ 117,45 na Nintendo eShop, um valor um pouco acima da média para títulos do gênero, e promoções ainda são raras. Outro ponto negativo, especialmente para o público brasileiro, é a falta de suporte ao idioma Português tupiniquim, o que pode afastar quem prefere jogar com total compreensão da narrativa e dos menus.
Ainda assim, se você é fã de Metroidvanias, Bō é uma experiência que vale a pena. E mais: para quem está começando no gênero, este jogo serve como uma excelente porta de entrada — com uma curva de aprendizado acessível, um universo encantador e mecânicas diferenciadas que ajudam a entender a essência de um Metroidvania antes de encarar os desafios mais complexos que o estilo pode oferecer.
Bō: Path of the Teal Lotus is an excellent Metroidvania for newcomers to the genre. With its accessible difficulty and shorter length, it’s a very inviting experience for less experienced players. The aerial combat is incredibly satisfying, the visuals are stunning, and the soundtrack is spectacular, enhancing the overall exploration. However, the price might feel a bit high for what the game offers, especially when compared to other titles in the genre.
