A franquia de jogos de Pokémon está entre nós desde 1996, praticamente 26 anos de uma fórmula de bastante sucesso, amada por muitos e (recentemente?) odiada, por seguir um mesmo padrão, por outros jogadores, ainda que esse ódio continuasse se transformando em vendas dos jogos. Chegamos em 2022 e o lançamento de Pokémon Legends: Arceus está prestes a acontecer, e pelo que podemos perceber, este é o momento em que a franquia tem a chance de dar um salto revitalizante. Mas, como foi o processo para a franquia chegar até aqui e o quanto Pokémon Legends: Arceus pode se refletir para a próxima geração de jogos da franquia?
Antes de falar sobre Legends: Arceus (e já adiantando que não entrarei em muitos detalhes sobre o jogo em si, já que o site trará uma análise específica para isso), que tal voltar um pouco no tempo e descobrir detalhes que fizeram da franquia um tremendo sucesso?
Pokémon Red e Blue foram lançados fora do Japão pela primeira vez em 1998 para o Nintendo Game Boy. Naquela época já existiam muitas franquias de RPGs por turno famosas nos consoles de mesa, e inclusive já existiam alguns jogos com algumas mecânicas de captura de monstros, como por exemplo Shin Megami Tensei, mas a Nintendo tinha uma coisa diferente e especial para mostrar aos jogadores, uma aventura completa, com monstros de bolso repletos de carisma para capturar e levar para onde você quiser, além da possibilidade de trocar monstros com seus amigos e batalhar contra eles. Pokémon se tornou um sucesso absoluto de vendas e críticas, e foi daí que nasceu uma fórmula que seria usada pelos próximos… bem, praticamente 26 anos.
A mecânica Pokémon
A mecânica dos jogos principais vinha sendo (re)utilizada até os dias de hoje, sendo essencialmente um JRPG onde você consegue capturar os monstrinhos que encontra nas famosas graminhas, ou nos mares e rios, explora diversos ambientes, como cidades e cavernas e possui uma equipe de até 6 pokémons para progredir na história, batalhando contra líderes de ginásios e outros NPCs que encontrava pelo caminho.
Com relação ao Game Boy e aos primeiros jogos da franquia, a Game Freak conseguiu utilizar o hardware do Game Boy de forma muito inteligente, uma vez que ela quando se tratava das batalhas, ela precisou criar apenas 302 sprites estáticos diferentes, 151 Pokémons de frente para o jogador e 151 de costas para o jogador durante a batalha, enquanto a mágica realmente acontecia através de diversos outros aspectos do game, como trilha sonora, animação dos golpes e movimentos na tela. A implementação de batalha e troca de Pokémons através de um cabo também foi essencial para que a franquia se destacasse das demais, e lançamentos passaram a acontecer com 2 jogos sendo lançados ao mesmo tempo, cada um com suas peculiaridades, como alguns Pokémons que estavam disponíveis em uma versão e em outra versão não, a evolução de alguns desses acontecendo apenas através de troca, entre outras mecânicas que poderiam variar entre as versões.
Os anos foram passando…
Claro, com o passar do tempo os jogos foram trazendo suas novidades e particularidades, como a introdução de novos Pokémons, shiny, golpes e tipos na segunda geração, a adição de naturezas e habilidades na terceira geração, entre outras coisas que ao longo do tempo foram mudadas ou acrescentadas, mas tudo isso seguindo o modelo base da primeira geração.
É incrível pensar como algumas mudanças demoraram para acontecer, por exemplo, apenas em 2010 o jogo trouxe uma história mais densa e sprites totalmente animados nas batalhas com Pokémon Black / White (que eu amo muito, inclusive!). Nessa época inúmeros outros jogos (inclusive no próprio Nintendo DS), já traziam esse tipo de coisa há um bom tempo. Apenas em 2013 a Game Freak puxou o jogos mais para o 3D com o 3DS, afastando um pouco apenas da visão isométrica que os jogadores tinham (que em alguns momentos de Black / White já aconteciam, e de uma forma espetacular, diga-se de passagem), além de ser a primeira vez que os monstrinhos receberam modelos totalmente 3D na franquia principal, e mesmo a Nintendo já trabalhando com esse tipo de modelo em outros jogos desde 2000, sabemos que a franquia principal (desenvolvida pela Game Freak) só era lançada nos portáteis, e que eles traziam algumas limitações que não permitiram (ou não fazia parte do conceito artístico deles) isso acontecer antes.
Pulando para a geração 8, o caso de Pokémon Sword / Shield é bem peculiar, uma vez que a Game Freak tentou dar um passo a mais para a liberdade dos jogadores com a Wild Area (que inclusive eu adorei), mas que gerou bastante controvérsias, não só pelas texturas das árvores estarem em baixíssima qualidade, mas também porque muitas pessoas gostariam de experimentar a liberdade da Wild Area em outras sessões do jogo, então podemos dizer que a empresa foi muito conservadora ao implementar essa mecânica.
Outra crítica pesada a Pokémon Sword / Shield é com relação a Pokédex. Até a geração anterior, todos os novos e antigos monstrinhos de todas as gerações estavam disponíveis para captura, que acabou sendo reduzido no jogo lançado para o Nintendo Switch em 2019. Apesar de alguns monstrinhos terem voltado junto com as duas DLCs lançadas em 2020, ainda ficaram muitos de fora. E talvez reduzir o número de pokémons disponíveis tenha se tornado algo recorrente na franquia…
Chegamos no… presente?!
Tudo isso nos faz chegar em Pokémon Legends: Arceus. De cara você já percebe que muitas mudanças aconteceram aqui, como um sistema de enormes áreas para explorar, tal como Monster Hunter, e apesar de não ser algo tão livre quanto Breath of The Wild, estamos muito mais perto disso do que dos jogos anteriores.
O jogo também não traz todos os pokémons da franquia de volta, implementar e balancear quase 1000 monstrinhos poderia fazer com que outros aspectos do game fossem menos trabalhados, inclusive fazendo com que diminuísse a qualidade geral do jogo. Eu posso estar completamente errado, mas eu não vejo o próximo jogo principal da franquia trazendo todos os pokémons de volta de novo, e sim mais variações regionais, que eu considero algo bem interessante e traz um sentimento de características únicas para aquela região!
Eu diria que a Game Freak teve bastante coragem de levar esse desenvolvimento para frente, uma vez que é a partir desse jogo que provavelmente vamos abandonar quase completamente a forma como jogamos Pokémon, pelo menos da franquia principal. Não sei com relação aos remakes, o próximo é o Black / White e eu não faço ideia de para qual direção eles irão levar esse jogo, mas espero que seja algo mais aberto como vimos em Arceus. O fato é que a Game Freak observou todo o passado da franquia e sentiu que poderia mudar, dar um passo a mais. Ela sabe que após tantos anos, mesmo com todas as críticas, a franquia ainda consegue fazer com que uma legião de jogadores queira capturar todos eles, mas também acho que entendeu que mudar é necessário!
Seria sonhar demais esse ano já tendo novidade sobre a próxima geração de Pokémon? Do lançamento de X/Y para o Sun/Moon foram três anos de diferença, e é claro que a Game Freak já está trabalhando em uma nova geração de monstros (não só de bolso agora), mas o que vocês acham? Veremos a geração 9 em breve?
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