É apaixonante ver jogos retrô, e aqueles em perspectiva isométrica são ainda mais os favoritos de muitos. Demonschool, desenvolvido pela Necrosoft e produzido pela Ysbryd Games, é um jogo que mistura RPG com simulador de cotidiano e estratégia, estrelado por um grupo de jovens desajustados em uma faculdade peculiar localizada em uma ilha remota.
Faye, a protagonista, é a última de uma longa linhagem de caçadores de demônios. Ela tem uma visão que prevê o apocalipse na forma de uma invasão demoníaca e está determinada a impedir que isso aconteça, junto com os alunos — inicialmente relutantes — que ela convence a se juntar a ela.
Demonschool funciona em um ciclo de exploração, conversa, luta: avançar na história principal faz o dia progredir da manhã para a tarde e, finalmente, para a noite, geralmente com uma batalha separando cada segmento. Conforme os dias e semanas avançam, os habitantes e as atividades da ilha também mudam. Quase sempre há um novo NPC com quem bater um papo.

Explorar a ilha entre cada missão revela muito sobre a construção da narrativa, já que a conversa com os NPCs revela detalhes interessantes sobre o mundo. Os diálogos, sempre novos, motivam a ir a todo canto para garantir que tudo esteja sendo bem explorado e absorvido. Infelizmente, o jogo possui muito texto e carece de um lugar para compilar todos os registros, sem falar que não está localizado em português. Mas Faye é bastante cativante, e a ideia de apocalipse, demônios, “assim na Terra como no céu”, e a graça nos diálogos espirituosos ajudam bastante.
Demonschool possui um número razoável de personagens jogáveis — um pouco mais de dez — sem contar os secundários. Porém, nem todos os caçadores brilham igualmente, uma consequência infeliz de um elenco grande. A melancólica Namako e Mercy, por exemplo, são apresentadas logo no início ao grupo, mas no caso de Mercy não há tanto desenvolvimento.
Infelizmente, se você espera um design de criaturas realmente assustador ou algo que faça jus ao nome “demons”, não é aqui que encontrará. Os inimigos vão desde demônios formados por agrupamentos de televisores, um esqueleto enorme ou vários peixes malignos — coisas simples assim. A trama é descomplicada e fácil de prever desde o início, então a pressão para manter o interesse recai sobre o que acontece ao redor dos principais momentos da história.
Há uma série de buscas por objetos possuídos por demônios em áreas com exploração limitada e poucos personagens importantes com quem interagir, o que significa que cabe à escrita e às personalidades marcantes dos personagens impulsionar a narrativa.

Mas, como dito antes, os personagens não totalmente desenvolvidos fazem parecer que alguns diálogos ficam completamente sem sentido. Um exemplo é quando Faye está em um horário em que não há mais ninguém à vista e vê um estudante caindo do telhado. Lá só estavam ela e os gângsteres, mas no dia seguinte Faye pergunta se alguém viu o menino caindo, sendo que apenas ela e um grupo seleto estavam presentes. Ou seja, não faz sentido ela perguntar aos outros que não estavam lá.
O elenco principal de Demonschool é uma coleção de características, e o jogo faz questão de deixar claro que Faye e Destin são meio tolos. Grande parte das falas deles é escrita partindo do pressuposto de que você achará isso engraçado, quase como se o jogo quisesse ser um anime daqueles. As expressões dos personagens na arte até ajudam, mas chega uma hora em que isso cansa.
No combate, os membros do grupo se dividem basicamente em quatro categorias: lutadores padrão focados em causar dano, usuários de phaser que atravessam fileiras de inimigos e saem do outro lado, curandeiros para manter todos com a vida cheia e personagens com habilidades únicas. Faye pode levar até três amigos com ela, e o grupo compartilha uma reserva de pontos de ação. Quanto mais um personagem é usado, mais pontos são consumidos. É preciso um equilíbrio delicado para garantir que todos desempenhem bem seu papel.

A verdadeira beleza do sistema de batalha de Demonschool está na forma como ele é dividido em fases de planejamento e ação, permitindo manobrar passo a passo para prever as consequências antes que elas ocorram. Você pode desfazer movimentos, embaralhar as peças e recuar até ter chutado e socado o máximo de demônios possível. Depois de elaborar a estratégia a seu gosto, basta apertar o botão e assistir a tudo se desenrolar de uma só vez, como dar corda em um carrinho de fricção. Eliminar grupos inteiros de demônios com apenas algumas ações — ver veneno iluminando a tela e explosões vaporizando inimigos em efeitos pixelados — é como encaixar a peça final de um quebra-cabeça.
Demonschool também sofre com alguns pontos narrativos mal construídos. Alguns eventos de interação com os companheiros sequer revelam algo sobre o personagem com quem Faye conversa, já que o jogo coloca a protagonista no centro das atenções sem realmente desenvolver sua personalidade de forma significativa. Há momentos ocasionais de profundidade ou insights inesperados, mas eles acontecem tarde demais e com tão pouca frequência que falta incentivo para se importar com eles quando finalmente aparecem. Somados a alguns bugs visuais e sistemas pouco intuitivos — que às vezes fariam qualquer um desejar um tutorial mais detalhado para mecânicas como habilidades e relacionamentos —, senti que estava sendo retirado da experiência.
Cada batalha também possui um número recomendado de turnos para vencer e ganhar um bônus, além de exigir que você elimine um certo número de inimigos para ativar um ritual de selamento. Aqui, há margem para erros no equilíbrio entre esses dois objetivos caso você queira obter a pontuação máxima, e embora o recurso de retroceder alivie um pouco a pressão do planejamento, o incentivo ainda é pequeno.
Demonschool has quite satisfying combat, although the narrative falters at times, and the tutorials are not very intuitive. The game strives to provide characters you’ll want to talk to; I would only ask for a more comprehensive translation, localized for example, in Brazilian Portuguese. The game is perfectly appealing due to its theme and charming pixel art and isometric style.
Nota do Editor: Demonschool foi analisado em sua versão de Nintendo Switch. A chave do jogo foi gentilmente cedida pela Ysbryd Games para avaliação.]


















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