Este é o Momento para Skyward Sword

Este é o Momento para Skyward Sword

Viajar pelos céus. Não num avião, mas no nosso Nintendo switch. Com o mais recente anúncio de Skyward Sword HD agora isso é possível. Não vou comentar sobre os recursos implementados, melhorias não aparentes e muito menos o preço que foi sugerido para o relançamento dessa pérola do Wii. E eu sei que só por estar chamando de pérola já causa muitas sobrancelhas subirem igual uma gangorra com alguém de mais de cem quilos em um lado e o oposto estando vazio. Mas sejamos honestos: Zelda sempre será Zelda.

Mas de fato, não é porque estamos falando de um Zelda que podemos desconsiderar o contexto e a época. A franquia, no lançamento da aventura que serviria de “Silmarillion” para toda aquela jornada de vários jogos, vinha passando por um período de crise criativa bem difícil, onde os moldes estavam muito fixados e o próprio produtor (que lá pelas terras do Sol nascente, é um cargo mais responsável que um diretor por si só), Eiji Aonuma, admitiu sofrer com os esforços infrutíferos de tentar trazer novidades a série. Principalmente com o lançamento não tão recente prévio a Skyward Sword, The legend Of Zelda: Twillight Princess.

Já disse e repito: Zelda sempre será Zelda. Então, Twilight Princess ainda é um jogo acima da média, mas sabemos que ele não é uma nota 99, como os títulos anteriores a ele vinham sendo aclamados, e sim uma nota 90. E eu entendo os que tem um certo receio ou um trauma com o jogo, afinal, é como jogar uma evolução natural de Ocarina Of Time, lançado em 1998. E de fato, eu sempre considerei muito mais o Twilight Princess como uma sequência direta de Ocarina que a própria sequência lançada em 2000, Majora’s Mask.

Ali, já tínhamos indícios de uma fórmula estabelecida, e de certa forma, chegando ao seu ápice, mas que começava a preocupar. Algo diferente havia sido tentado com The Wind Waker, lançado originalmente para o GameCube, mas de maneira nenhuma ele deixou de sair de certos moldes ou da estrutura base que foi estabelecida pelos jogos anteriores. Mas com Twilight a situação era mais séria. Apesar de ser aplicada com excelência, muitos pontos do jogo indicavam que já aqui tínhamos uma coluna bem estabelecida que se ficasse muito tempo só nos reparos, iria se manter firme, mas iria se tornar só mais uma coluna bonita do templo de jogos da Nintendo. E Zelda sempre teve a característica de ser uma coluna diferente e mais charmosa, que não só ajudavam a sustentar, mas embelezavam mais ainda o grande panteão de títulos exclusivos da empresa.

Olha o quanto falamos das eras anteriores ao lançamento de Skyward Sword. Eu posso afirmar com certeza que havia dois tipos de jogadores no lançamento do exclusivo de Wii no ano de 2011: Exaustos e que já esperavam mais uma compra certeira, mas nada demais, e os empolgados com as novidades que esse jogo prometia por tornar a jogabilidade completamente intrínseca ao hardware do Wii e sobre como ele enriqueceria a mitologia da série de forma extremamente estrutural. Este com certeza foi o tipo de jogador que mais incentivou Aonuma a criar Breath Of The Wild no futuro.

A quantidade de jornalistas/jogadores que se diziam decepcionados pela falta de uma abordagem mais fresca com Link, Zelda e Hyrule formou uma onda tão grande que a pressão sobre o próximo título fez com que houvesse inúmeros adiamentos prévios ao seu lançamento.

 Previsto originalmente para 2015 com lançamento para o console da Nintendo que até então decepcionava muito nas vendas, o WiiU, Breath Of the Wild saiu apenas no começo de 2017 e causou um estardalhaço na indústria que sentimos os efeitos da sua influência pouco tempo depois em jogos bem variados. No ano de 2020, tivemos o lançamento de Immortals: Fenyx Rising(Ubisoft) com seus trailers já referenciando o grande jogo da Nintendo que revolucionou a forma como vemos jogos Sandbox, comumente chamados de “Jogos de mundo abertos”. Mas basicamente são jogos em que você se encontra num espaço determinado em que você pode andar livremente por todas as áreas sem de forma alguma serem necessárias algum tipo de tela de carregamento para a transição de uma para a outra.

Mas qual foi o impacto disso? O que isso fez com a comunidade que tem o amor pela franquia enraizado nos moldes tradicionais?

Uma extrema carência pela experiência tradicional foi criada nos corações de muitas pessoas. Mas principalmente, por aqueles que se achegaram a série da Nintendo após Breath Of The Wild. Eles experimentando pela primeira vez uma experiência Zelda por esse título acabam não se sentindo talvez parte da comunidade, já que há a necessidade de correr atrás de outros consoles da Nintendo para conseguia jogar os títulos anteriores. Por exemplo, Twlight Princess, Wind Waker, Ocarina Of time, Majora’s Mask e o já citado no título, Skyward Sword estavam disponíveis no Virtual Console, uma espécie de loja virtual para jogos de consoles anteriores da Nintendo, disponível no WiiU.

Mas se tratando do Switch, apenas Breath Of The Wild estava disponível para compra ou uso, como representante oficial da Série. Com a chegada do serviço online, um dos benefícios era o acesso aos jogos de Nintendinho (N.E.S), o primeiro console da Nintendo que tinha jogos bem simples em 8-bits, mas revolucionários, que dava acesso aos dois primeiros jogos da série: O The Legend Of Zelda original, lançado em 1986 no Japão. E sua sequência, Zelda 2: Adventure Of Link, lançado originalmente em 1987 na terra do Sol Nascente. E com a adição do Super Nintendo (S.N.E.S), pode-se ter acesso também ao título 2D mais famoso da série: A Link To The Past. Mas todas essas entradas aos moldes clássicos da série não foi a mesma coisa para muitos jogadores. Eles entenderam de onde veio a base, mas ainda não tiveram aquela experiência de entender de certa forma a Experiência Definitiva de Zelda.

Mas em 2019, houve esperança. O grande clássico do Gameboy, que já havia sido refeito para o Gameboy Color, voltava numa versão definitiva e com grande releitura de estética, jogabilidade e design. The Legend Of Zelda: Link’s Awakening era a volta triunfal da série para sua base de dungeons, cavernas com muitos quebra-cabeças e chefes criativos, e seu grande mundo aberto a exploração disponibilizando várias missões que envolviam diálogos, traz e leva itens, músicas temas e o principal: Um Link vestindo verde. Mas será que foi o suficiente? Saciou os fãs?

Posso afirmar que surpreendeu a todos a grande qualidade do jogo, mas definitivamente não foi a sensação que todos procuravam. Apensar de ser uma pedra angular para as construções da base do que viria se tornar o jogo referência, Ocarina Of Time, Link’s Awakening está longe de ser uma experiência definitiva para o que seria proposto lá atrás pelo grande pai da série, Shigeru Myamoto, e principalmente pelo pai de criação, Eiji Aonuma, já citado. Cadê a Princesa Zelda, que dá nome ao jogo? A Master Sword? Hyrule? A sensação de ser um cavaleiro por estar acompanhado de uma companheira, e não uma montaria qualquer: Epona? Onde está o símbolo da série, que é a logomarca da franquia, a Triforce?

Então, eu acho que consegui deixar bem claro que não, não foi um gosto nostálgico para nós que sentimos saudade de algo mais clássico e as pessoas que conheceram a série pelo título de lançamento do Nintendo Switch, não conseguiram se sentir mais parte da comunidade. E aí entra…

Nintendo Direct 2.17.21

Skyward Sword HD é anunciado para o Nintendo Switch. Muitas críticas vieram sobre a questão da remasterização do jogo. Se realmente houve algum tipo de melhoria ou foi algo como um filtro emulado e não um código base sendo processado pelo console. E principalmente o preço. Mas com o jogo saindo nesse ano de 2021, dez anos após seu lançamento original, criou uma oportunidade maravilhosa para todos os tipos de jogadores que foram citados durante este artigo. Agora é a hora desse jogo. Há muito mais consumidores da franquia com sede da experiência clássica da Nintendo que em qualquer outro tempo. Quase como se tivesse sido revertido todo o clima de dez anos atrás. Ninguém pode negar que depois de dez anos de descanso, uma fórmula que sempre foi genial e executada com tanta maestria, deixa saudade e quando volta é sempre bem-vinda.

Então, independente de qualquer coisa que não será abordado aqui agora, tanto as melhorias, ou as faltas delas, e principalmente o preço acessível, tenho a certeza e sei que não estou só, que dessa vez vamos brandir aquela Espada com bastante vontade enquanto desbravamos os grandes mistérios que o reino de Hyrule tem guardadas para nós. Seja na terra, seja no céu!


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um fã de Da Vinci e Miyamoto. Não me pergunte quem é quem.