Confesso ao(à) amigo(a) leitor(a) que meu conhecimento, até antes de colocar as mãos neste game, era completamente nulo. Embora trabalhe em uma redação de jogos e esteja o tempo todo atento às novidades do mundo tecnológico que alimentam o coração nintendista, desconhecia por completo a existência de Eternights, jogo publicado pela Maximum Entertainment e desenvolvido pelo estreante Studio Sai, que chegou ao Nintendo Switch no último dia 17 de outubro, dois anos após sua estreia no console da Sony, o PlayStation.
Com uma proposta bem interessante, o estúdio se propõe a desenvolver RPGs de ação combinados com elementos de simulador de namoro, como descrito em seu site oficial (algo que soa fortemente inspirado por jogos como Persona). Isso fica claro desde o início do game, que começa com uma interação entre o protagonista (que você nomeará) e seu melhor amigo Chani, enquanto criam um aplicativo de namoro para que o herói encontre um par ideal (mais motivado por seu amigo, é verdade).
E, de repente, o aplicativo de relacionamentos parece dar certo, encontrando um match ideal para o protagonista. Mas, como naquelas situações em que olhamos para o céu e indagamos: “Por que essas coisas só acontecem comigo?”, no caminho para o primeiro encontro com sua crush, uma catástrofe ocorre, e uma misteriosa névoa rosa toma conta da cidade, contaminando a população e trazendo um ar apocalíptico, bem no estilo The Walking Dead.
O protagonista, juntamente com seu amigo Chani, consegue se refugiar a tempo em um abrigo, sem ter noção do caos que o mundo estava vivendo. Todo o clima de mistério, aliás, é bem construído, envolvendo o(a) jogador(a) em uma interessante imersão, que combina bem com a ansiedade pela construção amorosa proposta no jogo, junto com a sensação de o que diabos está acontecendo?
Após uma série de diálogos, os dois resolvem tentar sair do abrigo, com medo de serem capturados pelas criaturas contaminadas pela névoa rosa, até que descobrem que o mundo virou de cabeça para baixo e que o caos tomou conta de tudo. É nesse momento que a história começa a ficar interessante.
O game consegue aliar muito bem as duas temáticas que o definem. A construção de relacionamentos é muito bem desenvolvida, combinando com o carisma que os personagens exalam. Tem uma pegada de amor ideal típico de filmes de comédia romântica, onde personagens com personalidades diferentes, que em um contexto “normal” jamais se encontrariam, estão prontos para embarcar em uma nova aventura que faz o coração explodir.
Mas é justamente aí que reside o grande acerto do Studio Sai. Embora haja foco na construção de relacionamentos, ela não é o único alicerce que sustenta o game, nem sua base e identidade. O jogo consegue ser emocionante até mesmo para aqueles que não gostam desse tipo de elemento em games, já que oferece ação do começo ao fim. Os combates são excelentes, com boa variedade e inimigos diversos que tornam a progressão bastante desafiadora (alguns chegam a provocar verdadeira frustração no jogador).
A capacidade de aliar bem esses dois fatores é o que faz Eternights ser um jogo extremamente interessante. Ele apresenta uma história profunda (com alguns clichês em determinados momentos, é verdade) e um visual estupendamente bem desenvolvido. Os traços com inspiração em anime são incríveis, proporcionando a verdadeira sensação de se estar dentro de um anime, o que, em muitos momentos, gera uma imersão muito satisfatória, especialmente quando você constrói os relacionamentos.
Porém, o game possui algumas ponderações a serem feitas. Há um excesso de telas de transição que as vezes pode tornar cansativo o game. Pode ser apenas por uma questão para que o game permaneça fluído no console, mas por vezes é irritante você tem pouca interação com os personagens e já surge uma tela de transição, seguidamente.
De uma maneira geral, o game possui um desempenho satisfatório no Switch, mas em determinados combates, a assimilação de pressionar o botão e o personagem instantaneamente não responder com um golpe, causou uma certa dor de cabeça em alguns momentos. Sendo justo, isso não é um problema corriqueiro, mas existiu em momentos que o combate estava com a adrenalina aflorada, pouco HP e que a reação natural, é de fato a chateação.
Outro incomodo foi com a sensação de repetição em alguns momentos (como a situação no Trem, por exemplo). As vezes você sente aquela sensação de: não já fiz isso antes? E até em momentos de empolgação, travando um pouco a emoção com o desenrolar da história.
Apesar das criticas mencionadas no bloco anterior, Eternights é um game que vale a pena a recomendação por conseguir cativar no que se propõe. É muito imersivo na construção dos relacionamentos, mesmo que as vezes as opções de dialogo possam parecer demasiadamente pitorescas e até mesmo repulsivas.
O preço do game na eShop é altamente convidativo, custando R$ 109,90, ganhando até ares de must play pelo custo-benefício proporcionado. O game não é longo, você consegue finaliza-lo com poucas horas, mas diverte em sua jogatina e aproxima bem o(a) jogador(a) da história contada. Em seu site, o estúdio inclusive já anunciou um novo game, com uma nova história, mas com o mesmo segmento de RPG de ação com simulador de amor. E posso dizer que mal posso esperar para conhecer o que vem por ai.
The game shows a great ability to leverage the charisma of its characters, combining it with a satisfying story and adrenaline-pumping combat. The relationship-building aspect is captivating and immersive, and although there are some awkward dialogues at times, it’s still enjoyable. The excellent price and the Brazilian Portuguese localization make this game a great recommendation for anyone looking to discover a title that deserves more attention.
[Nota do Editor: Eternights foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Theogames para avaliação.]
