Sexta-feira. Dia de aventuras. Dia de segurar a ansiedade e cobrar os pais sobre que horas vamos na “locadora”. Sim, pra você que não viveu (e pelo jeito nunca vai viver, sorry) a emoção de chegar naquele lugar mágico e adentrar aqueles corredores temáticos como um “Dungeon” de JRPG e escavar tesouros novos ou reviver antigas aventuras.
Cada corredor tinha um nome: Comédia, Ação, Terror, e tinha até uma fase escondida chamada: APENAS ADULTOS, escondida num calabouço ou por uma cortininha sem vergonha, mas isso fica pro outra coluna (não mesmo).
Chegar na seção/fase de escolha de games era até fácil pois cada console tinha seu espaço milimetricamente dividido e ninguém ousava sair daquele pedaço de solo sagrado. As caixas determinavam qual jogo você poderia levar e qual aventura seria vencida (ou perdida) naquele final de semana. Aquela escolha representava um compromisso sagrado com aquele menino verde chamado “Zelda“, ou o robozinho azul Megaman/Rockman ( da primeira vez achei que eram irmãos), com os sapinhos irmãos marrentos (Battletoads) e muitos outros jogos divertidos e difíceis demais pra serem finalizados em um fim de semana.
A alegria de poder repetir o mesmo jogo dois finais de semana seguidos só era menor que a tristeza de não encontrar o mesmo lá, sendo forçado a tentar um novo mundo e outras estórias. Acreditar na palavra do dono que o jogo era bom e divertido ( pra eles todos eram bons) apesar da capa genérica indicar outra coisa era como encontrar um feiticeiro na taverna dando a “Quest” pra salvar o Reino.
Escolher era uma arte de paciência, sorte e ás vezes de velocidade pra pegar aquele jogo antes de outro aventureiro, sempre respeitando a regra de quem pegou primeiro. Uma tentativa de barganha acontecia (poucas vezes ela dava certo) e a escolha era feita. Se um aventureiro ousasse desrespeitar as regras era rapidamente repreendido pelo mestre do tesouro (dono da locadora). Alguns trapaceiros usavam uma magia secreta de reservar o jogo pagando adiantado. Uma prática deplorável (todo mundo fazia isso, eu inclusive).
Chegar em casa, negociar a hora pra jogar ou correr pro quarto pra iniciar a aventura eram os próximos passos dessa “Quest”, sabendo sempre que ela iria acabar na segunda-feira quando tudo era devolvido e apenas as lembranças e as discussões com os colegas de escola sobre como passar de tal fase era o que sobrava até o próximo fim de semana onde tudo começava de novo. Não havia pressa, nem manual ou guia na internet pra ajudar. Apenas a paixão pelos jogos, pela aventura e por descobrir novos mundos independente do protagonista ou do enredo, (todos os Megaman tem o mesmo enredo, e daí?) ou da dificuldade. Não quero ser saudosista (mentira), mas que saudades de quando um jogo era apenas uma aventura de final de semana.
Um Mega abraço. Até semana que vem.
[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]
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