Descrever Farmagia não é tarefa fácil. Desde que assisti ao seu anúncio na Nintendo Direct, tive uma impressão imediata: o jogo seria extraordinário ou acabaria sendo apenas um amontoado de mecânicas desconectadas, colocadas juntas sem propósito. Felizmente, o game surpreende ao unir vários elementos de forma envolvente. Seu combate combina características de Monster Hunter com Pikmin, enquanto a história remete aos clássicos JRPGs. Para completar, o jogo ainda inclui uma mecânica de fazenda e um sistema de romance. É um pacote completo!
Entre todos os elementos, a mecânica de fazenda merece destaque. Aqui, as criaturas usadas no combate não apenas são comandadas estrategicamente, mas também cultivadas. Isso mesmo: você planta sementes, rega e espera até que amadureçam para “colhê-las”. No entanto, nem todas as criaturas podem ser utilizadas em batalhas. Algumas desempenham outras funções importantes, como auxiliar em pesquisas, desbloquear novas áreas agrícolas, criar outras criaturas ou até mesmo ser vendidas pela moeda do jogo, chamada Magia.
O resultado é um jogo que mistura várias ideias de maneira surpreendentemente coesa, proporcionando uma experiência rica e diversa.
O jogo, publicado pela Marvelous Usa. em parceria com a XSEED GAMES, apresenta a história de um mundo mágico conhecido como Felicidad, localizado muito além do céu e do plano mundano. Após a morte do governante Magus, um dos generais responsáveis por comandar alguns territórios aproveita a oportunidade para se rebelar e tomar o controle de todas as regiões, subjugando tanto os demais generais quanto os habitantes. Com uma narrativa cativante e bem construída, somos convocados a enfrentar os generais da Oración Seis e seu líder, Glaza, com o objetivo de libertar o povo das garras desse tirano.
O design em estilo anime é um dos grandes destaques de Farmagia. E, como se tratando de anime, nada menos que Hiro Mashima, famoso por Fairy Tail, assina o design dos personagens. Os heróis têm um visual que parece ter saído diretamente de uma obra dele, incluindo a presença de uma criatura chamada Lookie-Loo, que desempenha um papel semelhante ao de Happy em Fairy Tail, soltando de vez em quando um divertido “eye-eye”.
Acompanhamos a jornada de Ten ao lado de Emero, Anzar, Leii, Arche e da general Nares, uma das líderes de Avrion e integrante da Oración Seis, que decide se rebelar contra Glaza. A atmosfera do jogo me transportou diretamente para um anime shounen de Hiro Mashima, o que, para mim, é simplesmente incrível..
Ao cultivar criaturas, é possível montar uma equipe mágica para explorar as dungeons conforme a história avança. No entanto, é uma pena que o jogo limite o plantio de algumas criaturas de acordo com o progresso na trama. Durante as batalhas, o jogo aloca grupos de monstrinhos nos botões A, B, X e Y, e basta pressioná-los para ordenar o ataque. Infelizmente, o combate é bastante simples, resumindo-se a identificar a fraqueza do adversário e escolher entre um ataque à distância ou uma condição negativa. O jogo também oferece a mecânica de defesa perfeita, que ajuda nos contra-ataques, além da possibilidade de fundir criaturas da sua equipe para criar monstros maiores e mais fortes.
Desde o início, o jogo permite carregar cerca de vinte monstros simultaneamente, mas isso às vezes gera uma confusão visual. Quando todas as vinte criaturas atacam juntas, pode haver quedas na taxa de quadros. Apesar disso, os combates são divertidos, com um sistema de pontuação que torna as recompensas mais interessantes.
Além do cultivo e da narrativa, o jogo apresenta dungeons espalhadas por todo o continente, onde o protagonista, Ten, enfrenta diversos desafios. Ele pode contar com as Fairy Dens, uma espécie de loja de crafting, onde é possível treinar suas criaturas para que fiquem mais fortes e adquiram características únicas, aprimorando seu desempenho em equipe. Para montar uma equipe de batalha eficiente, é essencial equilibrar criaturas de combate corpo a corpo, à distância, de suporte e de formação estratégica. Esse equilíbrio é crucial para enfrentar os variados desafios das dungeons, que incluem até locais secretos.
Durante as explorações, quando seus monstros são nocauteados, o dano acumulado é transferido para o jogador. Para reanimá-los, basta passar próximo a eles, o que adiciona um elemento estratégico à progressão.
O jogo não é perfeito e apresenta problemas, especialmente na explicação das mecânicas de combate. Ele depende muito da observação dos inimigos, mas, com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, pode ser confuso. Existem diferentes formas de atacar, fusões entre criaturas, e bloqueios que às vezes funcionam e outras vezes não, embora, em certos momentos, esses bloqueios possam ser decisivos e salvar a partida.
Outro ponto que pode incomodar é o ciclo repetitivo do jogo. O personagem é obrigado a dormir para progredir, o que cria uma rotina previsível: explorar um labirinto, descansar, cuidar da fazenda, repetir a história, voltar à cama, e assim por diante.
O sistema de combate também poderia ser mais refinado. Apostar apenas em situações de nocaute para causar mais dano acaba tornando essa parte da narrativa repetitiva e superficial. No entanto, a mecânica de fundir os monstros para criar criaturas maiores é um ponto forte: é promissora e divertida na maioria das vezes.
Por outro lado, a estética e a história do jogo são envolventes. Esses aspectos conseguem cativar o jogador, despertando a curiosidade para explorar mais e conhecer melhor esse mundo único.
Farmagia delivers a very unique product, its flaws are linked to its cycle and combat, and some parts in performance. But its calm farm life and story deliver something interesting, which makes you want to watch it when it comes out on some stream.
[Nota do Editor: Farmagia foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela XSEED GAMES para avaliação.]
1 Comentário