Seja para quem jogou na época ou para quem nunca experimentou antes, Hitman: Absolution é um prato cheio ainda hoje, treze anos após o lançamento original. Vale na televisão, vale mais ainda no modo portátil e traz duas poderosas confirmações. Em primeiro lugar, que o Nintendo Switch (seja o 1 ou o 2) continua ganhando força como uma plataforma de preservação de games da sétima geração de consoles. E em segundo lugar, mas não menos importante, que o quarto título da série Hitman, o primeiro após a compra da Eidos pela Square Enix, não precisou de grandes retoques para se manter atual e interessante.
Após a trilogia original, formada por Hitman: Codename 47 (2000), Hitman 2: Silent Assassin (2002) e o aclamadíssimo Hitman: Blood Money (2006) – que também está disponível para Nintendo Switch em versão remasterizada – Hitman: Absolution trazia, em 2012, quando do lançamento original, uma nova proposta para a franquia. Muito mais cinematográfico, um pouco mais linear, bastante mais moderno, muito bonito e cheio de estratégias e recursos que agregavam à gameplay já consolidada da série, ele foi controverso com a crítica, que se dividiu entre tradição e inovação. Mas não com o público, que gostou de tudo o que foi apresentado.

O que era bom nas versões de PlayStation 3 e Xbox 360 segue bom no Nintendo Switch, seja o 1 modelo V1, V2, OLED e Lite ou o 2– que vai receber uma versão própria em 2026. É simples assim. Isso quer dizer que a jogabilidade segue refinada, os visuais continuam agradáveis, a narrativa permanece envolvente e emocionante e o desafio bem alto. Contudo, facilmente caberia uma tradução para português brasileiro, ao menos em menus e legendas, mas isso não foi incluído, o que é uma pena.
História

Em Hitman: Absolution, o já icônico Agente 47 recebe uma missão “impossível”: eliminar Diana Burnwood, sua antiga mentora, acusada de trair a Agência Internacional de Contratos (ICA). Só que logo no tutorial já fica claro que o protagonista guarda relação pessoal com o alvo, o que torna o objetivo “impossível” de ser realizado.
Diana supostamente traiu a agência ao proteger uma garota chamada Victoria, que foi submetida a uma série de experimentos, testes e provações semelhantes aos processos enfrentados pelos agentes de elite.
Curioso pelo mistério da garota e com intenção de proteger Diana, Agente 47 então também se torna um desertor da ICA, com direito a remover a tatuagem de código de barras da nuca e tudo mais. Durante a trama – pela primeira vez – ele administra sentimentos, tenta entender a importância da menina que é procurada por diversas facções diferentes, foge da polícia e se torna alvo número um da agência que o contratava até ali, e que comanda os melhores assassinos disponíveis no mercado.

Considerando tudo isso, o que confere muito mais peso à narrativa, que é repleta de cutscenes cinematográficas, as missões do game ganham novos e inéditos contornos até este ponto da série. O clássico está de volta, é claro: em um ambiente repleto de inimigos, você tem alvos para serem eliminados e precisa fazer isso da forma mais estratégica e silenciosa possível. A diferença é que não é mais a ICA quem traça os objetivos, e sim você mesmo ou outros personagens da trama, na base da chantagem, da negociação e até mesmo sobrevivência.
Porém há outro tipo de “fase”, que consiste em evasão, furtividade e disfarce. Em diversos momentos o Agente 47 deve não apenas matar como invadir ou escapar de locais sem ser visto. Pode parecer simples, mas a tarefa fica consideravelmente mais complicada à medida que policiais ou agentes militares fortemente armados te procuram com afinco.
Missões

Persiga seus alvos em ambientes elaborados, projetados para recompensar tanto o raciocínio rápido quanto o planejamento meticuloso. Ataque silenciosamente das sombras ou deixe suas pistolas falarem por você — seja qual for sua abordagem, cada uma das 20 missões de Absolution é um verdadeiro paraíso para assassinos de aluguel, convidando à exploração, experimentação e improvisação.
Como consta no texto acima, extraído da página oficial de Hitman: Absolution na eShop brasileira, o jogo conta com 20 missões ao todo. Olhando assim o número parece pequeno, mas não necessariamente o é. Isso porque várias das “fases” são longas e divididas em várias seções, o que dá, aproximadamente, 12 horas para completar a história e três vezes mais que isso para fazer 100%, ou seja, pegar todos os colecionáveis e conquistas.
No entanto, não se preocupe com isso. O fator replay é alto e a dica é a seguinte: zere uma primeira vez na dificuldade que mais lhe agradar (do tipo “enhanced” tem o fácil e o normal, e do tipo “profissional” tem o difícil, expert e purista). Depois jogue de novo as missões, dessa vez aumentando a dificuldade ou cumprindo com objetivos específicos, como não ser notado por absolutamente ninguém, usar determinada arma e por aí vai.
Ou ainda: crie seus próprios desafios, o que é excelente com os amigos. Por exemplo, tente passar de uma sessão com uma roupa específica, com uma regra inventada ou em um tempo delimitado. E com isso os cenários vão ganhando mais e mais possibilidades, o que é muito interessante.
Quem já jogou Hitman: Blood Money, o jogo anterior à Absolution, deve se lembrar da grande liberdade que ele proporcionava. As fases eram como grandes “caixas de areia” onde os jogadores poderiam “brincar” livremente, encontrando as mais silenciosas, barulhentas ou inusitadas formas de avançar. Aqui é diferente. Tudo é mais linear e contido, mas há mais recursos disponíveis, o que deixa a rejogabilidade latente.
Talvez o maior exemplo dos novos recursos seja o “instinto de assassino”, que, diga-se da passagem, lembra bem o sistema da franquia Batman: Arkham e reflete bastante o mercado de games da época. Nas dificuldades mais brandas, ao apertar o botão “R” você visualiza os inimigos através das paredes e pisos, e consegue inclusive “prever” o que eles farão, já que passa a enxergar as rotinas deles que, embora longas, são pré-estabelecidas de acordo com a função de cada um. Um cozinheiro pode fazer uma pausa no fogão para fumar um cigarro, um guarda pode ir ao banheiro, coisas assim. E você, prevendo isso – claro que ao custo de uma barra que vai se esvaziando conforme o uso – consegue planejar o momento ideal de atacar e trocar de disfarce sem ser visto.
Aliás, o “instinto de assassino” também tem outras funções que estrearam em Hitman: Absolution. Precisa passar por um grupo de guardas e eles estão desconfiando de você? Aperte o botão “R” e ande por eles. Com isso, Agente 47 irá passar a mão na cabeça, disfarçar que está falando ao telefone ou algo do tipo. E com isso você avança e ganha tempo. Outra função é o “bullet time”, igual à franquia Max Payne. Selecione os alvos, marque-os e então atire em todos eles, ao mesmo tempo, de maneira cinematográfica e implacável.
Como o jogo funciona e dificuldade

Aqui vai uma noção básica sobre Hitman: Absolution e bem, sobre a franquia Hitman de forma geral. Seja via contrato ou por outras razões, você tem, na maior parte das missões, alvos para eliminar. Mas fazer isso não é tarefa fácil. Você vai precisar se infiltrar, matar guardas, esconder corpos, trocar de roupa várias vezes, ser furtivo e preparar uma estratégia. De certa forma, é como um grande puzzle a cada tela.
Em determinadas fases, os alvos estão no centro, rodeados por civis e/ou guardas. Em outras, chegar neles é que é o desafio. Então é preciso analisar cada cenário com bastante calma antes de sair por aí atirando.
Em Hitman: Absolution isso é ainda mais verdade, já que o Agente 47 não recebe armas da ICA para as missões. Ao contrário: tem sessões em que você está equipado somente com um garrote e nada mais.
Contudo, nas dificuldades do nível “enhanced” é possível ativar check-points e reiniciar o progresso a partir deles quando fizer algo que não surtiu o efeito desejado. Isso porque, assim como em todos os jogos da série, aqui a pontuação é baseada em quão profissional você foi.
O ideal é seguir sem eliminar pessoas desnecessariamente, sem ser visto, sem fazer barulho e sem causar danos não previstos.
Custo x Benefício, desempenho, trilha sonora e visuais

Em outras plataformas, Hitman: Absolution segue disponível na versão original, de 2012, além da remasterizada que acaba de ser lançada. Dessa forma é possível adquirir o título (sem as melhorias gráficas, é claro) a R$ 49,99 no Google Play (sim, está disponível no Android!), a R$ 39,00 no Xbox e por aí vai.
Porém, como a versão disponibilizada agora para Nintendo Switch, embora tenha visuais levemente refinados não apresenta novos conteúdos (mas sim, todo o conteúdo extra da época está incluso, como o Sniper Challenge), tampouco tradução para português brasileiro, é difícil convencer alguém de que os R$ 154,00 cobrados na eShop brasileira é um preço justo.
Falando em visuais, eles seguem o que foi dito aqui sobre a gameplay: eram bonitos há 13 anos e seguem bonitos hoje, embora tragam nostalgia à mesma medida em que levantem a questão de que a sétima geração talvez não fosse tão fotorealista quanto nossa mente se lembra.
Lindos, com bons efeitos de iluminação, sombras e tudo o mais, os gráficos não fazem feio no Nintendo Switch – e novamente, lembram bastante Batman: Arkham City, principalmente nos ambientes urbanos, cinza-azulados e sujos-, onde o desempenho é muito bom. Durante a jogatina, nenhum travamento, bug ou problema foi identificado.
A trilha sonora é igualmente boa e bem executada. São faixas instrumentais de clima tenso e de clima contemplativo, que combinam muito bem com a narrativa apresentada.
Dito tudo isso, fica a sensação de que o valor de Hitman: Absolution poderia estar mais ajustado para o que foi oferecido, e a dica é aguardar por promoções que certamente virão no futuro, principalmente em datas especiais como Black Friday ou Natal.
Without a doubt, Hitman: Absolution was, is, and will continue to be a gem of stealth games. By sacrificing some of the freedom of previous titles, the game delivers more strategic possibilities, more weapons, and more ways to achieve the objectives proposed by the story, which is cinematic and lends a touch of humanity to the legendary Agent 47. Aside from the high price and the fact that Brazilian Portuguese language support wasn’t included, there’s nothing to complain about. The graphics are beautiful, the performance is more than stable even in portable mode – and a version for Switch 2 is coming soon – and the gameplay mechanics, which provide adrenaline and fun from beginning to end, are flawless, with a high replayability factor.
[Nota do Editor: Hitman: Absolution foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Feral Interactive para avaliação.]


















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