Nossa heroína acordou cedo sem a menor vontade de levantar da cama. Acabou levantando entre palavrões e socos no travesseiro, tomou aquele café amargo com pão amanhecido sem poder reclamar pois não tinha tempo ou dinheiro para mudar aquela indigna situação. Heróis merecem mais respeito ela pensou. Heróis comem em banquetes e vivem melhor que isso.
Ketchup é uma heroína de videogame, coleta moedas e mata vilões, salva vilarejos e destrona reis, muda de roupa e morre só pra renascer e fazer tudo de novo. Entre um início de jogo e outro nossa heroína gosta de jardinagem, ler livros de auto-ajuda, comer sushi e secretamente matar os habitantes do reino em que vive. Nessas horas ela é a Psico Pata, (ela é uma pata, entendeu ? Psico Pata?). Ninguém descofia que nossa patinha com franja verde gosta (e muito) de atrair moradores inocentes para a floresta, cortar-lhes uma perna e chama-los de “pato manco” até que caiam inertes.
Depois que eles param de se mexer ela os leva para o castelo do vilão mais próximo, bota fogo no corpo e culpa o vilão pela morte daquele bondoso e gentil cidadão incapaz de ferir uma mosca, sempre disposto a ajudar o próximo nas adversidades e digno de uma vingança rápida e bem remunerada ( ela usa o mesmo discurso sempre). Os aldeões se inflamam ao abrirem seus cofres em fúria financiando a jornada de nossa patinha guerreira cheia de coragem e sangue nos olhos.
A parte mais complicada começa bem nesse ponto. Ela não pode matar o vilão, pois sem vilão sem mortes e sem mortes sem moedas e bem, vocês entenderam o problema. O jeito era passar por todo trabalho de chegar ao castelo enfrentando todos os capangas espalhados pelo caminho, mortos de medo e sem forças para impedir seu avanço mas sempre deixando alguns escaparem apenas para espalhar aos aldeões do seu progresso e carnificina. Os generais ainda davam algum trabalho, coitados, ela ama despedaçar cada um deles enquanto rouba seus poderes e armaduras (que são vendidas na e-shop dela).
Os donos dos castelos são um show a parte. Muitos tentam lutar de forma patética, outros choram e pedem perdão, há aqueles que tentam negociar oferecendo ou pedindo moedas em troca da rendição. Nada disso funciona. Acabam todos espancados sem piedade até o último pó de suas barras de vida e quando estão prestes a sumir ela vira as costas e volta para a Vila Víctoria levando um braço ou uma perna como prova de suas vitórias (essa parte ela faz por prazer). Chegando à vila ela joga o braço (ou perna) ao chão e olha pra quem ele apontou. Pronto, está escolhida a próxima vítima.
Continua…
Ketchup criada por Paulo Victor do Project N.
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