Live a Live - Um clássico cult finalmente conhecendo o mundo

Live a Live – Um clássico cult finalmente conhecendo o mundo

Responsável por influenciar grande titulos do RPG como Chrono Trigger, Live a Live chega ao Switch com a missão de mostrar todo o seu carisma aos amantes do gênero que ainda não conhecem o seu legado!

Quem viveu intensamente os anos 90, os anos de glória do Super Nintendo, deve se lembrar bem o quão grande era a biblioteca de jogos estilo RPG disponíveis. Apesar de não serem muito populares aqui no Brasil (devida a ausência de localização dos jogos) os RPGs sempre foram um prato cheio no console, trazendo títulos que são amados até hoje pelos fãs. Dentro desse grande universo de jogos de RPG a desenvolvedora que mais se destacou, sem dúvida, foi a, na época, Squaresoft e sua série Final Fantasy. Mas para além dessa franquia um outro jogo acabou se tornando um clássico Cult, que muitos aqui do Ocidente jamais tinham ouvido falar sobre, mas que influenciou jogos aclamados como o amado Chrono Trigger. Esse jogo, meus amigos, é Live a Live que finalmente está sendo lançado mundialmente numa versão totalmente refeita com gráficos lindos e toda a atmosfera dos RPGs da era 16 bits.

Um mundo de escolhas

Live a Live traz uma proposta muito ousada para o seu tempo: 7 histórias breves, porém distintas tanto em roteiro quanto em jogabilidade. Inicialmente elas aparentam ser totalmente desconexas, fazendo com que o jogador possa definir em que ordem irá conhecer cada uma dessas aventuras. Todos esses cenários, porém, acabam se unindo num último capítulo mais longo e denso, dando um encerramento digno para a história (fique tranquilo, não irei dar spoilers aqui).

Live a Live - Um clássico cult finalmente conhecendo o mundo

Eu sei que você deve estar com a frase na ponta da língua: “Nada de novo! Octopath Traveler faz isso”! Sim, você está certo. Mas não se esqueça que estamos falando de um jogo lançado inicialmente em 1992. Para época isso foi, sem dúvida, revolucionário! Ter um RPG não linear como Live a Live pode não ser algo tão diferente para nós hoje, mas para os jogadores de SNES isso foi realmente novo.

Histórias diversas em tudo

Agora engana-se quem pensa que a grande novidade está em poder definir a ordem dos acontecimentos na história. O diferencial do jogo está na forma como ele foi construído. Cada uma das histórias apresenta personagens únicos, em cenários e tempos diferentes. Isso faz com que tenha a oportunidade de jogar histórias tanto no tempo pré-histórico ou mesmo num futuro distante. Além disso cada uma das histórias tem o seu próprio diretor! Isso mesmo, vários diretores dentro de um único jogo! Então você pode imaginar como as histórias são realmente diferentes.

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Essa escolha por vários diretores realmente me surpreendeu, pois, a diferença na tonalidade das histórias é muito marcante. O Cenário pré-histórico, por exemplo, tem um tom cômico muito divertido (com direito a piada de gases) e nenhum personagem fala! Isso mesmo! Todos se comunicam por gestos (afinal de contas, são homens das cavernas). Já no cenário da china imperial você terá uma história dramática de um mestre das artes marciais em busca de um sucessor passando por uma batalha cheia de emoções e sacrifícios.

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As diferenças dos cenários não param por aí, elas chegam até mesmo na gameplay. Cada um dos protagonistas possui mecânicas próprias que são utilizadas ao longo da narrativa. O ninja Oboro consegue usar uma técnica para se esconder dos inimigos e não precisar enfrentar nenhum combate; Pogo usa seu faro para encontrar inimigos e conseguir carne para sustentar sua aldeia e assim por diante. Essa diversidade faz com que o jogo não canse (pelo menos nos primeiros capítulos) e torne a jogabilidade muito prazerosa.

Um Rpg de turnos?

Quando se pensa em RPG de SNES a maioria pode pensar no estilo clássico imortalizado pelos primeiros Final Fantasy (afinal de contas estamos falando de um jogo da mesma desenvolvedora). Só que em Live a Live temos um sistema de combate mais tático. As batalhas têm uma barra ATB no estilo mais clássico, quem preenche a medida em que você toma decisões. Mas além de escolher que golpe usar será preciso pensar como posicionar o personagem, qual tipo de ataque usar e em que distancia ficar para se defender. Eu sei, parece difícil, mas não é, fique tranquilo.

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Preciso admitir que não sou fã de jogos táticos, mas o combate me surpreendeu positivamente. Não é algo extremamente complexo como pensei inicialmente e acabou me proporcionando uma excelente experiência.

Um trabalho primoroso

Até aqui falamos de realidades existentes na primeira versão do jogo. O grande destaque dessa nova versão fica a cargo dos novos visuais usando o chamado HD-2D. A Square tem aprimorado muito essa técnica em seus jogos (Octopatch Traveler, Triangle Strategy e o futuro Dragon Quest 3D) e Live a Live usa esse recurso de maneira primorosa! Os cenários são belíssimos, trazendo uma sensação de profundidade constante. Porém o que mais impressiona é como o jogo consegue misturar a novidade tecnológica sem perder todo o carisma do Pixel art tão popular hoje em dia e característico dos jogos 16 bits.

Live a Live - Um clássico cult finalmente conhecendo o mundo

O Switch entrega essa qualidade com perfeição tanto no modo portátil quanto no modo TV. Poucas são os momentos em que o jogo passa por leves engasgadas (quase imperceptíveis, na verdade) que ocorrem quando existem muitos efeitos 3d na tela simultaneamente.

O cansaço também existe

Verdade seja dita, o jogo está lindo e se trata de um presente para os amantes de JRPG antigos, mas é preciso lembrar que se trata de um remake 1×1, ou seja, não tivemos alteração em roteiro ou mesmo jogabilidade. O sistema de batalha, que já falamos anteriormente, é divertido, porém depois de um certo tempo os combates ficam um pouco repetitivos e a dificuldade cresce consideravelmente. Os fãs de RPG já imaginam o que isso significa. Sim, estamos falando que existe o famoso Grind no jogo. Para quem não sabe do que se trata Grind é a necessidade de parar a história principal e ficar treinando para conseguir derrotar os inimigos finais. Nos capítulos iniciais isso não acontece muito, mas na reta final essa questão acaba pesando um pouco e acaba quebrando o ritmo da história.

Live a Live - Um clássico cult finalmente conhecendo o mundo

Isso pode não parecer um grande problema, mas depois de horas de jogo, 7 histórias diferentes você quer logo completar a jornada. Ter que parar e ficar treinando para conseguir subir o level dos personagens é maçante. Uma pena, poderiam ter repensado essa realidade aumentando o nível de pontos de experiencia concedidos no último arco ou diminuído a dificuldade dos inimigos.

Uma jornada repleta de Nostalgia

Live a Live cumpre com louvor a missão de trazer esse grande clássico dos JRPGs não só para uma nova geração como para todo o mundo que ainda não o conhecia. Os cenários e histórias são realmente cativantes e a entrega por parte do Hardware é muito boa. O jogo peca um pouco em mecânicas datadas e na repetição, mas isso não ofusca o brilho da obra.

Live a Live - Um clássico cult finalmente conhecendo o mundo
Live a Live
Veredito
Live a Live faz jus ao titulo de clássico Cult dos JRPGs e essa nova versão entrega um trabalho primoroso de 2D HD e traz toda a nostalgia (boa e ruim) da era 16 bits para as novas gerações!
Design
95
Trilha Sonora
85
Diversão
85
Gameplay
80
Custo x Benefício
80
Prós
Trabalho HD-2D Belíssimo
Histórias diversas e proposta de não linearidade
Variedade de tonalidade nas histórias
Contras
Arco final um pouco arrastado
Curva de dificuldade acentuada
85
Nota Final

[Nota do Editor: Live a Live foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Eu sou o Padre Edson, o padre que é fã de joguinhos eletrônicos! Siga-me no twitter, @edson_ribeiro