Algo que chama a atenção de qualquer jogador assíduo de vídeo games são as experiências que os jogos podem proporcionar. Cada jogo traz em si uma experiência única podendo sim relembrar algo ou trazer a sensação de já ter experimentando algo que se assemelha, porém, cada jogo tem a sua capacidade singular de transmitir o seu conteúdo, e é isso que faz um jogo ser marcante. Muito dessa experiência se dá às características que ele possui em si, mas não é possível negar que existe sempre um fator que o define e o faz ser único. Nesse sentido, Manifold Garden, da desenvolvedora William Chyr Studio, pode ser considerar único na sua tentativa de mostrar ao jogador que nem tudo em um jogo é linear ou mesmo aquilo que aparenta ser, mas sim que tudo depende da perspectiva.
Um olhar que muda tudo
Manifold Garden se trata de um jogo estilo Puzzle onde nem tudo é o que aparenta ser. Você inicia sua jornada em uma construção com um breve tutorial extremamente básico que mostra as funções que podem ser realizadas pelo jogador, até ai nada demais, porém tudo começa a mudar quando você percebe que para seguir o seu caminho correr, saltar e utilizar itens não serão suficientes, mas sim ter a capacidade de alterar perspectiva do local onde você está para alcançar novas saídas.
A partir dessa que é a mecânica principal do jogo tudo a sua volta muda e você percebe que nem sempre aquela caminho que está seguindo é o certo ou até mesmo que o chão que está pisando não se trata de um chão mas sim de uma parede ou o próprio teto. Até aí não temos uma grande novidade, visto que trabalhar com a gravidade não é algo realmente novo nos jogos. A diferença em Manifold Garden é que não se trata de um espaço simples ou mesmo salas formadas apenas por paredes, chão e teto, mas sim um espaço infinito onde algo que parece muito distante pode estar abaixo dos seus pés e você nem ter percebido isso de início. Tudo se expande de uma maneira que você não sabe mais aonde está ou qual a perspectiva correta do jogo, é algo muito mais do que simplesmente um ponto gravitacional que rege a física mas sim perceber que você está jogado numa espécie de jardim infinito onde cada ambiente possui a sua saída e que tudo é relativo (algo que não deixa nada a dever para os Filmes do Christopher Nolan se é que me entende).
Preciso me encontrar
A ideia do jogo, apesar da complexidade dos objetivos é deverás simples: encontrar uma saída para esse lugar. Porém se você não for atento a tudo que está a sua volta facilmente você irá se perder e cair em um looping. Algumas vezes isso ocorreu comigo. Logo que sai da primeira construção e pude chegar a um espaço aberto, acidentalmente cai e achei que havia morrido, mas, na verdade, entrei em um looping de queda onde com muito custo consegui romper e retornar ao local inicial.
Se perder em Manifold Garden pode ser a tarefa mais fácil do jogo, pois por adotar um estilo gráfico monocromático, com apenas traços e cores neutras além da proposta de um mundo infinito que vive se repetindo os jogadores mais desatentos podem achar que estão subindo, mas na verdade estão descendo ou que estão indo em uma direção e na verdade estão indo para outra. O que acaba servindo como um norteador (é até um pouco estranho usar esse termo nesse Review) para o jogador são as cores dos itens. Cada perspectiva q você assume possui uma “cor regente” mostrando que quando você está naquela perspectiva somente objetos da mesma cor regente poderão ser utilizados. Essas cores ajudam a entender um pouco melhor o cenário e criar maneiras para completar os Puzzles necessários.
Toda essa mistura de infinito, cores, perspectivas mostra que o jogo não é algo pensado para iniciantes, mas para aqueles que querem queimar seus neurônios tentando desvendar os mistérios por trás desse jardim marcado pela relatividade.
Um caminho difícil não só pelo trajeto
Outro ponto que, infelizmente, deixa a desejar são os controles. Apesar da simplicidade de mecânicas o jogo é um tanto quanto travado e lento as vezes, como você precisa mudar diversas vezes a perspectiva da sala uma maior velocidade dos controles (que mesmo com a sensibilidade máxima continua um pouco travada) seria bem-vinda. Como estamos tratando de uma versão para o Nintendo Switch algo que ajudaria bastante na jogabilidade seria a presença de uma opção com controles de movimento para a câmera. Isso, sem dúvidas tornaria a jogabilidade mais confortável e prazerosa.
Um desafio real
Manifold Garden é aquele jogo único que falamos no início desse texto. Ele realmente traz uma experiência única para os que querem se aventurar não somente em um jogo de Puzzles, mas sim numa jornada árdua e desafiadora para tentar entender esse mundo complexo onde nem tudo é o que parece. Não se trata de um jogo simples ou mesmo intuitivo, mas um desafio para aqueles que querem, realmente, viver no limite do que um jogo estilo Puzzle pode oferecer.
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[Nota do Editor: Manifold Garden foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Jesús Fabre para avaliação.]
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