O conceito de um jogo tranquilo é algo complicado no mundo de hoje. Estamos cada vez mais imersos em um mundo de adrenalina, onde o tempo é um bem precioso no cotidiano de todos. Somos constantemente inundados por jogos com altas doses de frenesi, momentos empolgantes que arregalam nossos olhos e nos fazem ficar horas sem dormir diante de algo incrível que presenciamos.
Diante disso, é surpreendente quando surge um jogo que vai na contramão dos lançamentos atuais e foca apenas em proporcionar uma experiência prazerosa, abraçando a tranquilidade e sem fazer o jogador temer inimigos ocultos ou chefes que tirem nosso sono. A experiência com videogames pode ser muito mais encantadora do que isso, e Mika and The Witch’s Mountain, jogo desenvolvido pela Chibig, abraça a ideia de ser um jogo sem o toque de adrenalina, buscando divertir à sua própria maneira.
O game conta a história de Mika, uma jovem que deseja seguir os passos de sua mãe e decide treinar com a Srta. Olagari no Farol Estelar. No entanto, ao chegar, é surpreendida pela professora, que a considera despreparada e a joga montanha abaixo para amadurecer mais (cruel né?!). Ao cair, a pequena bruxa quebra sua vassoura e, sem saber como proceder, acaba aceitando o trabalho de entregadora na cidade para juntar o dinheiro necessário para consertá-la e, assim, aprender a difícil lição e progredir.
A premissa do jogo é essa: você assume o papel de Mika, contratada pela empresa de transportes do Sr. Greff, se tornando a principal entregadora da cidade enquanto explora um mundo rico em detalhes. Vale destacar o quão impressionante é a parte gráfica do game. Com uma estética que lembra os filmes do Studio Ghibli e The Legend of Zelda: Wind Waker (não são poucos os momentos em que a sensação é de estar na Outset Island), o jogo oferece um visual deslumbrante, cheio de detalhes cuidadosamente desenhados, que se destaca como um dos pontos fortes da experiência.
A proposta do jogo se harmoniza perfeitamente com sua arte e o ambiente em que se desenrola. A ilha com seu visual cartunesco é o cenário ideal para um jogo que não busca grandes emoções ou adrenalina, mas sim oferecer aconchego, calma e a tranquilidade perfeita para relaxar após um dia agitado.
Teve um dia difícil? Brigou com o(a) namorado(a)? Recebeu um feedback tenso do chefe? E agora só quer algo simples, sem complicações, para relaxar? Então, aqui está a recomendação perfeita. Este jogo é a essência da serenidade, proporcionando paz e prazer para quem só quer mover o controle e aproveitar sem precisar pensar demais.
A jogabilidade é fácil de aprender, mas pode parecer um pouco complicada no início. Pense o seguinte: se Mika está com a vassoura quebrada e, ao mesmo tempo, envolvida em tarefas que fogem ao que se espera de uma bruxa, não seria simples dominar o meio de transporte, certo? O que parece óbvio pode, na prática, se tornar um desafio para alguns avançarem no jogo.
A condução da vassoura pode ser complicada no começo, e pegar o jeito e entender a mecânica exige um pouco de paciência — algo que pode, sim, levar os jogadores mais impacientes a abandonarem o game. Por isso, fica o aviso: relaxe, a curva de aprendizado é tranquila; persista que você vai conseguir! Afinal, trata-se apenas de uma vassoura inicial. À medida que você faz mais entregas, a progressão é garantida, e você terá acesso a meios de transporte ainda melhores.
Com isso, novas possibilidades se abrem: explorar pontos desconhecidos da ilha, expandir sua área de voo e alcançar novos destinos de entrega. Vale lembrar também que o jogo oferece o desafio de encontrar itens colecionáveis espalhados pelo mapa — o que não é nada fácil. Mas fica a ressalva: esses itens são apenas para colecionar.
O jogo é visualmente encantador, tranquilo e acompanhado por uma trilha sonora igualmente agradável. No entanto, surge uma questão delicada ao criar um jogo essencialmente calmo e sereno, sem grandes aventuras: o risco do tédio. Em alguns momentos, a monotonia pode bater à porta, afetando a experiência de certos jogadores.
A essência do game gira em torno de entregar e coletar, sem grandes variações. Não há missões internas nem elementos que adicionem profundidade à experiência. Para alguns, isso pode ser desestimulante, e é compreensível se você, que lê estas linhas, já estiver perdendo o interesse. O ponto central aqui é o gosto do jogador, pois o jogo caminha em um limiar entre o relaxamento e a falta de desafios.
O game oferece uma zona de conforto que pode não ser a mesma do jogador atual. Tecnicamente, é excelente: possui um visual deslumbrante que merece muitos elogios, uma trilha sonora que complementa bem sua estética e uma jogabilidade fluida. No entanto, falta algo que prenda mais a atenção dos jogadores. É um bom jogo, que certamente agrada, mas deixa a sensação de um grande potencial não totalmente explorado, talvez por receio de ousar um pouco mais. Por mais que isso possa soar como uma desculpa meio insosa, a critica aqui vale para o que ele poderia ser.
O game vale a compra, é uma jóia visualmente falando, tem localização em português e pode sim divertir, dentro de sua maneira calma e tranquila. Se for buscar algo mais agitado, pode ir tirando a vassoura da chuva.
The game is incredibly beautiful, and the choice of setting it on an island perfectly matches the idea of relaxing while flying over the scenery. The downside of the game is its single focus on delivering and collecting, which may seem insufficient to many players and push them away, making them think the game is boring or tedious. It is a relaxing game that brings a sense of peace, but you have to experience it to truly understand. Visually, the game draws a lot of attention, and precisely because of this, it seems to waste the potential to be something even greater.
[Nota do Editor: Mika and the Witch’s Mountain foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Chibig para avaliação.]
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