Naruto. Um garotinho loiro e cheio de personalidade, criado por Masashi Kishimoto no mangá homônimo lançado pela Shonen Jump, tem um papel fundamental na minha formação enquanto professor e por que não, como pai. Conheci Naruto por meio do meu irmão mias novo e alguma coisa na sua narrativa me chamou a atenção. Ele não era o típico herói de Anime, poderoso e abobalhado que não sabia se portar apenas por ser assim. Naruto tem um fundo traumático que define o caráter tanto do protagonista quanto dos outros personagens e eles enfrentam a vida e as adversidades. O pano de fundo para todo o enredo é muito bem construído por meio de fatos históricos sobre a fundação do Japão fundidos com lendas sobre os ninjas, o Ki e contos milenares.
Acompanhar o crescimento de Naruto, suas experiências de vida, seu envolvimento emocional com os moradores de Konohagakure ( Vila Oculta da Folha ), suas decisões, decepções por entre batalhas, guerras e jogos políticos faz com que o leitor/espectador/jogador reflitam sobre suas próprias escolhas, vivências e traumas. Sobre como muitas vezes temos que vencer os caminhos que muitas vezes já parecem traçados, definidos e decididos por acontecimentos anteriores ao nosso nascimento. Perceber que somos fruto das decisões de outras pessoas e que nossas decisões definem o futuro de alguém pode ao mesmo tempo ser frustrante e libertador. Em Naruto, é libertador.
Logo nos três primeiro episódios conhecemos não só toda a tragédia na vida de Naruto, como também como isso influenciou no seu crescimento e formação de caráter. Como ele se relaciona com as pessoas e as regras que lhe são impostas. Como as pessoas da Vila tem medo dele e seguem a ordem de não interagir ou sequer se aproximar do menino. Algum muito ruim está dentro dele, um mal muito poderoso que já trouxe muito sofrimento aos moradores de Konoha. Um demônio de nove caudas que foi selado num recém nascido capaz de amedrontar até o guerreiro mais forte e de afastar até o coração mais caridoso. Até que um professor enxerga no garoto um potencial além do que os outros percebem e uma dor que ele mesmo já sentiu. Essa conexão muda a forma como Naruto se vê e mudou a forma como eu via muitos dos meus alunos. Às vezes eles só precisam de alguém que acredite neles, e mais nada além disso.
Revivi todas essas aventuras na Série “Clash of Ninja” lançada no Gamecube. Cada jogo retrata um período do Anime. Do primeiro ao quarto jogo podemos reviver a primeira luta de Naruto contra Kabuto, os embates do Exame Chunin até culminar na luta contra Sasuke na cachoeira sobre as estatuas do Primeiro Hokage e de Madara Uchiha no final do jogo 4. Conforme a trama avança podemos jogar com mais personagens e viver suas próprias estórias, usar suas habilidades e conhecer ainda mais cada detalhe dessa saga. Quem já jogou, leu ou assistiu tem seu personagem favorito, luta favorita e até Jutsu (habilidade ninja) favorito. São jogos desafiadores e muito gostosos de jogar em dupla ou com mais gente.
A saga continua com Naruto adolescente nos jogos da Série Naruto Shippuden: Clash of Ninja Revolution do Nintendo Wii. A mecânica de luta da serie anterior é aprimorada mantendo o foco no andamento da estória revivendo momentos clássicos dos jogos anteriores e avançando a narrativa com um Naruto mais velho e com novas habilidades aprendidas com um certo “Sábio Tarado“. Os gráficos superiores do Wii fazem com que os jogos tenham um visual muito mais parecido com o Anime, retratando com fidelidade os personagens, habilidades e cenários mostrados no Anime/Mangá. O modo online agrega muito aos jogos e refresca a experiência do jogador mais veterano que agora pode duelar contra qualquer ninja do mundo a fora.
A minha paixão por Naruto vai além de qualquer personagem ou saga. Além de qualquer jogo ou console. Ela vai além de todos os “fillers” e pequenos erros na narrativa. A minha paixão é baseada no desenvolvimento de cada personagens e de como suas características são respeitadas durante todo arco do Mangá/Anime. Eles são crianças que crescem e amadurecem assumindo suas responsabilidades e aprendendo com seus erros. Sim eles erram, perdem e se machucam. Alguns morrem e permanecem mortos. E essas mortes ajudam no crescimento dos outros. E é essa a grande lição que me fez apaixonar por Naruto. A perda e a dor são parte da vida e superar tudo isso e continuar também são. Apenas não desista dos seus sonhos, “Dattebayo” !
