A Nintendo Direct desta semana (27/03/2025) trouxe grandes, médios e pequenos anúncios, mostrando, como o Project N já cravou, que o Nintendo Switch ainda tem “muita lenha para queimar. Entrelinhas, há diversos entendimentos e análises que podem ser feitas. Uma delas, por exemplo, é que, às vésperas do lançamento de um novo console a Big N decide adotar práticas mais rígidas, como aumentos de preço e novidades para compartilhamento de games. Porém, o copo também pode estar meio cheio. Mais do que nunca, a última Direct pode ter revelado uma das maiores vocações do sistema híbrido lançado em 2017 e que não demonstra sinais de cansaço: ele é a casa do Cozy Gaming.
“Cozy” vem da palavra em inglês para “aconchegante”. E “gaming”, é claro, vem de jogo. “Cozy Gaming”, portanto, é uma expressão que define todo um gênero que consiste em relaxamento, quase sempre com pouca ou com nenhuma violência gráfica.
Por muito tempo este tipo de jogo ficou conhecido como “jogo de fazendinha” aqui no Brasil. Isso se deve muito a jogos como Colheita Feliz, da época do Orkut, e FarmVille, do início do Facebook, já que estes jogos realmente consistiam em gerenciar uma fazenda, cuidando de plantação, criação de animais e coisas deste tipo. Porém estes jogos não eram exatamente originais, embora inovassem ao implementar recursos sociais. Desde o Super Nintendo já existem experiências assim, como Harvest Moon por exemplo.
Fato é que, ao longo dos anos, o Nintendo Switch vem recebendo cada vez mais jogos deste tipo, sendo o principal deles Animal Crossing: New Horizons. Lançado em 2020, este é o título que “mudou tudo”, alçando a franquia da casa das 20 milhões de unidades vendidas (o que já era muito) para praticamente 50 milhões de unidades vendidas, ficando atrás apenas do colosso Mario Kart 8: Deluxe.
Animal Crossing, apesar de ter recursos de “fazendinha”, não é exatamente sobre isso. É muito mais sobre viver a sua vida em uma ilha, sobre decorar espaços, colecionar itens, coletar insetos, peixes e outros animais. E isso caiu como uma luva no contexto da pandemia de Covid-19, quando as pessoas não podiam sair de casa, mas encontravam ali um conforto muito grande, na palma da mão e na segurança do sofá ou da cama.
As desenvolvedoras e publishers parecem ter percebido o fenômeno, e deste então não pararam de lançar jogos do estilo Cozy Gaming no híbrido da Nintendo. Mais do que “surfar na onda” de Animal Crossing ou então de outro gigante do gênero, o Stardew Valley, são títulos que configuram experiências inovadoras.

Exemplos são os jogos da série Story of Seasons (antigo Harvest Moon); Disney Dreamlight Valley; Hello Kitty Island Adventure; Cult of The Lamb; Botany Manor; My Sims; Potion Permit; Spiritfarer; Unpacking; Cozy Grove; Farmagia; Paleo Pines; My Time At Portia e My Time At Sandrock; Pokémon Café ReMix; e muitos, muitos outros.
Nos últimos anos, as Nintendo Directs tem seguido uma “receita” que consiste em apresentar alguns jogos considerados “grandes”, e rechear o restante da apresentação com diversos títulos de cozy gaming.
Nesta última, por exemplo, foram apresentados trailers de gameplay de Pokémon Legends Z-A e também Metroid Prime 4: Beyond. E, entre estes vídeos, vieram os anúncios de Tomodachi Life: Living the Dream, Story of Seasons: Grand Bazaar, Disney Villains Cursed Café, Witchbrook, Tamagotchi Plaza e outros jogos menores que apresentam experiências baseadas em gerir estabelecimentos, cuidar de fazendas, viver uma vida de estudante de magia e outras coisas relaxantes.
Isso sem contar as ‘Indie World’, que são apresentações focadas em jogos de produtoras independentes e são basicamente focadas em experiências aconchegantes. E ainda tem todo o gênero de Visual Novels, que são um capítulo à parte e contam com um lançamento recente da Nintendo, o Emio: The Smiling Man – Famicom Detective Club.

Ao analisar este cenário, fica claro que o Nintendo Switch não deve morrer com o nascimento do Nintendo Switch 2. Em especial fora do Brasil, onde os preços cabem mais no bolso dos consumidores, o videogame deve permanecer vivo por bastante tempo, muito provavelmente não com novos games de franquias como Super Mario ou The Legend of Zelda, mas sim com experiências relaxantes, independentes e que apostam no formato hibrido do console, além de jogos mais infantis e que introduzem novas gerações ao universo dos videogames.
O gênero Cozy Gaming é tão grande que há perfis dedicados a fazer análises e a apresentar experiências cozy diferentes e inovadoras. É o caso do @cozygamingclub, com grande evidência, e do @gamingyellow, com uma pegada mais artística. Vale a pena conhecer.
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