Transformar um jogo aclamado em um ótimo filme é uma tarefa que a indústria do cinema ainda não conseguiu dominar tão bem, ao longo da história, tivemos diversos exemplos de longas que falharam em atrair um novo público e decepcionaram os fãs das obras originais.
Claro que existem algumas exceções, mas a grande maioria das adaptações são carregadas por decisões extremamente controversas.
E é por isso que o vindouro filme de animação do “Super Mario” desperta tantos sentimentos diferentes aos fãs, afinal, estamos falando do personagem mais icônico e reconhecido do mundo dos games.
Seria esse filme o pontapé inicial para uma nova fase de adaptações de games para o cinema?
Ou será que teremos mais um exemplar para entrar na lista de decepções?
O filme tem estreia agendada para 2022, então talvez seja um pouco cedo para estabelecer uma resposta objetiva, contudo, é possível analisar o contexto atual e estabelecer expectativas com base nas informações que já estão disponíveis
Por esse motivo, este artigo busca revisitar a relação entre a Nintendo e o cinema durante toda sua história, além de também centralizar todas as informações que já temos em relação ao novo filme do “Super Mario”.
Vamos lá?
A Nintendo e o cinema: uma relação de poucos altos e muitos baixos!
A relação entre a Nintendo e o cinema se inicia em 1989 com o lançamento de “The Wizard” ou “O Gênio do Vídeo Game”, filme que tinha como principal objetivo ser uma vitrine para o lançamento de Super Mario Bros 3, além de também apresentar diversos outros produtos da Nintendo como a icônica Power Glove.
Com uma trama simples, acompanhamos Jimmy, um garoto com uma habilidade inata para jogos e que, por ter um transtorno mental, acaba sendo colocado em uma instituição, a partir daí, seu irmão foge com ele para a Califórnia para participar de um grande torneio de videogame.
O filme tem uma estrutura de road movie e durante a viagem, diversos arcades, consoles e acessórios são mostrados de maneira orgânica, de fato, o filme não tem uma trama muito envolvente, então essas aparições acabam sendo a característica mais atrativa do longa.
Divertido e reprisado dezenas de vezes na sessão da tarde, “O Gênio do Vídeo Game” foi o pontapé inicial da relação da Nintendo com o cinema, relação essa que anos depois renderia outra obra bastante controversa e no mínimo… Curiosa?
“Super Mario Bros.” foi a primeira (e única, até então) adaptação do bigodudo para as telonas, mas o resultado foi muito diferente do que os fãs esperavam.
O tom lúdico e fantasioso dos jogos perdeu espaço para uma ambientação mais obscura e um clima levemente perturbador, os personagens ganharam novas facetas e, no final das contas, ficou nítido que a liberdade criativa dos produtores, diretores e roteiristas envolvidos acabou pesando demais, resultando em um longa esquisito e decepcionante.
Com o tempo, “Super Mario Bros.” acabou sendo cultuado como uma obra trash, tornando-se um filme até divertido quando assistido por essa ótica.
Mas tamanha ousadia não agradou os críticos e nem o público, o filme foi um fracasso nas bilheterias e acabou sendo responsável pelo fim da relação direta entre a Nintendo e o cinema.
De lá pra cá, não tivemos nenhuma outra propriedade intelectual da empresa ganhando as telonas, o estigma de que adaptações de games não rendiam bons filmes acabou ganhando força e levou um tempo para que essa percepção fosse modificada.
Levando em consideração apenas o cinema blockbuster e excluindo da parcela filmes como “Pixels” (que faz referências pontuais a obras da empresa), podemos concluir que “Pokémon: Detetive Pikachu” é o primeiro longa metragem adaptado de um jogo exclusivo da Nintendo que de fato conquistou bons resultados.
O filme saiu do papel após a febre inigualável de “Pokémon GO” no ano de 2016, a ideia era aproveitar o hype que havia atravessado a bolha dos fãs para lançar um filme que pudesse surfar nessa onda.
A ideia de adaptar o jogo de 3DS pareceu ousada e arriscada, afinal, trata-se de um spin-off que foge completamente do formato conhecido pela maior parte do público, contudo, tamanha ousadia funcionou e o filme conseguiu agradar boa parte dos fãs e do público mais casual, aproveitando sua identidade visual para criar um clima nostálgico e estabelecendo uma trama simples e funcional.
Dessa forma, o filme alcançou bons resultados nas bilheterias e conseguiu subverter as expectativas.
O timing perfeito para um novo filme do Super Mario
Ao considerar o histórico até então, imaginar um novo filme do Mario pode parecer uma ideia perigosa.
Contudo, se considerarmos o contexto atual do mercado, talvez seja de fato o melhor momento para arriscar uma segunda tentativa de levar o Mario para as telonas.
Diversos fatores como a alta do mercado da nostalgia, a inauguração dos parques temáticos do Super Nintendo World na Universal Studios e o sucesso exponencial do Switch, contribuem para esse cenário.
Aproveitar essa realidade para levar o Mario para o cinema pode ser uma maneira inteligente de engajar os fãs, além de também servir como uma vitrine eficaz para atrair um novo público.
O que pode favorecer (ou não) essa ideia?
Diversos fatores jogam tanto a favor quanto contra esse filme, e estar a par de todos eles é a melhor forma de manter as expectativas realistas.
O fato do filme ser uma animação mostra um pontapé inicial promissor para a ideia, facilitando a oportunidade de realizar uma adaptação mais fiel da franquia (ao contrário do que experienciamos no live action de 1993).
No entanto, a animação será produzida pela Illumination, estúdio pouco aclamado que, apesar de ser responsável por franquias de sucesso como “Meu Malvado Favorito” e “Pets”, não demonstra tanta criatividade para construir roteiros engenhosos (principalmente em suas sequências).
Contudo, o novo filme do Mario terá o envolvimento direto de Shigeru Miyamoto na produção, o criador da franquia pode ser uma peça chave para guiar os roteiristas na hora de tomar as melhores decisões para a transição de mídia da franquia.
Transportar o clima dos jogos para um roteiro envolvente e funcional é uma missão desafiadora, afinal, os jogos contam com enredos simples e que cumpriam seus papéis na hora de estabelecer o cenário para que aspectos como jogabilidade, visual e trilha sonora brilhassem.
Ou seja, ao mesmo tempo que diversos fatores contribuem para o sucesso do filme, também temos pontos de atenção que nos ajudam na hora de segurar as expectativas, resta a nós esperarmos o primeiro trailer para assim, termos ao menos uma visão mais clara do que vem por aí.
Por hora, termino essa coluna levantando mais duas questões: podemos esperar uma nova onda de adaptações cinematográficas de franquias da Nintendo? Longas inspirados em franquias como Zelda ou Metroid serão uma realidade no futuro?
Bom… Eu ainda não sei! Mas com certeza essas respostas virão após a estreia e repercussão desse novo filme do Mario, o que nos resta é aguardar até 2022!
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