Após um hiato sem Directs, a Nintendo voltou com sua tradicional apresentação, dessa vez focado em jogos de terceiros(Partners Showcase). Após algumas apresentações não muito brilhantes(Bakugan que o diga), em Setembro através de uma dessas Partners Showcase, a Nintendo chamou atenção ao anunciar a versão de Ori: and the Will of the Wisps — o badalado jogo da Microsoft para o Nintendo Switch.
Desenvolvido pela Moon Studios, estúdio independente adquirido pela Microsoft em 2011, Ori: and the Will of the Wisps é fruto de mais uma demonstração do bom relacionamento entre Nintendo e Microsoft. Muito bem recebido pela crítica, a continuação das aventuras de Ori encanta, provando que é um dos melhores jogos do ano. Nessa review trataremos Ori com todo carinho que ele merece, analisando sua versão no Nintendo Switch.
O início
Utilizando a mesma fórmula de sucesso do primeiro jogo, Ori: and the Will of the Wisps possui várias semelhanças com seu antecessor, a começar pelo Menu. Nele as árvores balançam, a música emociona, e segurar as Lágrimas chega a ser inevitável (Para vivenciar Ori, aconselho deixar uma caixa de lenços do lado). Quando iniciamos o jogo de fato, a história começa a ser introduzida, com legendas em português para facilitar o entendimento. Seguindo os acontecimentos anteriores, Ori juntamente com Naru e Gumo, agora cuidam de uma pequena coruja, filha de Kuro: a vilã(não tão vilã assim) do primeiro jogo.
Em um dia normal, a filhote coruja resolve tentar alçar seu primeiro voo.
Sem estar com a asa totalmente desenvolvida, ela não consegue, e Ori tenta ajudar. Colocando sua pena azul (usada para flutuar) presa a asa da coruja, os dois partem para um passeio na intenção de testar as novas habilidades de voo adquiridas. Já dentro da floresta, são surpreendidos por uma tempestade que acaba por separa-los, lançando a pobre coruja na temida floresta silenciosa. E assim se inicia a incessante busca de Ori, que além de resgatar sua irmã sob perseguição, ainda precisa lidar com os problemas que essa tempestade trouxe: a degradação de Niwen.
O que torna esse jogo tão especial?
Com toda certeza, o que mais me impressiona em Ori: and the Will of the wisps é a direção de arte. Tudo é executado com maestria, acompanhado de uma bela trilha sonora orquestrada. A movimentação e gesticulação dos personagens em cutscenes ou dialogando com Ori, são de aplaudir de pé. A atmosfera do jogo leva o jogador de momentos relaxantes para momentos tensos quase que a todo momento. Se preparem! Como foi dito antes, ficar com os olhos cheios d’ água podem ser recorrentes durante a estadia nas terras de Niwen, já que temos que lidar com diversos sentimentos tudo ao mesmo tempo: amor fraternal/maternal, rejeição, e aceitação de perda ou morte. Ori: and the Will of the wisps na minha percepção ainda trata de valores que servem como aprendizado para o jogador: a importância da família, da adoção e de um conceito polêmico — ninguém é mau por natureza, e sim por consequência da vida. Cada personagem tem seu papel na trama. Ori por sua vez, me lembra muito a(o) Amaterasu(Okami). Ambos desempenham um papel semelhante ao seu mundo: resolver problemas garantindo o bem estar de todos. Grito, é a coruja antagonista que persegue Ori. Ela sofre com as injustiças do mundo, fazendo com que a mesma tenha que viver na escuridão. Naru a mãe adotiva de Ori é a personagem que mais me encanta desde o primeiro jogo. Ela representa as muitas mães da vida real: incansável, que protegem seus filhos a todo custo.
Gameplay
Ori: and the Will of the Wisps é um metroidvania que aprimora o estilo. Ori é leve e versátil, e agora não é mais dependente do espírito Sein. Seu combate é baseado em ataques corpo a corpo (lâmina de Luz) e ataques de longo alcance (arco e flecha). Algumas habilidades do jogo anterior foram mantidas, e a adição de novas foram totalmente bem vindas. As árvores espirituais de Niwen continuam fornecendo a Ori essas habilidades, que podem ser passivas ou ativas: passivas não precisam ser selecionadas na roda de habilidade, ficando disponíveis para uso imediatamente após desbloqueá-las. Já as ativas podem ser escolhidas na roda de habilidade, das quais três podem estar ativas ao mesmo tempo, podendo ser trocadas à vontade mesmo durante o combate. As batalhas e perseguições com chefes é o “clímax” de tudo. Parecem cenas cinematográficas, que exigem muita concentração por parte do jogador. Ori: and the Will of the Wisps se alimenta de uma fonte bem conhecida quanto a power-ups. Utilizando o mesmo raciocínio de Hollow Night (metroidvania muito bem aclamado) Ori se fortalece através de fragmentos espirituais, sendo estes equipados em slots. Existe uma quantidade considerável desses fragmentos a serem coletados ou trocados. Alguns muito importantes, que fazem Ori aumentar a quantidade de pulos, grudar em paredes e até mesmo coletar itens automaticamente ao derrotar inimigos. O mapa que é muito importante em metroidvanias, está amplo e simplificado. Nele, podemos visualizar quests, localização de itens e realizar viagens rápidas para certo pontos. Um vendedor se encontra em todas as áreas para atualizar o mapa e te ajudar a não ficar perdido.
Elementos do jogo
As quests secundárias são recorrentes durante a aventura. Muitos personagens do jogo oferecem missões ou comercializam e aprimoram fragmentos espirituais. Em algumas dessas quests secundárias a recompensa obtida servem para concluir outra quest, por isso é necessário ter uma boa memória para lembrar o que os NPCs geralmente pedem — estar sempre conversando com eles também ajudam nesse processo. Ori: and the Will of the Wisps conta também com desafios que recompensam o jogador. Nos desafios Santuários de Combate, Ori luta contra ondas de inimigos, que tem como recompensa aumentar a quantidade de slots dos fragmentos espirituais. Já nos desafios Corrida, Ori tem que passar por percursos de corrida, que permitem ao jogador correr contra os “fantasmas” de outros jogadores, tentando bater o seu tempo registado. Em opções, podemos ver o placar de líderes e conquistas. Os salvamentos automáticos substituíram as ligações espirituais que permitiam salvar em qualquer parte do jogo. Células de vida e energia que recuperam ambos, continuam presentes — assim como os orbes dourados, que agora servem de moeda de troca para os comerciantes. Fragmentos de células de vida e de energia são coletados para atualizar sua vida e energia. Alguns personagens vivem em uma área chamada de “Clareiras” que funciona como um campo de refugiados, devastada pela degradação. Ori tem a missão de ajudar os moradores a prosperar: plantando sementes, reconstruindo casas, aumentando a população, entre outras coisas. Minérios Gorlek são alguns dos itens que estão espalhados no mapa que ajudam na melhoria das Clareiras. Ori: and the Will of the Wisps me levou cerca de 20 horas para concluir, sem alcançar os 100%.
Dificuldade e desempenho
Ori: and the Blind Forest tinha como uma das suas marcas registradas, a dificuldade. Eram muitas mortes contabilizadas, e você tinha que repetir muitas vezes para enfim avançar. Em Ori: and the Will of the wisps vivenciei a aventura no modo normal, notando uma dificuldade menor em relação ao antecessor. Passei a ficar bem mais tempo vivo no corpo do pequeno guardião espiritual, e acabei me estressando apenas algumas vezes, nos desafios Corrida. Alguns fatores como o arsenal de Ori estar mais completo, salvamento automático, e controles já conhecidos podem ter influenciados na minha experiência. De qualquer forma deixo claro, a dificuldade normal em nenhum momento deixa de ser desafiadora. Quanto ao desempenho, é excelente no Nintendo Switch. É difícil de acreditar que o port consegue atingir resultados muito parecidos com sua versão original, que roda em um console bem mais parrudo. O jogo fica lindo tanto na TV quanto no modo portátil, alcançando resolução de 900p em modo dock e 720 no modo portátil. A taxa de frame rate chega a 60 fps instável em modo dock e portátil. Bem otimizado, Ori: and the Will of the wisps é um dos melhores ports criados no console híbrido. Quanto a falhas, alguns travamentos e um bug ocorreu comigo: Ori atravessou o chão e ficou preso, para depois de algum tempo aparecer em uma outra área.
Edição de Colecionador
Ori: and the Will of the Wisps está disponível no Nintendo Switch desde o dia 17 de Setembro, mesmo dia em que foi revelado na Direct. Você pode encontra-lo na eshop americana, com o valor de $ 29,99. Uma edição física comemorativa também foi disponibilizada e será limitada. Além das edições físicas de Ori: and the Will of the Wisps e Ori: and the Blind Forest com arte de capa reversível, compõe essa edição:
- Caixa premium com acabamento que brilha no escuro
- Artes dos jogos
- Guia “The Flora & Fauna of Ori”
- Sketchbook com arte de produção raramente vista
- Conjunto de cartões de arte colecionáveis
- Pin em esmalte duro que brilha no escuro
- Cartões de download digital para as trilha sonora dos dois jogos, que foi composta por Gareth Coker.
Conclusão
Ori: and the Will of the Wisps é o jogo que você deve agradecer todos os dias por ele existir. Ele representa um estilo que atravessou gerações e ainda permanece como um dos melhores. Como um verdadeiro turbilhão de emoções, o jogo se destaca pelos combates dinâmicos e direção de arte. A trilha sonora se encaixa perfeitamente em cada cenário, seja nos momentos de tensão ou serenidade. Caiu como uma luva no Nintendo Switch, mostrando que o console ainda pode surpreender em termos de desempenho e gráficos.
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