Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

Considerado um cult dos RPGs táticos, Phantom Brave, publicado em 2004 pela Nippon Ichi Software, acaba de receber uma sequência um tanto inesperada: The Lost Hero. O game busca resgatar suas raízes em termos de história, personalidade e gameplay, ao mesmo tempo que convida novos jogadores a conhecerem a franquia.

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

História

Apesar de ser considerado uma sequência, não há necessidade de jogar o primeiro game para entender The Lost Hero. O máximo que o jogador perderia seriam algumas citações, que são relativamente fáceis de compreender.

A narrativa gira em torno de Marona, uma garotinha órfã que sobreviveu graças aos cuidados de seu protetor, Ash. O detalhe que torna essa relação tão especial é o fato de Ash ser um phantom, um ser espectral, basicamente o fantasma de alguém que já morreu. Phantoms são comumente repudiados e inacessíveis para os vivos. Todo o carinho e afeto que Ash entregou a Marona, além da sua exposição constante, permitiram que ela desenvolvesse uma forte conexão e empatia com esses seres espectrais, a ponto de despertar poderes capazes de interagir com seu plano e trazê-los ao mundo dos vivos.

O game possui uma excelente introdução, contextualizando bem o jogador e explicando todas as particularidades do universo onde se passa a trama. A história se desenrola em uma genuína aventura pirata, logo depois de uma grande perda sofrida por Marona. Após esse triste evento, ela conhece Apricot, o phantom da filha de um renomado pirata nobre, com quem faz amizade. Juntas, decidem partir em uma jornada ao perceberem que seus desejos se complementavam.

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

A aventura em si é emocionante. Velejar pelo mundo, conhecer locais com suas próprias histórias, formar novas amizades e alianças, enfrentar novos inimigos… Tudo isso é muito bem cadenciado. O jogo sofre com clichês, e ele mesmo tem consciência disso. Por esse motivo, em diversos momentos, ele surpreende ao fugir escancaradamente das expectativas do jogador, adicionando uma camada extra de humor. Em contrapartida, a trama também apresenta plots interessantes, e é muito satisfatório acompanhar o desenvolvimento dos personagens principais. O jogador percebe um progresso real e nota o cuidado que o jogo tem com sua narrativa e universo. Um ponto que reforça essa imersão é a existência de jornais de notícias do mundo do jogo e cartas enviadas pelos personagens para os membros da tripulação.

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

Arte

Desde o início, é possível perceber a identidade visual que o jogo quer transmitir: um estilo chibi inspirado em animes, com uma ambientação lúdica, infantil e divertida, combinando com a personalidade alegre e inocente da protagonista. Durante as cenas da história e ilustrações mais detalhadas, são utilizados desenhos proporcionais para que possamos ver melhor a aparência dos personagens e compreender suas personalidades.

O jogo é repleto de personalidade, trazendo personagens de diferentes aparências e raças (desde humanos até semi-bestiais e monstros). Apesar de alguns visuais serem um pouco apelativos, são carismáticos e refletem bem as funções e personalidades dentro do jogo. Essa qualidade na parte visual, no entanto, evidencia uma das maiores limitações do game: a criação de personagens. É incrível a quantidade de classes disponíveis (tema abordado mais adiante), todas muito bem caracterizadas. No entanto, a personalização se limita à escolha de cores e nomes, sem opção de alterar a aparência fixa baseada na classe, o que gera uma quebra de expectativa, considerando o imenso potencial de uma personalização mais elaborada.

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

A ambientação do game se encaixa muito bem com sua proposta. Os cenários são coloridos e cheios de vida, evitando a monotonia, mesmo quando são repetidos. A trilha sonora também contribui para a imersão, mantendo a atenção do jogador até mesmo fora das batalhas.

O humor é um dos pontos altos do jogo e está presente a todo momento. Ele beira o descompromisso, mas nunca ultrapassa essa linha. Desde os diálogos até os nomes de itens, o jogo faz piadas e referências a diversos memes da internet (principalmente estrangeiros), incluindo algumas piadas mais sutis que apenas adultos irão captar. A história é contada em um estilo semelhante ao de uma visual novel, com imagens estáticas dos personagens interagindo entre si. A dublagem pode parecer um pouco caricata no início, mas com o tempo se torna natural.

Gameplay, Mecânicas e Dicas

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

RPGs táticos, em geral, tendem a ser mais complexos e apresentar uma curva de aprendizado mais íngreme do que os RPGs convencionais. Isso exige um esforço adicional por parte dos desenvolvedores para atrair e prender novos jogadores, e Phantom Brave: The Lost Hero se mostrou uma excelente porta de entrada.

O game tem um cuidado especial ao ensinar todos os aspectos de sua proposta, com ótimos tutoriais e guias acessíveis a qualquer momento. Além das questões mecânicas, os desenvolvedores também indicam certos “macetes” que o jogador pode utilizar para impulsionar sua criatividade e explorar todas as ferramentas do jogo ao máximo. A dificuldade também é bem equilibrada para iniciantes, com a opção “Normal” apresentando uma curva de aprendizado acessível.

Agora, se você já tem alguma familiaridade com o gênero, recomenda-se fortemente a escolha da opção “Difícil”, pois, do contrário, o jogo pode se tornar fácil demais.

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Mecânicas de jogo

Diferentemente da maioria dos RPGs táticos, Phantom Brave não permite que o jogador posicione um exército no início de cada batalha. Em vez disso, Marona, a protagonista, funciona como uma espécie de necromante (embora em uma versão suavizada), sendo capaz de invocar seus soldados para lutar por ela.

A invocação ocorre por meio da habilidade Confine, exclusiva de Marona, que permite invocar um Phantom em objetos espalhados pelo mapa, respeitando um limite específico. Mesmo sendo a mecânica mais básica do jogo, ela possui suas peculiaridades: os objetos do cenário geralmente concedem efeitos passivos ao Phantom invocado neles, como aumento de força ou resistência, além de influenciarem aqueles invocados em objetos ligados a eles. Além disso, personagens de classes com boa capacidade de plunder podem equipar, caso ainda não tenham uma arma, os objetos nos quais foram invocados.

As batalhas são dinâmicas e proporcionam uma diversão única. As regras seguem o convencional: cada personagem tem seu turno, e a ordem é indicada por uma linha do tempo no canto da tela. A variedade de classes é impressionante, abrangendo desde profissões até raças de monstros, cada uma com habilidades específicas, personalidades distintas, estilos de jogo próprios e pontos fortes. Essa diversidade motiva o jogador a experimentar diferentes abordagens, tornando cada exército único.

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O movimento durante as batalhas é livre dentro do alcance do personagem, e, como Marona atua basicamente como o “meio-campo” da equipe, os combates fluem de maneira verdadeiramente envolvente.

O jogo também oferece uma grande variedade de arenas e terrenos, assim como diferentes ameaças e desafios, permitindo que todas as classes brilhem. Apesar de a maioria das batalhas ter o objetivo padrão de “Derrotar todos!”, a fluidez e o dinamismo da jogabilidade garantem uma cadência excelente, evitando que o jogo se torne cansativo.

As classes são desbloqueadas gradualmente conforme o jogador avança na história. Além do combate, algumas classes concedem acesso a instalações especiais fora das batalhas, permitindo fortalecer os Phantoms e aprimorar suas habilidades — algo essencial para uma boa campanha.

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A mecânica Confriend

A mecânica Confriend é basicamente uma fusão ao estilo Dragon Ball, na qual Marona se combina com um Phantom com quem tem uma amizade forte. A forma assumida por ela varia conforme a classe do Phantom, concedendo-lhe habilidades diferentes e exclusivas.

Após se fundir, Marona pode utilizar tanto suas próprias habilidades quanto as do ser espectral escolhido, além de liberar um golpe poderosíssimo de uso único, dependendo da forma assumida. Além do aumento de poder, Confriend permite à protagonista realizar vários turnos consecutivos, com a quantidade dependendo do nível de amizade com o Phantom. Quando a fusão termina, ela retorna à sua forma normal e o ser espectral envolvido na fusão é removido da batalha, não podendo ser invocado novamente até o fim do combate.

Dicas do Dudu

  • Ao invocar um Phantom em batalha, priorize a posição do objeto no cenário em vez dos buffs que ele concede. Os buffs são úteis, mas como os turnos são limitados, o posicionamento é essencial para garantir um turno inicial devastador.
  • Eu particularmente não equipei nenhuma arma na Marona para economizar no limite de invocação e me senti recompensado por isso. Afinal, isso cria oportunidades para invocar um personagem sem arma (muitas classes se beneficiam disso) para batalhar, controlar um gadget ou simplesmente ganhar experiência.
  • A instalação do chefe de cozinha é ótima para acelerar a inserção de um novo membro no exército principal. Utilize pelo menos 20% da capacidade disponível para armazenar experiência e usá-la posteriormente. Isso incentiva a testar novas abordagens e personagens.
  • Títulos são essenciais para maximizar o potencial dos seus personagens. Use e abuse da instalação da bruxa para adquiri-los.
  • Muitas classes ficam mais fortes ao utilizarem armas específicas. Sempre leia as habilidades dos personagens para saber qual arma equipar. Não encontrou a arma desejada na loja nem como recompensa de missão? Fique atento, pois algum inimigo da história pode estar usando-a — nesse caso, basta pegá-la quando ele a derrubar ou usar um mercador.
  • Tenha sempre um mercador com nível equivalente ao do grupo principal para garantir acesso fácil a armas poderosas.
  • Seu alcance de movimento diminui caso você realize uma ação após se mover. Portanto, antes de se deslocar, verifique se há algo que você pode fazer no local atual.
  • Reserve o Confriend para momentos críticos (ou simplesmente para desbloquear uma roupa da Marona que você ainda não viu — ambos são motivos válidos!).
  • À medida que avança no jogo, certifique-se de que mais personagens estejam com níveis compatíveis com os inimigos. As batalhas ficam cada vez mais longas e exigentes.

Performance do jogo

A performance do jogo, no geral, pode ser considerada satisfatória, mas está longe de ser excelente. Em batalhas com muitos elementos na tela, o Switch sofre quedas significativas de desempenho.

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade

Conclusão

Phantom Brave: The Lost Hero tem tudo para surpreender o jogador. A jogabilidade é fluida, e sua personalidade cativa. As inúmeras possibilidades que o jogo oferece incentivam a criatividade e mantêm o jogador engajado.

Entretanto, o preço pode ser um pouco salgado pelo conjunto da obra, e a falta de localização em português pode impedir que muitos jogadores aproveitem plenamente as referências e piadas.

No geral, é um excelente jogo tanto para quem deseja se aventurar no mundo dos RPGs táticos quanto para aqueles que buscam uma experiência leve para aproveitar em um domingo de jogatina.

Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade
Phantom Brave: The Lost Hero, RPG tático rico em personalidade e criatividade
Veredito
Phantom Brave: The Lost Hero surpreende os jogadores com sua gameplay fluída e personalidade divertida. O jogo oferece diversas possibilidades para criatividade, cativando o jogador. Apesar do conteúdo interessante, o preço pode parecer alto e a falta de localização em português faz com que algumas referências e piadas sejam perdidas. No geral, é uma boa escolha para fãs de RPGs táticos ou para quem busca uma experiência leve para passar o domingo.
Design
90
Trilha Sonora
90
Diversão
100
Gameplay
90
Custo x Beneficio
80
Prós
Gameplay fluida e dinâmica
Super carismático
Ótimo conteúdo e possibilidades de criação
Contras
Falta de localização em pt-br
Criação de personagem limitada
Alguns problemas de performance
90
Nota Final

Phantom Brave: The Lost Hero surprises players with its fluid gameplay and fun personality. The game offers various opportunities for creativity, captivating the player. Despite its interesting content, the price may seem high, and the lack of Portuguese localization causes some references and jokes to be lost. Overall, it’s a good choice for tactical RPG fans or those looking for a lighthearted experience to enjoy on a Sunday.

[Nota do Editor: Phantom Brave: The Lost Hero foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela NIS America para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Apaixonado pela Nintendo, decidi colocar em palavras algumas das minhas aventuras em mundos com espadas, dados, magia, cartas, e de tudo um pouco. Já venci alguns torneios de Mario Kart por aí e acabei sendo o campeão brasileiro de Mario Strikers uma vez.