Pokémon GO tem a menor arrecadação nos últimos 5 anos

A queda segue as recentes mudanças controversas em seus passes de Remote Raid

Pokémon GO - Baixa arrecadação

O Pokémon Go teve uma grande queda na receita no mês passado, com os ganhos caindo para o nível mais baixo em mais de cinco anos.

Conforme relatado pelo Mobilegamer.biz, o jogo da Niantic obteve uma receita mensal de US$ 34,7 milhões de dólares em abril, tornando-se o 12º jogo para celular de maior bilheteria em todo o mundo.

Embora isso pareça positivo, no entanto, o site observa que é uma queda acentuada em comparação com a receita de US$ 42,8 milhões de março, que foi uma queda notável em comparação com os US$ 57,9 milhões obtidos em fevereiro.

Mobilegamer.biz observa que a receita do jogo parece aumentar e diminuir a cada mês à medida que novos eventos no jogo são lançados, mas que uma queda de 40% em um período de dois meses é, no entanto, incomumente íngreme para um jogo consistentemente popular.

No ano passado, o jogo arrecadou US$ 703 milhões no total, uma média de US$ 58 milhões por mês, então os números de abril estão bem abaixo da média. De fato, de acordo com o relatório, o valor de US$ 34,7 milhões é a menor receita mensal do jogo desde fevereiro de 2018.

Uma das razões para a queda repentina pode ser a reação à decisão da Niantic de mudar a maneira como seu sistema Remote Raid funciona, um movimento que alguns rotularam de “imposto por incapacidade”.

As Remote Raids foram introduzidos no início da pandemia do COVID-19 como uma forma de os jogadores participarem dos ataques sem sair de casa.

Para alguns, sua introdução também teve o benefício adicional de tornar o jogo mais acessível para jogadores com deficiência ou imunocomprometidos que teriam dificuldade em sair de casa para jogar mesmo quando não houvesse uma pandemia.

No entanto, a Niantic anunciou em 30 de março que aumentaria o preço dos passes de Remote Raid e limitaria os jogadores a cinco Remote Raids por dia.

A Niantic explicou que este foi “um passo necessário em direção ao [seu] objetivo de preservar e melhorar a experiência única de jogar Pokémon Go”, dizendo: “Os passes de Remote Raid passaram a dominar a experiência de jogar Pokémon Go de uma forma que nunca pretendíamos.”

Embora a decisão de limitar os passes de Remote Raid e torná-los mais caros tenha aparentemente a intenção de encorajar os jogadores a sair e visitar locais de raid na vida real – no espírito original do jogo – outros apontaram que a mudança tem um impacto negativo no jogadores deficientes.

A Niantic está dobrando o custo de jogar Pokémon Go remotamente e limitando o quanto você pode jogar. Isso é o que chamamos de imposto de invalidez. Se você não pode sair de casa ou mora em uma área inacessível, pode jogar, mas vai custar caro e você não pode jogar muito

Disse o diretor sênior da AbleGamers, Steve Spohn, no Twitter quando a mudança foi anunciada originalmente.

Junto a isso outras pessoas se juntaram e demonstraram sua indignação subindo a hashtag #PlayersWithDisabilities junto a hashtag #PokemonGO.

Eu sei que não possuo muitos seguidores mas quero dar minha própria perspectiva, como uma jogadora com deficiência, sobre as recentes mudanças. Por favor compartilhe, meu intuito é apenas espalhar as vivencias das pessoas.

Já é hora de falar sobre essas notícias e sobre essas mudanças que a partir de 6 de Abril irão me obrigar a educar as pessoas que possuem uma visão diferente. Começo afirmando que não falo por todas as pessoas portadoras de deficiência, cada uma possui sua história e situações unicas, estou apenas falando por mim mesma.

Possuo uma deficiência física que limita e não me permite andar fora de casa por longos períodos. As vezes uso uma cadeira de rodas mas é mais comum pra mim usar um andador ou bengala. Há dias que não uso nenhum deles porém ando de forma discutivelmente diferente e bem mais devagar das demais pessoas. Há dias que simplesmente não consigo sair de casa por causa da fraqueza em meus músculos.

Ouvir sobre essa atualização é como levar um tapa na cara. Uma coisa é ouvir de inúmeros criadores de conteúdo e jogadores que “esse jogo não é para mim” ou “eu devo encontrar outro jogo para jogar” o que me faz acreditar que essa visão de mundo pertence a pessoas de mente fechada que não possuem empatia nem são capazes de se colocar no lugar dos outros e ver os desafios que as pessoas com alguma deficiência enfrentam diariamente. Mas ouvir isso diretamente da empresa faz com que o jogo machuque em um nível muito maior.

Enquanto estive hospitalizada, esse jogo me permitiu estar em um meio social principalmente durante a COVID onde eu não podia ter nenhuma visita. Ele me permitiu conversar com treinadores de todo o mundo, ajudá-los a pegar shinies e outros.

Mas além disso me permitiu conversar sobre outras coisas sem ser sobre estar hospitalizada ou sobre a deficiência que possuo. Me permitiu escapar dos meus próprios problemas e ajudar, por algum momento, as pessoas a enfrentarem os chefes das Raids. Me deu liberdade e me deu a sensação ser ser igual a todos.

Eu estava feliz e isso me deu algo para persistir e seguir em frente. Me forçou a sair de casa mesmo quando o esforço é absurdo. Dessa forma eu conto e utilizo muito das Remotes Raids, porém não me é possível andar a distância agora requerida entre os ginásios mesmo vivendo em uma área populosa o suficiente para haver vários deles.

Eu não acredito, mesmo lendo todas as decisões e motivações da Pokémon GO, que isso foi levado em consideração. Ou pelo menos tenha sido considerada não importante o suficiente. Nós somamos uma quantia tão “pequena” no montante de jogadores para sermos levados em conta. Mas nós existimos Niantic, nós estamos aqui. E independentemente se houvessem 1 ou 100000 de nós, isso não importa. COVID mudou a forma que o jogo é jogado e acredito que mudou para melhor. Se tornou mais acessível em formas que você nem imagina para jogadores como eu. É uma decepção, uma decisão pobre e medíocre regredir tudo isso agora. Eu entendo e até mesmo concordo com suas decisões e motivações, mas é discutível que você esteja me rotulando como “invisível” e contra isso eu não posso ficar quieta.

Eu mereço ser vista e ouvida.

Disse Darla Ha, uma jogadora com mobilidade reduzida residente em Sidney, na Austrália.

O que acha disso tudo? Essas alterações também impactam sua jogabilidade? Nos diga abaixo nos comentários!

Desenvolvedor, gamer, marido e pai de pet. Um fã de Zelda, Monster Hunter, RPGs e Metroidvanias, que ama dar risadas, desenhar, jogar e reclamar que não tem tempo para fazer isso mais vezes.