Diferente de hoje, na época do Nintendo 64 não era incomum encontrar jogos de Fórmula 1 com pegada mais arcade. Com o passar das décadas isso foi se perdendo, já que o mercado focou muito em simulação. A 3D Clouds parece ter encontrado a fusão perfeita entre estes conceitos com o Formula Legends, que tem lançamento marcado para 18 de setembro, mas já conta com demo gratuita disponível no Nintendo Switch (1 e 2).
Observação: na publicação deste texto, a versão demo somente estava disponível na eShop do Reino Unido. Portanto, é preciso alterar o país de sua conta para baixa-la. Clique aqui para aprender a fazer isso.
Esta, portanto, é uma preview do game, que sem exageros, parece ser um dos, se não o mais ambicioso título de corrida do Nintendo Switch desde… bem, praticamente desde sempre.
Nas palavras dos desenvolvedores, Formula Legends é “uma carta de amor à Fórmula”, que te leva “em uma jornada pelos períodos mais icônicos do automobilismo”, passando pelas “máquinas barulhentas dos anos 60 à tecnologia de ponta dos dias atuais”.

A demo vai de encontro a esta descrição e funciona como um convite ao jogo final. O foco está na jogatina rápida a partir do “Modo Personalizado” ou então do “Contra o Tempo”. Isso porque tanto o “salão”, para visualizar os itens adquiridos, como o “modo história”, onde você pode “reviver a história da Fórmula dos primeiros dias até a era moderna, desbloqueando recompensas” estão trancados nesta versão.
Indo ao que interessa: no “Modo Personalizado” é possível jogar uma corrida isolada, com regras específicas, mas a função de “campeonato” não está disponível. Também é possível passar pelo tutorial, o que é altamente recomendado, já que Formula Legends traz todos os principais recursos da Fórmula 1 moderna, como similares ao DRS (Sistema de Redução de Arrasto) e ao Kers (Sistema de Recuperação de Energia Cinética) e também situações de “fritada” de pneus, punições por passar dos limites da pista e muito mais.
Nota do autor: o tutorial explica que a “trajetória ideal” – que na maioria dos jogos é representada por uma linha verde na hora de acelerar e vermelha na hora de frear – é representada pelas marcas de pneus no asfalto. Isso, além de refletir a realidade, é um recurso de games considerado retrô, como os jogos de Formula 1 do PlayStation 1. Não há, também, opção de “flashback”. Ou seja: se errou, pague pelos erros. É difícil, é duro. Mas também muito recompensador – e uma decisão corajosa.

Além de poder selecionar a quantidade de voltas de qualificação, a duração e a dificuldade da corrida, o jogador pode escolher se haverá ou não incidência de penalidades, controle de tração, antitravamento de freios, SRV (que é o sistema equivalente ao DRS, onde a asa dos carros modernos abre em determinadas retas, garantindo maior velocidade em razão do ganho aerodinâmico), consumo de combustível, desgaste de pneus, danos e colisões.
Depois destas configurações, a demo de Formula Legends oferece duas pistas: Ardenas, na Bélgica, e Magiar, na Hungria. Ambas possuem diferentes traçados, sendo que a primeira pode receber provas nas versões “vintage”, “clássica” e “moderna”, e a segunda apenas nas duas últimas categorias. Ponto positivo para a precisão na representação dos circuitos: fazer a tradicional “Eau Rouge”, na Bélgica, é bem desafiador, enquanto as curvas da Hungria oferecem um desafio menor.
Também é permitido escolher a variação climática, e depois vem a seleção de carros. Estão liberados veículos do “meio dos anos 70”, do “início dos anos 90” e do “meio dos anos 20”. E tudo é inspirado em nomes reais. Por exemplo, os fãs da Fórmula 1 atual vão adorar pilotar com a Ferenzo de Charlie LaCreme, a MC Lauden de Chuck Morris, a WhiteHorn de Mark Peerstallen ou a Merkseds de Luis Hammerton, enquanto os mais saudosistas certamente vão optar pela Ferenzo de Alan Proust, pela MC Lauden de Byron Renna, pela Will Win de Nick Mandels ou até mesmo pela Huski de Jim Hunter.

Existem carros com configurações “padrão” e também outros que contam com atributos extra. Por exemplo, a MC Lauden de Osvald Pastry (qualquer semelhança com o atual líder do campeonato na vida real é mera coincidência) tem mais força de frenagem e também um pit stop aprimorado.
Quem curte o esporte vai investir muito tempo nessas seleções todas. Mas é hora de correr. Como em todo bom grande prêmio (GP), a diversão começa com a etapa de qualificação, e os sistemas são surpreendentemente realistas.
Todos os circuitos são divididos em três setores, assim como na vida real, e você vai acompanhando o tempo em cada um deles. Na demo, pelo menos, não há as divisões de Q1, Q2 e Q3, mas isso, quem sabe, aparecerá no modo história.
Influenciam, é claro, questões como desgaste de pneus (sendo que nos carros antigos há duas opções de pneus, mas nos modernos todas estão presentes – macios, médios, duros, intermediários e para chuva), uso da bateria e tudo mais.

Merece destaque o sistema de danos. Normalmente em jogos de Fórmula, o dano do veículo é classificado por peça. Por exemplo, uma batida de frente contra o muro certamente danificaria a asa dianteira, que precisaria ser substituída. Aqui é diferente. O carro conta com uma barrinha de “vida”, “sangue”, “saúde” ou qual termo você preferir. A cada batida você perde pontos ali, e se zerar, vai perder muito desempenho. É interessante, pois adiciona um tempero arcade em uma experiência realista, o que é muito bem vindo.
Bem-vindo, aliás, é o sistema de pit stop de Formula Legends. Se o pneu desgasta, você precisa substituir (não fica claro na demo se em algum modo será obrigatório o uso de dois compostos diferentes, como é atualmente na vida real) e ao fazer isso, entrando no pit, você controla a ação. O mini game lembra bem o que foi implementado com muito sucesso em New Star GP, mas depende ainda mais do bom desempenho do jogador.
Com os botões de ombro (L e R) você recupera a “saúde” do veículo, enquanto com os botões de face (Y, X, A, B) você faz as trocas de pneus. Acerte a sequência e terá uma troca limpa e rápida. Erre e perderá tempo, e consequentemente, posições.
Agora, para além disso, a jogabilidade é fluida e recompensa a todos, mas especialmente os mais interessados por automobilismo. Aceleração é importante, mas frenagem também, e o jogo sabe punir quem não entende o melhor momento de frear. Mas também sabe recompensar quem o faz corretamente, e mais ainda quem utiliza cada cantinho das zebras para ganhar vantagem.
Visuais

100% em português do Brasil (o que é um enorme ponto positivo), Formula Legends tem estética única, e inclusive tem um bom modo foto integrado. Sabe o que os Funko Pop, ou os Nendoroids representam para os ̶a̶c̶t̶i̶o̶n̶ ̶f̶i̶g̶u̶r̶e̶s̶ bonequinhos? Uma versão “achatada”, meio “chibi” (ou Super Deformed – SD)… Aqui é mais ou menos isso, e os carros são arredondados e desenhados. Muito único, muito bonito, muito bacana. E o mesmo vale para as pistas (que apresentam detalhes muito interessantes, como faixas brancas pintadas no chão de maneira irregular, assim como são as da vida real também) ambientações e tudo mais.
No entanto, a demo disponível para Nintendo Switch parece não estar na resolução correta. A sensação é de jogar algo em 800 x 480 em uma tela de 1920 x 1080. Tudo está ali, mas os detalhes não ficam tão perceptíveis, já que a experiência é um tanto quanto “borrada”.
Inclusive os carros oponentes parecem ter menos frames que o do jogador, em uma sensação parecida com jogar Fall Guys no Switch, onde isso acontece para poupar processamento.
No mais, é tudo muito bem feito, inclusive os menus e a HUD, que muda de acordo com a época selecionada. Carros antigos têm um painel mais “analógico”, enquanto os mais novos são mais “digitais”, o que colabora – e muito – para a imersão.
O som é outro ponto de destaque, simulando com precisão os roncos dos motores das diferentes eras. Porém, às vezes quando estamos na 8ª marcha, “à milhão” em uma reta, o som parece não representar um motor super potente, e sim um carro de brinquedo. É como se, à toda velocidade, a mixagem se atrapalhasse e acelerasse os sons, gerando um efeito semelhante ao de afinar a voz.

Não estão disponíveis opções de câmera e também não dá para olhar para trás ou para os lados. Somente é possível jogar com a visão que lhe é apresentada, mas isso deve mudar na versão final. Desde o primeiro “play” fica claro ao jogador que é uma “Build Demo”. Essa informação aparece claramente na tela durante toda a jogatina. E a cada vez que você abre o jogo aparece um carro diferente na tela inicial, o que é charmoso e agrega muito ao pacote embalado com carinho aos amantes de automobilismo.
Existem recursos que poderiam ser implementados na versão final, como o contato via áudio entre piloto e engenheiro de corrida, como para informar as condições da corrida, do carro e do clima. Ou então narração, também via áudio. Ou a visão do cockpit e da câmera onboard, o que seria muito bem-vindo. Ou então a câmera isométrica, a criação de um personagem próprio para o modo história, sistema de Q1, Q2 e Q3 para as qualificações… Vamos aguardar para ver. Mas o que foi apresentado na demo é de alto nível, o que gera altas expectativas de uma promessa que o Project N espera – será cumprida muito em breve.
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