Atenção aos talassofóbicos de plantão, esse jogo pode não ser pra você. “O que é um Talassofóbico?” Você deve estar me perguntando: esse é o nome dado às pessoas com fobia do mar, sua vastidão, suas profundezas e animais relacionados, e esse é o cerne de Pronty: Fishy Adventure, esse metroidvania desenvolvido pela 18Light em 2020 e que chega ao switch sendo publicado pela Happinet Corporation e magistralmente localizado em Pt-Br.
História
Em Pronty: Fishy Adventures jogamos com um androide protetor chamado Pronty em um mundo onde a humanidade, centenas de anos no futuro, conseguiu domar os oceanos a ponto de criar inúmeras cidades submarinas. Apesar de conseguirem domar os mares, essa incursão trouxe consequências e gerou mutações terríveis na fauna tornando as águas em ambientes cada vez mais hostis.
Determinado momento acordamos em uma espécie de fortificação submarina e há um equipamento eletrônico que inicia o contato com nosso tutorial e explica que é chegada nosso momento de brilhar junto de nosso amigo e ao mesmo tempo arma Bront, uma arma biônica em formato de peixe espada.
Após o tutorial acontece uma linda cutscene, em formato de história em quadrinhos, mostrando Raksha, o antagonista principal do jogo, e após isso temos um mundo subaquático para explorar. Os demais trechos da história desse mundo e de Royla, a cidade protegida, são desvendados com algumas interações em jogo com maquinários e robôs e mesmo com Bront ao chegar em determinada área e na coleta de alguns discos que contem algum evento passado.
A cada novo disco, local, inimigo ou NPC encontrado parte de sua historia pode ser consultada pelo menu onde podemos ver uma relação de mais de 20 locais importantes, 60 criaturas e 40 registros. E sendo um metroidvania muito desses registros, que agem como colecionáveis do jogo, dependem de novas a habilidades para serem alcançados. Outro fator colecionável são as conquistas em jogo que podem ser visualizadas na tela inicial. São cerca de 40 conquistas que podem ser adquiridas seguindo a história, enfrentando chefes ocultos, executando três finais possíveis e muito mais.
Já que mencionei habilidades, o jogo possui upgrades de vida e energia, bem como alguns inimigos que dão recuperam e dão um bônus nesses atributos. Há upgrades de armas e outras habilidades que se dão no decorrer da história do jogo. Também há um sistema de chips de memória equipáveis que dão alguma habilidade extra. Em determinados momentos poderá escolher em qual dos quatro atributos existentes deseja adicionar o incremento sendo eles: Vida, Energia, Dano e Velocidade de Resfriamento.
A dinâmica do resfriamento serve para balancear algumas ações e dar desafio ao jogo. Determinadas ações podem causar sobreaquecimento ao Bront, sua arma, e um disco sobre a sua cabeça é exibido nessas ações tendo uma redução ao executar a ação ou te proteger de algum projétil, por exemplo. Caso o disco se esgote o Bront ficará no estado sobreaquecido e imóvel e enquanto espera resfriar o seu personagem se torna presa fácil para os monstros ao redor.
Explorando diversos e lindos ambientes diferentes, descobrindo parte da história desse mundo e enfrentando inimigos ferozes e chefes furiosos, Pronty deverá desvendar o que trouxe ruína a esse mundo, seu propósito e derrotar Raksha o principal monstro mutante.
Gameplay
Desafio é a palavra que impera aqui no gameplay. A física aplicada difere de muitos jogos pois estamos em constante “gravidade zero” e com isso todo o espaço de tela é acessível se locomovendo. Isso os obrigou a criar paredes secretas e desafios para serem ultrapassados através de habilidades que na maioria das vezes você ainda não as terá quando se deparar com elas.
Outro é a movimentação. Estamos acostumados em jogar em ambiente seco ou com água nas canelas, mas em Pronty estamos numa eterna fase de água, sem limite de tempo, mas sua movimentação é feita como se tivesse na água. Ou seja é lenta. Com o desenrolar do jogo teremos upgrades de velocidade de movimentação, mas ainda assim, essa lentidão impacta e ela está correta. Não se mantém velocidade debaixo d’água, a não ser que você seja um peixe. E aqui entramos no segundo desafio desse jogo: Ataque com o Bront.
Diferente do habitual comando de ataque pelos botões A ou Y, aqui o comando depende do botão ZR e a direção do ataque é dada com o analógico direito tornando a experiencia mais desafiadora para quem não está habituado a ter que mirar constantemente para atacar. Ao acionar o ataque Bront dispara em alta velocidade na direção do alvo e ao ficar apertando o mesmo botão em sequencia uma série de golpes é desferida. Mas enquanto isso acontece Pronty fica indefesa e 99% dos inimigos tão muito mais acostumados com um ambiente subaquático do que você meu caro jogador, logo são mais rápidos. Um outro jogo que aplicou uma mecânica de ataque semelhante foi Owlboy.
Falamos da gravidade zero, da movimentação e do ataque. Podemos finalizar essa sessão de desafios falando da dificuldade. O jogo possui 5 dificuldades diferentes: Recruta, Sargento, Protetor e Proteus, sendo Recruta o Fácil, Sargento o Normal, Protetor é o modo Difícil e o modo Proteus equivale ao Pra quê isso meu Deus!? Muito Difícil.
Tentei boa parte do tempo no modo Sargento, mas não deu pra mim. Os desafios acima citados pesaram e sobreviver tava complicado, então recomecei o jogo no modo Recruta. Melhorou! Ainda há desafios, os chefes que os digam, mas notei algumas alterações interessantes: Maior movimentação do personagem, menor dano recebido, menor consumo de calor para habilidades com o Bront e menor consumo de energia para habilidades com a Pronty.
“Caso esteja muito desafiador e não esteja se divertindo, se permita jogar em um modo mais fácil. Afinal a diversão é o foco!” (Rufino, Vinícius)
Saindo dos desafios e falando um pouco mais das mecânicas apresentadas, o jogo possui muita exploração e revisitação de locais após obter upgrades. Também há uma boa porção de Chips de Memória, bem semelhantes a Hollow Knight, que dão novas habilidades e podem até mesmo combinar e resultar em habilidades poderosíssimas. Sem contar também na apreciação dos cenários que são um espetáculo a parte.
Design
O fundo do mar é vasto e misterioso, nos permitindo dar asas a imaginação e voar criando possibilidades para esse bioma, e muitas dessas possibilidades encontraram pouso nesse jogo. Houve todo o cuidado de criar áreas totalmente distintas em um mapa grande mas que partem de uma mesma ideia: o fundo do oceano.
Toda a parte artística tem isso como base e coloca elementos de paralaxe, vida nos ambientes, e tudo com um carinho que parece ser feito a mão. Isso não se limita aos cenários apenas, todos os personagens tem essa característica de vida, mesmo nos inimigos e suas mutações as vezes cômicas e as vezes grotescas.
Há no jogo como um todo um ar de Hollow Knight nas mecânicas e no conceito artístico, principalmente no carisma do protagonista. No inicio do jogo podemos escolher qual skin usaremos e temos liberado inicialmente duas skins a SW-417 e a ZX-921 sendo a primeira a referência quando pesquisamos sobre o jogo para Switch. Ao concluir a historia em determinada dificuldade e alguns outros modos de jogo, novas skins são liberadas.
Dados Técnicos
Pesando menos de 2gb e com uma maravilhosa localização em Pt-Br esse jogo chegou ao Nintendo Switch no dia 07 de Março e está custando R$ 81,85 na eshop brasileira. Pode ser jogado com Joycon e Pro Controller e não notei baixa de qualidade nem no modo portátil nem no modo TV.
[Nota do Editor: Pronty: Fishy Adventure foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Stride PR em nome da Happinet para avaliação.]
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