Mais uma vez a QUByte Interactive está de parabéns. Assim como já fizeram antes com Top Racer Collection e outros jogos, Rage of The Dragons NEO resgata um jogo antigo, mas não se limita a apenas disponibilizar um título clássico em plataformas modernas, como o Nintendo Switch. Ao disponibilizar o game de luta lançado originalmente em 2002 para arcades e para o Neo Geo AES, a empresa brasileira faz um favor ao mercado de retrogames, já que além de preservar a experiência original, traz conteúdos inéditos mais do que bem-vindos.
Na versão atual, o jogo passa a contar com o modo “Dragon Challenge”, que consiste em desafios exclusivos (leia mais abaixo), além de partidas ranqueadas ou casuais online sempre com a tecnologia “rollback netcode” e lobby para até 8 jogadores, jukebox para escolher a música que será reproduzida, além de filtros e menus completamente originais, que apresentam os lutadores em formatos inéditos. É muito carinho envolvido.
Jogo único e inovador, principalmente devido a seus visuais e aspectos técnicos altamente elogiados na época. Com belos cenários e animações, movimentos incríveis e uma trilha sonora aclamada, é um jogo obrigatório para qualquer amante de jogos de luta
A página da eshop brasileira, onde o jogo é vendido por honestíssimos R$ 59,90, traz essa frase acima, assim como explica: “famoso por ser muito desafiador, Rage of the Dragons NEO é baseado em batalhas de tag team em que o jogador usa dois personagens, controlando um de cada vez, podendo alterná-los durante o combate e usar os dois ao mesmo tempo para executar movimentos especiais exclusivos”.
O texto destaca ainda a “jogabilidade refinada, personagens carismáticos e um sistema de combate duplo que exige estratégia e precisão. Neste jogo, cada golpe conta e cada decisão pode ser a diferença entre a vitória e a derrota”.
Tudo isso é verdade, e principalmente o fator desafiador. Rage of The Dragons NEO é bom, te adianto. Mas é difícil, difícil e… difícil. Recomendado apenas para quem já tem habilidade e experiência com jogos de luta.
Qualidade
Jogar Rage of The Dragons NEO me transportou direto para uma época curiosa. Houve um tempo em que o PlayStation 2 era caro demais, então o PlayStation 1, mesmo antigo, ainda era a sinônimo de diversão para muitas pessoas (este que vos fala incluso). No entanto, havia um benefício deste tempo: o acesso aos jogos estava mais fácil.
Surgiam, portanto, jogos “inéditos”, que embora tivessem sido lançados há tempos, eram novos para mim e muitos deles em pixel art, como Digimon World 3. Entre eles havia jogos de luta 2D, dos quais me lembro bem de Double Dragon (Double Dragon esse que guarda grandes semelhanças com o título relançado pela QUByte, viu…). E ao jogar Rage of The Dragons NEO me senti de volta neste tempo.
Isso porque há algo de mágico em retornar aos clássicos. Veja: no Switch é possível jogar Mortal Kombat 11, Mortal Kombat 1 e também King of Fighters 2013. Mas um jogo retrô cai bem, e muito bem. Principalmente se você tiver um Switch Lite, que conta com direcional digital perfeito para jogos 2D.
Falo sobre uma série de coisas que Rage of The Dragons NEO tem, como carisma, sprites muito bem desenhados, cenários lindos e interativos, trilha sonora de qualidade, vasta gama de golpes. É toda uma “vibe”, uma estética que remete ao período mais profusor dos games 2D, quando esta vertente estava no mais alto nível técnico.
Arcade na palma da mão
O Nintendo Switch é um híbrido, então o fator portátil está presente. E se há portabilidade, há que se considerar que é muito bacana, mesmo em 2024, levar para qualquer lugar uma experiência essencialmente arcade.
Veja bem: em 2002, no lançamento original de Rage of The Dragons NEO, apenas as pouquíssimas pessoas que tinham um Neo Geo AES poderiam jogar este game em casa. Para todos os outros, era necessário ir ao arcade. Mas agora não. Com o Switch, o jogo acompanha a gente, e isso é bom, principalmente porque ele é difícil demais e assim é possível dominá-lo.
Na estrutura original, a dificuldade muito provavelmente foi pensada para que os lojistas vendessem mais fichas aos clientes. Mas a QUByte, pensando nisso, criou um menu em que é possível fazer a configuração que antes somente os proprietários das máquinas conseguiam: deixar a experiência nativamente mais fácil ou difícil. Porém não se engane: mesmo no modo “fácil” o jogo é difícil e a dica de ouro, que não se poderia fazer nos tempos de fliperama, é utilizar sem dó o modo treino.
Encare Rage of The Dragons NEO como um desafio a ser vencido por etapas. Primeiro, teste os lutadores e entenda com quem você se dá melhor. Pode ser alguém mais voltado ao combate pesado, como Kang Jae Mo, ou então mais rápido, como a brasileira Pupa Salgueiro, ou então os protagonistas Billy e Jimmy (já vi esses nomes, hein…). Depois, escolha um entre os 16 personagens disponíveis. E vá ao modo treino.
Explore as opções de golpes, treine o encaixe de combos, aprenda a esquiva, o pulo. Domine o timing do jogo. Isso será fundamental para que você avance no modo arcade ou então vença aquele amiguinho que fica apertando todos os botões de qualquer jeito no modo versus.
Depois disso, que tal encarar tudo como antigamente? Ligou o Switch? Então tente vencer ao menos uma vez. Perdeu? Coloque uma nova ficha ou então desligue e tente mais tarde. Mas não desista. Afinal, você não desistiria lá em 2002, não é?
Cenários e personagens
Sâo ao todo oito arenas de luta (Dojo, Estacionamento, Discoteca, Igreja, Fábrica, Ringue, Escola, Metrô e Palácio), todos com animações únicas e possibilidade de expansão a partir de golpes que quebram barreiras na tela.
Já os personagens são 16 ao todo, cumprindo com todos os arquétipos que não podem faltar, como os protagonistas loiro e moreno que se contrapõem, a capoeirista brasileira, o lutador fortão, a combatente oriental e rápida e por aí vai. São eles: Billy, Lynn, Sonia, Jimmy, Radel, Annie, Alice, Elias, Cassandra, Oni, Jones, Kang, Pepe, Pupa, Abubo e Johann, sendo que estes dois últimos, sub-chefes, não eram selecionáveis na versão original de árcade.
Desafios do Dragão
Sabe a tal cereja do bolo? É esse modo de jogo “Desafios do Dragão”. São quatro etapas que funcionam da seguinte forma:
- Desafio 1 – Enfrente duas equipes aleatórias + o personagem Abubo
- Desafio 2 – Enfrente três equipes aleatórias + o personagem Abubo
- Desafio 3 – Enfrente quatro equipes aleatórias + o personagem Abubo
- Desafio Final – Enfrente todos os lutadores
Ou seja, é quase como as torres do Mortal Kombat, porém com regras específicas para cada seção. No 1º desafio, por exemplo, cada oponente derrotado restaura 30% da vida total dos personagens e adiciona 30 segundos extras ao cronômetro; e o medidor de TAG restaura 15% mais rápido em combate.
Depois que masterizar os comandos no modo treino e conseguir vencer o modo árcade clássico, é aqui que você vai passar horas e horas, eu te garanto. Bom preparativo para o modo online, quando a CPU difícil é substituída por jogadores experientes que dominam as estratégias de cada lutador.
Veredict
Rage of The Dragons NEO is a high-quality arcade fighting game with a TAG system and a high level of challenge, with charismatic characters and beautiful visuals. Another great success from QUByte Interactive, which has been doing well by bringing classics with new content and renewed menus.
[Nota do Editor: Rage of The Dragons NEO foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela QuByte Interactive para avaliação.]
