Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven – O deslumbrante retorno de um clássico

Temos muito prazer em anunciar que recebemos a oportunidade de jogar Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven antecipadamente para poder dizer a você o que esperar do jogo. O game, lançado em 1993 no Japão, foi um dos grandes inovadores do gênero JRPG, pois em meio a títulos como Final Fantasy, em que era habitual existir uma história e progressão lineares, o jogo dá ao jogador o poder de escolher a ordem dos acontecimentos além de tomar decisões cruciais que influenciam em todo o decorrer da história, tornando cada experiência especial.

Além disso, o jogo, publicado pela Square Enix, possui um sistema de grinding único, “gerações de protagonistas” e mecânicas de batalha que tornam ele um dos games mais desafiadores até os dias de hoje. Revenge of the Seven é um remake que resgata todas essas características do original, mas desta vez, traz mais conteúdo, e tudo de uma forma muito mais moderna e convidativa (sem falar que agora é em 3D).

História

A história em si não será abordada, porque a intenção não é dar spoilers, mas sim do que ela se mostrou ser e a de RS 2, como de praxe nos JRPGS, é grande, épica e recheada de plots entusiasmantes. Trata-se de um confronto tão grandioso a ponto de demandar diversas gerações de imperadores. Foi nessa oportunidade que os desenvolvedores criaram o sistema de sucessão, que será abordado já, já.

As decisões tomadas pelo jogador durante a gameplay influenciam crucialmente na história, seja escolhendo pra onde ir ou fazendo uma side quest X antes de outra missão para então receber um auxílio nela. Dito isso, percebe-se que o foco da história está realmente situado na narrativa “maior” que abrange todo o universo do game (quem você escolhe como sucessor do trono não interfere em nada), mas o caminho até chegar lá é exclusivamente decidido pelo jogador.

A maneira de como a história é contada pode se tornar cansativa para o jogador errado. Inicialmente, você tem noção do contexto geral, mas o desenvolvimento é lento e constante, nebuloso, em que você vai pescando informações aqui e ali para ir juntando os cacos. Não é nada claro e direto, como se o jogo quisesse a sua atenção a todo momento, seja na narrativa quanto na gameplay. A sensação é a de estar lendo um livro denso. Importante frisar que a história de Romancing SaGa 2 é completamente independente, sem relação alguma com os outros títulos da série.

Bases do Game e Desafios

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Uma das modernidades que o remake trouxe foi a seleção de dificuldade através da qual o jogador pode escolher se prefere apenas focar na história, ter uma experiência moderada caso já esteja familiarizado com JRPGs ou jogar no modo raiz ao bom estilo Romancing SaGa, com aquele nível de desafio além do comum, que é uma das características mais marcantes do jogo clássico.

Particularmente falando, eu não recomendaria você jogar no modo fácil, porque a ideia por trás da criação desse game, ou seja, um de seus diferenciais dentro do gênero, é justamente propor um desafio que estimule o jogador a estar ciente de cada movimento e montar uma estratégia. Como já é de se imaginar, as batalhas são por turnos, e a ordem destes é demonstrada em uma linha do tempo muito similar àquela presente em Octopath Traveler.

Explorando e adicionando uma maior complexidade a elas, Romancing SaGa 2 possui um sistema de formação que permite ao jogador escolher onde e como posicionar as suas unidades para usá-las de maneira mais eficaz e cobrindo as suas fraquezas.

Um exemplo de como isso funciona é a própria formação inicial que o jogo te introduz: uma formação em forma de cruz, em que a primeira unidade, ganhando bônus de defesa, possui uma chance maior de ser atingida enquanto protege as unidades, geralmente frágeis e potentes, posicionadas atrás dela. Como o game dispõe de uma boa quantidade de classes com funções diversas, é bem divertido imaginar todas as possibilidades e encontrar a estratégia com a qual você se dá melhor.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Abusando do novo formato 3D, o game te oferece ambientes vastos que te convidam a explorá-los, e os tesouros que você encontra são realmente recompensadores, se não essenciais, para que você consiga manter o ritmo.

Esses são os ingredientes para construir armas e armaduras na forja do império, muita grana e consumíveis que, sendo franco, você vai precisar.

No geral, explorar não é tão cansativo, como em muitos jogos, visto que a todo momento você está sendo estimulado por meio das descobertas de passagens secretas, NPCs interessantes e itens valiosos.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Adicionando mais um pouco de desafio, além das convencionais barras de HP e de BP (mana), o game introduz os LP (life points), que diminuem quando uma unidade recebe ataques após ter os pontos de HP esgotados. Uma vez que os LP chegam a 0, aquela unidade morre permanentemente.

Tratando-se de um jogo punitivo, os combates não são aleatórios como acontece geralmente em JRPGs. Você é capaz de ver as ameaças e pode escolher se vai evitá-las, enfrentá-las de frente ou surpreendê-las com ataques furtivos que te garantem vantagens na batalha. Mas nem tudo são flores! Se um inimigo te atacar pelas costas, você terá que entrar em batalha com a formação toda desorganizada, e você não quer a sua maga fazendo a linha de frente.

Gameplay, progressão e dicas

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Lembra que eu havia mencionado que o jogo possui um sistema de sucessão ao trono? Basicamente é uma magia onde você é capaz de transmitir todas as suas experiências e técnicas para a geração seguinte (tipo um One for All), cabendo a ti decidir se vai continuar masterizando ao máximo algumas armas em especifico ou se prefere ser um perfeito all rounder.

A sucessão acontece após você realizar um número de missões ou acabar falhando em batalha, e então o jogador deve escolher entre algumas opções de aparências (é um pouco anticlímax, mas você sente que é só a aparência que muda mesmo) com suas respectivas classes e espertezas em armas específicas, que você já presenciou no jogo, para que você vá acumulando cada vez mais poder e versatilidade enquanto herdeiro do trono.

Dada a grande quantidade de classes e funções no jogo, às vezes, o jogador acaba não tendo uma opção de escolha com a qual ele já estava acostumado, como se o jogo quisesse te incentivar a testar várias abordagens, apesar dos seus status ainda estarem ali e você ser capaz de continuar jogando da maneira que já vinha fazendo. Para que isso tudo não saia do controle, entra em cena mais uma das inovações de Romancing SaGa 2: pontos de habilidade em vez da boa e velha XP.

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Resumidamente, você tem uma “barra de XP” em cada tipo de arma e magia que é preenchida conforme o personagem as utiliza (HP e mana também tem as suas próprias barras que aumentam no fim de toda batalha).

Alguns dizem que desse modo é mais prático do que a barra de XP, mas eu penso que o grinding seja cansativo igual. Às vezes, em alguma área específica, é tão efetivo usar uma determinada arma que, quando você se dá conta, uma das armas acaba ficando 5 níveis acima da outra, te obrigando a correr atrás para compensar essa diferença.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Outra das diferenças que Romancing SaGa 2 traz é a forma como os personagens aprendem habilidades novas. Basicamente, em certos momentos da batalha, uma lâmpada brilhante vai aparecer ao lado de uma das suas opções de ataque com arma, simbolizando que, caso você queira usar aquela opção em específico, existe uma chance de o seu personagem disparar um ataque poderoso e completamente novo, como se ele estivesse aprendendo e aprimorando as suas habilidades durante o calor da batalha (quanto mais brilhante a lâmpada, maiores as chances de sair um golpe novo).

É divertido e envolvente esse sistema porque, dependendo do golpe, pode mudar uma batalha desfavorável totalmente a seu favor (apesar de ser uma aposta muitas das vezes). Já no caso das magias é um pouco diferente: basta usar magias de um certo elemento, e no final da batalha o seu personagem tem a chance de aprender uma magia nova daquele elemento.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Ter uma estratégia enquanto joga Romancing SaGa 2 é vital para que você não acabe tomando uma surra, e dá pra notar o quanto o jogo aprecia isso com a enorme liberdade que te dá para montar e treinar uma party de personagens da maneira que você achar melhor. Cada personagem consegue portar até 2 armas e usar mais de um elemento de magia contanto que estes elementos não sejam opostos (tipo fogo e água).

Unindo isso a tantas classes e formações, que você vai descobrindo cada vez mais durante o jogo, você tem em mãos infinitas possibilidades para se adaptar em qualquer situação e jogar do seu jeito. Aliás, adaptabilidade é uma palavrinha muito importante para você ter em mente, até porque uma formação que pode parecer a mais eficaz para a sua party em questão pode se tornar um pesadelo contra um determinado boss (por exemplo, a formação inicial em cruz protege bem a retaguarda, mas acaba sofrendo muito contra golpes que acertam uma fileira inteira).

Portanto, não se deve ter medo de testar novas abordagens. Diálogos com NPCs podem te fazer sugestões, então a exploração acaba sendo recompensadora até nesse sentido.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Os United Attacks são uma mecânica de batalha que, para utilizar, você deve encher uma barra para então ser capaz de desferir um poderoso golpe em conjunto.

Para encher essa barra você precisa explorar as diversas fraquezas específicas do tipo de adversário que está enfrentando, sejam elas uma arma ou um elemento de magia específicos. Somente após acertar o oponente com algum ataque você descobre se ele tem fraqueza a ele. Caso ele tenha, o golpe causará mais danos e preencherá a barra do United Attack.

Saber como usar esse “especial” poderoso e com qual personagem usar, a depender da batalha, acaba sendo o fator que vai determinar se você vai conseguir derrubar tranquilamente um boss ou se terá que trazer mais um sucessor ao trono.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

É muito prazeroso o desenvolvimento que o game vai tomando. Você vai ficando mais forte, o império vai crescendo e ganhando novas atrações e estruturas, novas alianças são formadas a depender das suas decisões, novos territórios etc. É um pacing lento e constante, que segue a sua personalidade enquanto você vai entendendo mais da história de pouquinho em pouquinho.

Com as novas alianças, você desbloqueia mais personagens utilizáveis na party com funções novas para usar, caso tenha uma ideia de abordagem diferente ou apenas queira mexer na formação atual (vai que o personagem novo é mais estiloso do que aquele que você tá usando. Vai deixar ele de fora? Não, né?).

A inserção desses personagens não seria necessariamente um recomeço do 0, pois o nível deles vai acompanhando a sua progressão e, além disso, as habilidades que um personagem aprende podem ser ensinadas a outro caso ele também utilize a mesma arma.

Dicas do Dudu:

– Tenha um healer na party, porque depender dos consumíveis é muito arriscado.

– Explore cada canto do ambiente.

– O jogo exige que você tenha uma estratégia, então faça uma formação em que cada um tem a sua função enquanto está bem posicionado.

-Cuidado para não gastar mana demais, pois ela, diferente do HP, não regenera após os confrontos.

– Viu um save e uma parada de regenerar mana? É boss na certa adiante.

– Quando um bicho estiver te perseguindo para te atacar, corra um pouco para trás, mas não muito longe, e espere até que ele pare e vire as costas. Após isso, corra em direção a ele e ataque para garantir uma emboscada (depois que te “perdem de vista”, eles não voltam a te perseguir sem antes voltar para o ponto de partida).

– Use os United Attacks apenas com os personagens que mais dão dano no alvo em especifico.

Arte e Otimização

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

O remake apostou com tudo no estilo anime e acertaram em cheio. Os visuais dos personagens estão bonitos e carismáticos, trazendo um ar fresco de modernidade que será um deleite para os fãs do jogo clássico, principalmente quando virem tudo ganhando vida em 3D. Os gráficos estão ok, não é nenhuma obra-prima, mas está longe de ser feio.

Infelizmente, a versão que eu joguei possuía problemas na renderização dos gráficos nos primeiros segundos das cutscenes e quando eu andava pelos territórios do império. Espero que isso seja consertado em breve. Ao entrar em algumas batalhas maiores, eu sentia o jogo demorando um pouco mais para sair da tela de aviso, mas nada que interferisse na experiência. A trilha sonora do game é fenomenal, sendo composta pelo mesmo compositor dos jogos originais da série.

A dublagem em inglês é boa, mas os textos, com aquele modo de falar bem medieval, podem se tornar muito pesados para quem não domina tão bem a língua, só aumentando aquela sensação de estar lendo um livro denso.

O remake tornou a interface muito mais moderna e fácil de entender, todas as informações que você quer acessar estão disponíveis de forma organizada. Ademais, o jogo disponibiliza diversos tutoriais, acessíveis a qualquer momento, para que você compreenda de fato todas as suas propostas (a falta de clareza era uma das principais críticas ao jogo original).

Conclusão

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um JRPG na sua forma mais pura. Ele entrega uma história épica ao mesmo tempo que oferece desafios que te estimulam a usar a cabeça a todo momento, perfeito para aqueles que amam jogos que te recompensam por ser um bom estrategista. Recomendo muito para quem é fã da série e deseja ver ela mais viva do que nunca. Recomendo também para aqueles que gostam de RPGs japoneses e estão à procura de uma boa aventura ou até mesmo ingressar na série SaGa.


Por outro lado, eu realmente não recomendaria para alguém que não é habituado a jogar jogos do gênero pelo motivo de o game ser bastante desafiador e ter isso como uma de suas características principais, o valor está muito alto para ser comprado apenas pela narrativa. A minha sugestão a você, que se encaixa nesse último caso, seria primeiro jogar algum JRPG, ver se esse estilo te agrada e entender bem as bases dele, porque serão fundamentais.
No mais, o jogo tá bonito, traz uma experiência imersiva, e é muito bom ver um dos maiores clássicos de um gênero tão amado pela sua comunidade recebendo o carinho que merece.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven - O deslumbrante retorno de um clássico
Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven
Veredito
Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um prato cheio para os fãs de JRPGs que adoram ser postos à prova. Os novos visuais em 3D trazem uma vida fantástica ao clássico da Square, que possui uma narrativa e mecânicas únicas e inovadoras. Embora não seja o melhor jogo para entrar no mundo dos RPGs japoneses, é uma ótima porta de entrada para a série SaGa, uma vez habituado ao estilo dos games desse gênero.
Design
90
Trilha Sonora
90
Diversão
90
Gameplay
80
Custo x Beneficio
70
Prós
Desafio e complexidade prazerosos
Arte carismática que resgata a nostalgia
História imersiva com uma boa sensação de progresso
Contras
-Narrativa densa e modo de falar medieval não localizados em português brasileiro
Baixo custo-benefício para jogadores que não são familiarizados com JRPGs
84
Nota Final

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven is a treat for JRPG fans who love being challenged. The new 3D visuals bring fantastic life to this Square classic, which boasts a unique and innovative narrative and mechanics.

While it may not be the best game to enter the world of Japanese RPGs, it serves as a great introduction to the SaGa series once you’re accustomed to the style of games in this genre.

[Nota do Editor: Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Square Enix para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Apaixonado pela Nintendo, decidi colocar em palavras algumas das minhas aventuras em mundos com espadas, dados, magia, cartas, e de tudo um pouco. Já venci alguns torneios de Mario Kart por aí e acabei sendo o campeão brasileiro de Mario Strikers uma vez.