RPGolf Legends é um jogo de RPG esportivo desenvolvido pela ArticNet e publicado pela KEMCO. A premissa do jogo é misturar uma grande aventura aos moldes de RPGs com magia e monstros, em um mundo apaixonado por golfe. O que inclui a protagonista, que com um espírito antigo, deverá restituir os campos de golfe vários anos após o povo ter sido impedido de praticar o esporte por magias malignas.
UMA BOA TENTATIVA
A premissa certamente é boa, alguns diálogos brincam com o gênero RPG e a comicidade de salvar o mundo através do golfe, mas as boas ideias acabam por aí. Os dois protagonistas não são interessantes, não existem personagens secundários relevantes e nem sequer a ideia de um bom antagonista. A única coisa que torna a heroína minimamente interessante é o fato de ela só querer jogar golfe, ela não tem a pretensão de ser uma grande salvadora, o que é uma visão diferente para “heróis” do gênero.
A nível de jogabilidade, poucas coisas funcionam de fato, principalmente no combate. Mas vamos por partes.
A parte do golfe é totalmente funcional e fãs do esporte devem se agradar, afinal existem elementos suficientes para dar profundidade e desafio nas partes do esporte. Diferentes tipos de terrenos, direção do vento, tacos com atributos distintos e etc. É realmente divertido vencer cada campo de golfe; a variedade é boa e após cada campo completo, é possível participar de torneios neles, ainda que não seja muito diferente de jogá-los pela campanha.
Já a parte do combate é simples demais e por vezes não funcional, com pouca variação de golpes e poucos desafios por parte dos inimigos. Até mesmo quando o jogador libera magias e combos, eles são dispensáveis, pois o custo de utilizá-los não vale a pena. Exemplo: liberar um combo de três golpes rápidos é “inútil”, pois a maioria dos inimigos têm 1 segundo de invulnerabilidade após cada golpe, jogando fora a vantagem dos golpes extras do combo.
O jogo ainda tem um sistema de criação de itens, permitindo ao jogador coletar recursos pelo cenário. O sistema deve agradar aqueles que buscam melhorar os equipamentos do personagem ou fazer 100%, mas a aventura é tão fácil, que não parece haver motivos reais pela busca de tantos recursos.
LENTO DEMAIS
Por vezes me senti frustrado, sempre querendo sempre seguir para a próxima partida de golfe, mas o jogo insistia em atrasar na metade inicial do jogo. Explicando: para liberar um campo de golfe, é preciso energia, que é adquirida matando monstros ou ao terminar um campo. Quando o campo termina, o jogador tem direito a roletar em busca de dinheiro, vida ou energia. Ou seja, para ganhar energia com facilidade, somente por meio da sorte. Eu perdi as contas de quantos minutos passei fazendo o mesmo campo, roletando em busca de energia, para no fim ganhar vida, a qual não precisava no momento e repetir o processo novamente. Os monstros não dão grande quantidade de energia e alguns custam a morrer, sendo também lento e trabalhoso avançar desta forma.
Falando em lentidão, os chefes são um aspecto da aventura que tenta trazer algo novo. Eles são criativos, mas pecam justamente na demora para serem derrotados. Parece que a demora é uma forma de parecer desafiador, mas não é o caso, pois eles não variam golpes ou poderes, nem mesmo velocidade, levando o jogador a repetir o mesmo processo uma dezena de vezes até a vitória, que neste momento se torna um alívio pela frustração imposta.
DESIGN E TRILHA SONORA
Os gráficos em pixel art são bonitos, as cores são bem trabalhadas. A parte das animações não chegam a serem boas para a maior parte dos inimigos, pois estes são super “mecânicos”. A única exceção são os chefes que brilham em tela e recebem maior cuidado gráfico e de animação.
A trilha sonora fica no limite de ser enjoativa, com muitas repetições em embates contra chefes e nos momentos de golfe. Para cada cidade visitada, ela varia, entregando um trabalho um pouco mais refinado.
CUSTO – BENEFÍCIO
O jogo está com o preço oficial de 179.95 na Eshop Brasileira. Para quem busca finalizar somente as missões principais, o jogo deve durar em torno de 10 – 12 horas. Para quem busca completar todas as missões secundárias e criar todos os itens, devem ser adicionadas mais algumas horas de jogo.
Precisa se levar em consideração que as missões secundárias são extremamente genéricas, sem qualquer surpresa para quem já jogou inúmeros jogos do gênero e a jogabilidade travada só piora a experiência. O jogo não tem localização em português do Brasil.
CONCLUSÃO
RPGolf Legends mirou em várias direções e errou em quase todas. Para fãs de RPG, ele não apresenta nada novo e ainda erra nas coisas mais simples. Fãs de golfe ainda devem achar bons momentos de diversão, mas talvez não valha o esforço de lidar com tanta lentidão. No fim, o jogo acaba entregando uma grande ironia: o jogador, assim como a protagonista, também passa a maior parte da aventura esperando jogar golfe ao invés de enfrentar grandes criaturas sem qualquer desafio real.
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[Nota do Editor: RPGolf Legends foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela KEMCO para avaliação.]
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