Senta que lá vem história!

Senta que lá vem história!

Ou melhor não?

Ou melhor não?

Tudo começa em um pequena ilha onde o/a protagonista vive a sua vida tranquila quando, de repente, algo bombástico acontece que muda todo o rumo daquela história. Quem nunca leu, assistiu ou jogou algo assim que atire a primeira pedra. Pois é, meus amigos, a história! Este elemento tão fundamental hoje em dia que o usamos para definir se um jogo é bom ou não. “Esse jogo tem gráficos mais ou menos, jogabilidade mais ou menos, mas a história…” Já nos deparamos com esta afirmação em análises, vídeos e artigos por todo lado. Será mesmo que precisamos de história para determinar se o jogo “presta”?

Todos nós adoramos uma boa história (vide as séries, filmes, livros e jogos que consumimos hoje em dia). Mas nem sempre, pelo menos na indústria dos jogos, foi assim. Os primeiros jogos que fizeram sucesso foram jogos simples, sem história, como os famosos Telejogo, Tetris e Pac Man. É lógico que, com o tempo, o processo de criação de jogos se aperfeiçoaria e tomaria gigantes proporções, com orçamentos milionários e anos de desenvolvimento.

Senta que lá vem história!
Quem nunca se divertiu horrores com Tetris?

O fator “história” passou a ter maior importância justamente com este aperfeiçoamento do processo de criação. Desde história simples, porém muito bem sucedidas, como quase todos os jogos do nosso amado encanador bigodudo Mario, até construção de enredos quase incompreensíveis, como os de Final Fantasy (Me julguem! Até hoje eu não entendo muita coisa dessas histórias!)

Hoje, com a indústria muito competitiva, investe-se muito em histórias bem construídas, com enredos que contém muitas reviravoltas, momentos emocionantes. Esta é uma tentativa de “fisgar” o possível consumidor daquele jogo. Muitas vezes, porém, faz-se isso sacrificando outros elementos que são fundamentais em um jogo, como jogabilidade, custo-benefício, gráficos (quem jogou Death Stranding sabe o que estou falando…). Além disso, gêneros de jogos que não tinham muita história, como os de luta, agora vêm com um “Story Mode” lá no menu inicial. Não bastasse isso, são histórias em geral bem rasas, normalmente para que você desbloqueie os personagens jogáveis (World of Light de Super Smash Bros Ultimate mandou um abraço!)

Senta que lá vem história!
Essa história que não acaba…

Ao mesmo tempo, vejo que há um ainda tímido movimento de se fazer jogos cujo único objetivo é a pura e simples diversão. Streets of Rage 4, lançado em 2020 pela Dotemu, é um bom exemplo disso. É uma ode aos antigos Beat ‘em Ups, muito populares na era de ouros dos consoles 16-bit. Enredo simples, boa jogabilidade, é só colocar o cartucho no Switch e sair na porrada com quem aparece na sua frente. Esses jogos tem muita validade e são extremamente divertidos.

Gosto muito dos jogos com boa história! Eu confesso que era um amante de jogos sem história e achava isso o máximo. Depois, por influência do meu irmão, comecei a experimentar jogos com enredo, história bem recheada e duração longuíssima. Me apaixonei de pronto, como um amante da literatura que sou! Claro que nem todas as histórias me agradam, mas sempre que vou buscar um título para jogar hoje, sabendo que é um jogo com história, me informo sobre o enredo para saber se me interessa ou não. Quando eu sei que não é um jogo com história, eu tenho interesse também.

Essa é a beleza dos videogames hoje. Temos tantas opções para todos os gostos! Quando queremos mergulhar profundamente na vida do nosso personagem favorito, temos vastas opções, com “sequels”, “prequels” e tudo o mais. Quando queremos simplesmente colocar o cartucho no console (ou o DVD no drive) e nem pensar nas consequências de nossas ações, temos muitas outras opções para isso, dos mais variados gêneros. Eu sempre sou da opinião de que se o jogo te diverte, não importa quem o assina. Vá em frente e jogue!


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Nintendista e professor. Mesmo shape do Mario, almejando o shape do Luigi.