Já faz 8 anos do lançamento do Nintendo Switch, mas o híbrido continua a surpreender com uma biblioteca invejável de games. Há opções para todos os gostos: de grandes RPGs à aventuras de plataformas em 2D e em 3D; de blockbusters de tiro e ação à experiências introspectivas e artísticas, como visual novels. E há também muitos puzzles, sendo que mais um, com toque de cozy game, acaba de chegar e agregar bastante ao catálogo: Shroomtopia, finalista da premiação “melhor jogo casual” da Gamescom Latam 2025.
Desenvolvido pela indie brasileira GXN Games e distribuído pela também brasileira QUByte Interactive, Shroomtopia é um “relaxante mundo de quebra cabeças, onde os cogumelos ganham vida”. Diferente de muitos games do gênero, este apresenta uma história. Na primeira fase o jogador recebe a informação de que “já faz um tempo desde que um terremoto intenso abalou esse mundo, e toda vida adormeceu…”. Começa aí a jornada para “descobrir o que aconteceu”.
É como dizem os desenvolvedores: “em Shroomtopia, os jogadores exploram um universo vibrante onde a natureza, a espiritualidade e a lógica se encontram. Os Shroomtopians, adoráveis criaturas parecidas com cogumelos, caíram em um sono profundo depois que o grande rio da vida foi interrompido. A missão? Trazer de volta o fluxo da magia resolvendo quebra-cabeças, restaurando o equilíbrio e dando vida a este mundo encantado”.
Gameplay
Toda a experiência consiste em estratégia a partir de terrenos hexagonais, sendo que alguns deles contém lagos coloridos chamados de “Néctar da Vida”, algo “super importante para manter a fauna e a flora equilibrada em Shroomtopia”. É preciso fazer o lago se transformar em um rio que flui e espalha essa vida pelo terreno todo.
Se Shroomtopia é o nome do mundo, Shroomtopiam é o nome dado aos cogumelos, que fazem parte da fauna e se dividem em diversas espécies. Todos os terrenos do mesmo nível e ao redor do lago são “clicáveis” para o jogador, que controla um ponteiro de mouse com o analógico esquerdo. Ao selecionar um dos hexágonos disponíveis, ocorre a erosão daquele solo, e o lago se expande para o novo terreno.
Existem, em determinados pontos da fase, “pequenos cogumelos” que constituem um “Solo Fertilizador”. A missão é simples: “se o Néctar da Vida tocar nesse solo, tudo ao redor irá crescer, propagar”. Então vá conduzindo o líquido até chegar neste local, e ao atingir os “pequenos cogumelos”, todo o entorno ganha vida.
O ponto está em levar essa “vida” até os shroomtopiam adormecidos na fase. Os primeiros a serem apresentados ao jogador são os Micenos, amarelos. Mas é preciso ter cautela e estratégia, já que, se o líquido chegar a um solo na borda da fase, ele escorre para fora, tudo ficará seco e então será preciso reiniciar (ou voltar um movimento, já que o jogo permite isso, o que é bem legal).
No início, a receita é simples: faça o lago virar um rio que atinge os “pequenos cogumelos” e então dê vida aos shroomtopiam. Mas não demora para a fórmula ganhar mais complexidade, com novas espécies e diferentes cores para trabalhar em uma mesma fase. Os próximos a serem introduzidos são os Polypas, vermelhos. Depois vêm os Dokis, azuis. E assim vai.
Lembra-se do terremoto que houve em Shroomtopia? Então, ele causa danos ao solo, que em razão disso conta com alguns hexágonos que não podem ser movidos. Já outros impedem que os cogumelos cresçam ao redor deles. Ou seja: pouco a pouco, logo no primeiro mundo, são introduzidos novos desafios que fazem o jogador pensar melhor a cada movimento.
Vale mencionar a “roda cores”, que permite com que o jogador misture cores de “Néctar da Vida” diferentes para resolver os puzzles. Se misturar errado, vira água comum, e é preciso recomeçar. Mas se misturar corretamente, utilizando os conceitos de cores primárias (amarelo, azul e vermelho) e secundárias (verde, laranja e roxo), o sucesso virá, o que não é tarefa fácil, porque por vezes é preciso levar as cores de um lado para outro da tela, florescendo o caminho até lá. É preciso pensar muito!
E é assim progressivamente ao longo de “75 fases projetadas cuidadosamente” e “cinco regiões únicas” que funcionam como “mundos”. O interessante é que estes “mundos” combinam visuais 2D fofinhos com música relaxante, instrumental e original criada pelo produtor musical independente Felipe Peticov. E é aí que se estabelece o clima de “cozy game”. É como os desenvolvedores afirmam: “Shroomtopia oferece tanto uma fuga meditativa quanto um desafio que estimula o cérebro”.
Imagine um xadrez. Agora imagine que, além de estimular o desenvolvimento das mais elaboradas estratégias, o jogo também te deixa relaxado. Shroomtopia é isso.
“Deixe-se encantar pelo mundo fofo e colorido de Shroomtopia! Relaxe neste jogo de quebra-cabeças saudável e tranquilo enquanto explora paisagens serenas e resolve diversos desafios. Manipule o solo hexagonal e misture as cores. Só você pode trazer a natureza de volta à vida!”
Nota do autor: assista ao vídeo ao final do texto para ver na prática como tudo funciona.
Editor de fases e modo online
Segura, Super Mario Maker! Em Shroomtopia tamém é possível criar suas próprias fases em um editor que é desbloqueado logo após concluir o primeiro mundo do game, a partir do menu “Online”.
Selecione e posicione o terreno e a altura do mesmo, os tipos de cores de néctar, os obstáculos, cogumelos e tudo mais, incluindo portais e totens, que são recursos desbloqueados mais para frente no jogo (durante as 75 fases criadas pelos desenvolvedores, os jogadores são progressiva e constantemente introduzidos a novos desafios, lembra?).
Ainda dentro do editor, teste as fases e as publique online, deixando-as disponíveis para que outras pessoas as concluam. E claro, também tente resolver as fases criadas por outros usuários. Tudo funciona muito bem tanto com os analógicos e botões como no modo touch do Nintendo Switch, o que torna a duração do jogo praticamente infinita.
Experiência e Custo x Benefício
De modo geral, a experiência proporcionada por Shroomtopia se assemelha à de um jogo mobile (ou até mesmo de um jogo em flash, para os mais antigos). Inclusive os controles touch estão disponíveis no menu e no editor de fases. A progressão é parecida com a de títulos como World of Goo, Where’s My Water, Angry Birds e tantos outros, que são divididos em “mundos” com dificuldades cada vez mais dificeis.
Interessante é que você até pode adiantar algumas fases. Mas o jogo sempre te leva para aquela em que você pulou, para te estimular a encontrar a solução. E como o visual e a música são relaxantes, nada é estressante. Pelo contrário, é estimulante.
Shroomtopia vale para jogar sozinho, sobretudo nos momentos de espera. Está na casa dos pais ou sogros esperando o almoço ficar pronto? Que tal uma fase? Ou então, está na hora de descanso do trabalho, na fila do banco ou algo assim? Também vale.
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Mas, mais do que isso: o título da GXN Games, publicado pela QUByte Interactive, também é ótimo para ser compartilhado. Famílias podem tentar encontrar as soluções juntas, assim como casais também. E o editor de fases pode ser legal para desafiar um amigo que mora longe… São muitas possibilidades.
Tudo é muito funcional, bonito e bem apresentado. Talvez a única questão seja que as letras ficam muito pequenas no modo portátil (e em especial no Nintendo Switch Lite, a partir do qual esta review foi feita), o que pode incomodar um pouco no início do jogo, quando há que se ler o tutorial com cuidado para entender cada uma das mecânicas e a história.
Agora, falando em Custo x Benefício, é mais um acerto da QUByte Interactive. Assim como os demais lançamentos da empresa, Shroomtopia apresenta valor condizente à moeda brasileira: são R$ 29,99 na eShop brasileira.
A questão é que no mercado mobile jogos como este costumam ser “freemium”, muitas vezes com moedas compradas com dinheiro de verdade ou então com uma enxurrada de anúncios para custear tudo. Aqui, no lugar disso há um valor de entrada, o que embora o público casual possa estranhar, os aficionados pelo gênero certamente não vão reclamar.
Bônus: clique aqui para ler a review de Match Village, outro jogo com terrenos hexagonais também publicado pela QUByte Interactive.
By delivering a complex puzzle experience with relaxing visuals and soundtrack, Shroomtopia demonstrates that the Nintendo Switch is suitable for all audiences, including casual gamers and those seeking cozy games. It’s ideal for quick matches, especially in handheld mode, and can be played alone, with family, or with friends.
[Nota do Editor: Shroomtopia foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela QUByte Interactive para avaliação.]
