Algo que me impressiona a cada dia nos jogos Indies é a capacidade que eles têm, dentro da sua simplicidade, de apresentar experiencias mágicas que fazem com que o jogador ultrapasse a barreira da diversão e adentre a realidade da arte. Summer in Mara, do estúdio espanhol Chibig, nos proporciona isso, uma experiência profunda que gera encanto e satisfação no desenrolar de seu gameplay
A história da pequena Koa
O jogo começa com a introdução da protagonista, a recém nascida Koa, que caiu do barco de seus pais no oceano de Mara e foi resgatada por Yaya Haku, a quem Koa chamará de avó. Haku acolhe Koa com muito amor e passa a ensiná-la a respeito do mundo onde vivem, orientando a respeito do cuidado da ilha e de que tudo o que está ali não é delas, mas apenas utilizam para seu sustento. Esse, para mim, é o ponto alto da narrativa do jogo, a ideia do cuidado com a natureza e da chamada troca equivalente (não estamos em um jogo de Full Metal Alchemist, mas o conceito é o mesmo rs): tudo o que eles usam é dado de graça por Mara e elas devem sempre devolver para que nunca falte nada.
Assim a cada fruta que se colhe ou a cada arvore que se corta devemos retornar um pouco à terra para que ela possa produzir mais. Essa ideia não é apenas algo que diz respeito ao trato da terra, mas sim a tudo o que vive. Logo no início da jornada Haku diz a Koa “Devemos cuidar de todos, até mesmo daqueles que são maus”, é uma ideia bonita que reflete a realidades humanas que vivemos. Haku acena para Koa que nem todas as pessoas são realmente más, mas as vezes estão perdidas e precisam de cuidado para que possam se tornar boas. No meio de uma sociedade individualista e egocêntrica, pensamentos assim são necessários e esse ideal irá estar presente a todo momento nas aventuras de Koa.
É hora de pôr as mãos à obra!
Summer in Mara traz aquilo que todo bom jogo de “Farm simulator” tem: Plantações, modo crafting, criações de animais etc. Tudo isso para que a menina Koa possa não só se sustentar, mas amadurecer na sua jornada! A cada pequena conquista, novas habilidades e ferramentas são liberadas para que você possa cuidar de sua ilha.
Mas não pense que isso é algo fácil. Cada tarefa requer não só itens para serem completados, mas também determinação da personagem. Você precisará cuidar de Koa, se alimentando bem por meio de receitas com frutas e peixes que você pode desenvolver ao longo do seu caminho. Se não bastasse tudo isso para ser feito na sua ilha, o ponto principal do jogo ainda está por vir: A exploração
Conhecendo Mara e seus segredos
Desde pequena Koa é encantada por Mara, o grande mar, e sempre pedia Haku que a levasse nas ilhas vizinhas para que pudesse também conhecer outras realidades. Sua avó sempre dizia que não era o momento para isso, pois ela era muito pequena e o mar muito perigoso. Depois de aprender as mecânicas básicas do jogo e se ver sozinha na ilha, Koa encontra uma pequena criaturinha perdida e juntas decidem consertar o velho barco de Haku e velejar em busca de respostas. Ai sim se inicia a jornada de Koa. A primeira vez que pude velejar por Mara foi impossível não associar a experiência com “The legend of Zelda: Wind Waker”. O mar é extremamente vasto, com muitos lugares a serem explorados.
São mais de 20 ilhas que compõe todo o jogo, todas elas com objetivos e personagens diferentes, mas sempre conectados umas as outras por suas histórias. A cada ilha visitada Koa conhecerá novas histórias e poderá recordar os ensinamentos de sua avó “Devemos cuidar de todos”. Assim, todo novo encontro será uma nova amizade formada por Koa, novas missões desbloqueadas e novas habilidades desenvolvidas.
Mas e a sua ilha no meio disso tudo? Não pense que ela ficará abandonada! A todo momento você precisa retornar à sua casa para cuidar de suas plantas e animais, além de criar novas estruturas para cumprir as missões que lhe foram confiadas. Diga-se de passagem, isso as vezes se torna bem cansativo.
Uma beleza que enche os olhos
Sem sombra de dúvidas o ponto alto de Summer in Mara é sua beleza. Tudo, eu disse TUDO, no jogo é bonito e enche os seus olhos. A primeira vez que pude ter contato com o jogo logo meus olhos ficaram brilhando ao perceber a beleza de tudo aquilo. Que carinho os desenvolvedores tiveram com cada detalhe do jogo, fazendo com que tudo te chame a atenção
Além disso Summer in Mara é um daqueles jogos que aquece o coração, com uma história bonita, belas lições nesses tempos difíceis e que fazem você querer conhecer um pouco mais de cada detalhe.
Mas nem tudo são flores aqui…
Apesar da beleza que o jogo traz e a bela utilização dos cenários, algo que me incomodou durante a aventura foi a física aplicada. Não quero parecer chato, mas acho meio estranho uma menina conseguir pular do chão até o telhado da casa numa facilidade extrema, além de simplesmente poder ignorar estradas nas montanhas e poder ir saltando tudo. Acho que poderiam ter caprichado um pouco.
Outro item que deixa um pouco a desejar são os menus do jogo. Infelizmente são pouco intuitivos. Por vezes não sabia quais itens eu poderia fabricar por falta de um destaque melhor nessa opção ou mesmo custei a achar o local de alguns itens específicos por estarem mal divididos nas Workstations do jogo.
Além disso os diálogos com os NPCs do jogo as vezes são extremamente tediosos, com raras exceções você ficará empolgado com as relações estabelecidas. Quando ainda estamos tratando com Haku na ilha tudo parece fluir bastante, porém depois de um certo tempo parece ficar um tanto quanto repetitivo e monótono.
Uma bela aventura relaxante
Summer in Mara é uma boa experiência para os fãs de jogos como Stardew Valley ou Story of Seasons, trazendo vários elementos desses jogos aclamados junto de cenários belíssimos e ensinamentos muito profundos. Poderia melhorar em alguns aspectos e diminuir algumas ações repetitivas, porém se você é fã do estilo passará muitas horas viajando por Mara e fazendo novas amizades.
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[Nota do Editor: Summer in Mara foi analisado a partir da sua versão para Steam. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Evolve PR para avaliação.]
