O que faz um jogo ser bom? Jogabilidade, gráficos, preço acessível? É evidente que isso tudo conta, mas não apenas estes fatores, é claro. Na minha avaliação, é preciso ser bom dentro da proposta individual. Um jogo AAA, por exemplo, precisa entregar certas experiências ao jogador, com as quais um game indie não reserva comprometimentos. E vice-versa. Mas a dinâmica vai além. Um game de corrida arcade, como Super Engine GT Turbo SPEC, deve ter, como missão principal, entregar diversão. E ele faz isso.

É claro que ressalvas são necessárias. Logo de cara eu te digo que os a estética e a concepção estão muito mais para um game mobile do que para um título de console. Mas é uma via de mão dupla, já que é de se esperar que o consumidor, ao desembolsar apenas R$ 24,90 pelo jogo, já espere por isso. Afinal, o título desenvolvido por Josep Monzonis Hernandez e publicado pela eastasiasoft é um indie e não esconde isso.
Apresentado em estilo 3D cel-shaded, o Super Engine GT Turbo SPEC combina inspirações da velha guarda com um toque visual moderno para oferecer uma visão nova e infinitamente jogável no género de corrida. À medida que vais completando cada evento, desbloqueias novas pistas e carros, aquecendo as coisas com oponentes mais rápidos e pistas mais avançadas para dominar
Como o jogo funciona

Na descrição acima, extraída da página oficial do game na eShop brasileira, o termo “velha guarda” é utilizado. E esse é o maior trunfo de Super Engine GT Turbo SPEC: ser uma experiência retrô.
São 8 cenários para correr, com variações de pista de acordo com o nível de dificuldade selecionado (Novice, Junior, Senior e Pro). O objetivo, como não poderia ser diferente, é chegar na frente dos competidores. E essa missão pode representar um desafio aos jogadores mais novatos, já que, fazendo jus aos games de antigamente, você sempre vai começar em último, no fundo do grid de largada.
Escolha um carro, um nível de dificuldade e uma pista. E corra. Simples assim. E a surpresa está no resultado: diversão rápida e sem enrolação. Conforme você vai completando as provas, vai conseguindo mais porcentagem e fica mais perto de “zerar” o jogo, sendo que para alcançar isso é preciso chegar em 1º em todas as etapas. E para avançar é preciso pelo menos chegar ao pódio.
É claro que, nas dificuldades iniciais, o jogo não oferece muito desafio. Nestas, quem conhece automobilismo e sabe quando frear, quando acelerar e como escolher a melhor linha/traçado para as pistas, incluindo o uso estratégico de zebras, vai se dar bem sem precisar “suar” ao volante.
Mas os jogadores que não estão tão habituados a experiências de automobilismo podem encontrar pedras no sapato em alguns concorrentes que são rápidos e parecem ocupar a pista toda.
Excelentes opções de câmera

Enquanto os jogos modernos de corrida oferecem várias opções de câmera, que vão desde as visões tradicionais ao cockpit, normalmente jogos retrô costumam oferecer poucas opções de câmera. Mas não é o caso aqui, já que as opções são tão interessantes que parecem duplicar a experiência.
É como se houvessem dois Super Engine GT Turbo SPEC. Enquanto os jogadores mais modernos podem utilizar câmera que mostra a traseira do carro, quase como em um Gran Turismo, os mais saudosistas podem optar pela câmera isométrica. E isso muda tudo.
Quando na câmera da traseira do carro, a jogabilidade é como um jogo 3D de corrida. Mas quando na visão isométrica, é como um jogo 2D de corrida, no estilo de Rock ‘N Roll Racing, dos tempos do Super Nintendo.
E isso é interessante porque é preciso jogar de outra forma, movimentar os analógicos ou o D-PAD de outra forma e até mesmo pensar de outra forma. Afinal, a perspectiva altera a percepção sobre curvas e controles, porque será preciso virar para o lado oposto em alguns casos, já que estamos vendo a ação “de ponta cabeça”.
Vale observar, porém, que na perspectiva isométrica a dificuldade fica mais apurada, e em certa medida a qualidade cai. Nada gritante, é que o jogo funciona melhor do outro jeito mesmo. Por enquanto o posto de melhor jogo de corrida assim, 2D com visão isométrica, no Nintendo Switch fica com o mais simples de todos: Ultimate Racing 2D – que tem versão gratuita para dispositivos Android. Menção honrosa vale para o NeoSprint, da Atari, que já analisamos aqui no Project N.
Visuais

Não há do que reclamar sobre a direção artística de Super Engine GT Turbo SPEC. Os gráficos são construídos em 3D cel-shaded, as pistas são bem feitas, os traçados são legais e o entorno oferece imersão, com elementos como arquibancadas, árvores, arbustos, cones, guard rails, placas, bandeiras e construções variadas.
Todo o clima faz parecer que estamos controlando pequenos carros de brinquedo, o que é bem legal, principalmente para jogar com crianças. Facilmente dá para imaginar que se está controlando carrinhos HotWheels, já que quase todos os modelos disponíveis são veículos de turismo, que embora sejam preparados para o automobilismo, se parecem com carros de passeio que são vistos nas ruas. De forma geral, o pacote apresentado é bonito, apesar de simples, além de divertido e condizente com o valor cobrado.
Nem tudo são flores

Além da trilha sonora genérica e do áudio de “3, 2, 1, Go, Go Go” que toca na largada em todas as corridas e é bem pastelão, para não dizer brega, há outros problemas em Super Engine GT Turbo SPEC, sendo o principal deles a presença de dois minimapas, o que, até então, é algo inédito para este que vos escreve.
Do lado esquerdo da tela o jogador encontra um minimapa tradicional, mas do lado direito há uma versão confusa, que parece errática e às vezes funciona bem para a visão isométrica de jogo, mas às vezes não. É como se eles mostrassem a mesma coisa, mas um com mais e outro com menos zoom.
Além disso, não é possível acelerar com A e frear com B, como era de se esperar de um jogo inspirado no retrô. Você até pode guiar com o D-Pad ao invés do analógico, mas para acelerar e frear é obrigado a usar os botões ZR e ZL mesmo. Não há menu para troca/configuração de botões.
Outro ponto é que há vários carros para escolher e inclusive desbloquear, mas não há diferença clara de performance entre eles. As mudanças parecem ser apenas visuais. Da mesma forma, não há efeitos elaborados em nenhum momento, e vencer uma corrida acaba sendo menos recompensador do que deveria, o que pode frustrar os jogadores mais velhos.
Quando você termina uma corrida, vê papéis e confetes sendo jogados na tela, em uma animação super simples. E é isso. Super Engine GT Turbo SPEC volta ao menu principal e você está de volta ao início. Eu costumo elogiar a simplicidade, mas neste caso parece ser um uso preguiçoso de técnicas antigas, da época 16 bits, quando coisas assim aconteciam por limitações técnicas e falta de potência de hardware.
O jogo também não está disponível em Português do Brasil, mas como a compreensão da língua não é exigida durante a gameplay, até que não faz muita falta.
- Desfrute de corridas de arcada no elegante estilo 3D cel-shaded!
- Domine 8 locais únicos contra oponentes desafiadores.
- Suba na classificação em 4 séries de eventos.
- Suba ao pódio para avançar ou volte a tentar as corridas a qualquer momento.
- Desbloqueie novos carros para encher a sua garagem!
Veredict
Super Engine GT Turbo SPEC is a modern game, but with a strong influence from retro experiences, that delivers content that is in line with the price charged. It is recommended for those looking for quick and straightforward fun, since the game gets straight to the point and delivers quality races, with a classic 3D or isometric view of the games, depending on the customer’s taste. It is very good to play in portable mode, when we only have 5 or 10 minutes available, you know?
[Nota do Editor: Super Engine GT Turbo SPEC foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela eastasiasoft para avaliação.]
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