Trazendo uma visual novel envolvente, Tales from Toyotoki: Arrival of the Witch, desenvolvida pela Fragaria e trazida ao ocidente pela Kemco, combina uma história cativante com momentos de slice of life, um gênero que retrata o cotidiano de um personagem, mostrando detalhes de sua rotina e vida diária.
A narrativa começa com o protagonista, Hikaru Nishime, sendo abandonado por sua tia, que havia assumido seus cuidados após a morte de seus pais. Ele é enviado para viver com seu avô em uma ilha isolada no Japão chamada Toyotoki. No entanto, a situação de Hikaru se complica ainda mais: seu avô não sabia que ele estava chegando e havia partido em uma viagem, deixando-o sozinho em um lugar desconhecido, sem dinheiro e sem ninguém para ajudá-lo.
No início, encontramos uma garota chamada Lilun, cuja situação se assemelha bastante à do protagonista. Ela veste roupas diferentes e demonstra ter um passado difícil, o que a faz não confiar completamente nas pessoas. Ainda assim, os dois acabam vivendo juntos e, com o tempo, desenvolvem uma relação. O título do jogo menciona uma bruxa, que é a própria Lilun, e suas habilidades se revelam em alguns momentos da história.
A narrativa é dividida em rotas com uma estrutura bastante linear. As rotas seguem uma ordem cronológica, sem cenários alternativos, focando apenas na resolução dos conflitos que envolvem os personagens.
É a partir do encontro entre Hikaru e Lilun que a história se desenrola. Nosso protagonista, abandonado pelo destino, busca refúgio em uma cabana improvisada em um canavial, onde encontra Lilun, que se apresenta como uma bruxa em uma missão na ilha. Logo após o encontro, eles percebem que não podem viver na plantação de cana-de-açúcar e, então, encontram uma maneira de se mudar para a casa do avô de Hikaru, onde passam a morar. Durante sua adaptação, conhecem novos personagens, como Akari, filha do prefeito da cidade que adora ser o centro das atenções; Tsumugi, uma vendedora; Kaneshiro, um delinquente que gosta de recitar frases de efeito; e Kiriko, herdeira de uma família tradicional da ilha.
O humor da história é centrado na metalinguagem, algo bem explorado no início. Embora tenha momentos divertidos, o jogo está inteiramente em inglês, então é necessário ter um bom domínio do idioma para captar todas as nuances. Desde o começo, o jogo exige muita leitura, sem muitas interações, como a escolha de respostas para o protagonista, algo comum em outros jogos do gênero.
Por um lado, a história apresenta um drama bastante envolvente. As situações que os personagens enfrentam refletem bem como foram criados e revelam seus traços de personalidade. Isso ressoa com o jogador, pois aborda temas específicos como família, expectativas externas e perspectivas de futuro, entre outros. Em certos momentos, a narrativa introduz elementos folclóricos que vão surgindo gradualmente, e no final, são bem explicados e amarrados à conclusão da trama. Para aqueles que desejam entender melhor a história, há um menu chamado ‘Truth’, que é adicionado aos extras do jogo, contendo documentos que explicam alguns detalhes da trama.
Um aspecto a ser elogiado no jogo foi a trilha sonora. Simples, mas muito agradável, com destaque para o som dos grilos no canavial no início. O fundo de piano, suave e relaxante, é maravilhoso. O jogo possui pouquíssima dublagem, limitada a pequenos momentos, e nada para os personagens secundários.
As ilustrações são um charme, especialmente as dos personagens. Pode-se perceber, no entanto, que os fundos e os personagens não seguem o mesmo estilo de desenho, talvez por limitações do estúdio. Embora as ilustrações sejam simples, isso não compromete a trama; na verdade, o estilo dos personagens é cativante. Os protagonistas possuem pequenas animações, o que dá leveza ao jogo. Já os cenários, em alguns momentos, me fizeram pensar que foram gerados por IA, devido a certas texturas, o que pode ter sido uma forma de reduzir os custos.
O jogo está na média, mas para quem gosta de visual novels, é uma experiência bem-feita e vale a pena conhecer. A história e o visual entregam algo consistente, que pode proporcionar horas de leitura envolvente. Vale mencionar, no entanto, que a tradução nem sempre é 100%; em alguns momentos, parecia um pouco desconexa com o que estava acontecendo. Como o jogo é uma tradução da versão japonesa, acredito que eles poderiam ter investido um pouco mais nesse aspecto. Ainda assim, esse problema não chegou a comprometer minha experiência.
Tales from Toyotoki is a good visual novel that delivers what you expect from a game in this genre: a captivating story and beautiful, though simple, visuals compared to other novels on the Switch. However, its charm lies in this simplicity, and the uniqueness of this aspect might even earn it extra points
[Nota do Editor: Tales from Toyotoki: Arrival of the Witch foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Aksys Games para avaliação.]
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