The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

The Legend of Zelda não soa emblemático apenas pelo título. A lenda da princesa de Hyrule percorre gerações, estabelecendo-se ano após ano, sem perder o fôlego, como uma das franquias que mais aquecem o coração dos fãs, sendo presença constante com ao menos um título da saga entre os favoritos da vida. A épica jornada do herói, protagonizada pelo guerreiro Link, um espadachim que, em qualquer jogo e independentemente da origem contada, tem a coragem como sua marca registrada e propulsora de grandes feitos. Ele conecta o jogador à ousadia e ao desbravamento nas grandiosas aventuras que o jogo se propõe a narrar.

Zelda é muito mais que um jogo; é, para tantas pessoas, uma representação do verdadeiro sentimento que a experiência traz. Da vitória ao derrotar um chefe, da alegria ao descobrir a solução de um enigma, da surpresa com um plot twist bem elaborado, à emoção de um final épico que acalenta o coração, The Legend of Zelda oferece jogos grandiosos que respeitam o passado e o sentimento nostálgico, alinhando títulos admiráveis ao longo dos anos.

Após o arrebatador sucesso de Tears of the Kingdom, a Nintendo surpreendeu ao concretizar um antigo desejo dos fãs, trazendo alegria com o lançamento de um conto sublime protagonizado pela princesa Zelda em The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom. Neste novo título, Zelda assume o papel de protagonista máxima, levando seu carisma para despertar a admiração a cada frame. Não é apenas o jogo da princesa como heroína. É o jogo em que ela se torna uma lenda.

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

Em Echoes of Wisdom, nos deparamos logo de início com algo familiar, que costuma ser o final da maioria das tramas da franquia: Link partindo para resgatar a princesa, aprisionada pelo vilão Ganon, em uma emocionante luta que parece ter sido retirada diretamente do final de A Link to the Past. Após o confronto, Zelda escapa do aprisionamento, mas um estranho fenômeno começa a ocorrer: fendas surgem ao redor de toda Hyrule, puxando tudo que está à volta, sejam terras, pessoas ou animais.

A partir daí, o jogador, já acostumado com outros títulos da série, se depara com uma situação no mínimo diferente, assumindo o papel daquela que normalmente era a personagem a ser resgatada, agora como a responsável por resolver todos os problemas da região.

É muito importante para o(a) leitor(a) que deseja conhecer o jogo seja porque foi atraído(a) pelo hype ou simplesmente desenvolveu simpatia por tudo que viu até agora, saber que não é necessário ter jogado outros títulos da franquia para aproveitar bem este game. Ok, há diversas referências (que serão tratadas mais adiante), mas em nenhum momento isso será um empecilho para você se divertir.

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

Sem ceder qualquer spoiler ao(a) leitor(a), após os fatos iniciais narrados, Zelda acaba sendo jogada na prisão e se depara com uma certa criaturinha chamada Tri, vinda do outro lado da fenda e que clama por ajuda à princesa para restaurar a paz no mundo. A bolinha verde/amarela passa então a acompanhar Zelda pela trama, auxiliando-a como a figura que acompanha a heroína pelo jogo, ajudando-a a resolver problemas e sendo a principal arma na luta contra o mal. Não, não é a Master Sword, mas sim a conjuração dos Ecos.

É inevitável que todos que viram o primeiro trailer se perguntem se a fórmula de criar criaturas para combater por você funcionaria em um game que leva o selo da franquia e que se notabilizou por proporcionar embates épicos envolvendo Link. Mas, já adiantando, sim, os Ecos (assim chamados no português brasileiro) funcionam muito bem no game, trazendo o sentimento de combate aflorado em diversos momentos.

A coragem de Link dá lugar à sabedoria de Zelda e, tal qual o nome do jogo e o poder da Triforce cedido à princesa, você deve ser sábio na escolha de qual Eco utilizar para enfrentar os obstáculos. São mais de 100 conjurações entre objetos, animais e criaturas que podem ser usadas da maneira que você bem entender. Claramente, essa é uma ideia advinda dos seus antecessores Breath of the Wild e Tears of the Kingdom; a liberdade dada ao(a) jogador(a) para resolver as diversas situações no jogo da maneira que achar melhor é muito bem explorada aqui. Não há um jeito certo e há, inclusive, Ecos que nem utilidade têm, dependendo da forma como você deseja resolver.

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

Isso faz com que o game quebre qualquer sentimento de monotonia. A variedade de Ecos é igualmente proporcional às diversas situações propostas no game, que exigem que você use e abuse da criatividade como bem quiser. É, inclusive, outro ponto que pode ser percebido no game: a fluidez com que a história é contada. Ok, não é bem algo exclusivo deste título, mas Echoes of Wisdom é daqueles jogos que jogar é como uma folha voando no ar, como boiar em um rio.

A leveza com que você é conduzido pela trama é algo em que os roteiristas da franquia têm maestria e que fazem incrivelmente bem neste jogo também.

Apesar de os gráficos serem os mesmos do remake de Link’s Awakening, o jogo provoca um sentimento muito mais semelhante em relação ao jogo lançado em 2013 para o Nintendo 3DS, A Link Between Worlds, curiosamente, o último Zelda side-scrolling de história inédita lançada em que você pode jogar unicamente (não esqueci de vocês, Tri Force Heroes!). Mas a vibe que o game passa, a tranquilidade da trama e a sonoridade das músicas soam muito mais como se fosse uma continuação de LBW do que de fato de LA, isso se referindo apenas a atmosfera do game

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

O game é uma sequência então? Não! Não encare dessa forma; encare como algo único, com sua proposta especial, vivenciada apenas aqui. É incrível, aliás, como os produtores e desenvolvedores conseguiram criar o sentimento de novidade unindo a nostalgia. São diversas referências que você avista ao longo do jogo e que aquecem o coração, sem desprezar a novidade que o game traz.

É a primeira vez que vemos os Gerudos em um Zelda 2D, a primeira vez que nos deparamos com um Zora do Rio e do Mar juntos, e a primeira vez que usamos um cavalo em um game side-scrolling da trama. É maravilhoso experimentar cada quadro do jogo, cada história contada, cada sentimento exalado.

E, mencionando o termo “primeira vez”, não poderia deixar de avaliar o presente que foi essa tradução aos brasileiros. É muito mais que uma localização para os tupiniquins; é uma homenagem ao nosso povo. São diversas frases do cotidiano, ditados conhecidos e jargões difundidos na mídia (“calado, você é um poeta!”) que mostram o quão vale a pena apelar para o sentimento e entregar o que parece simples para muitos, como uma demonstração do carinho que foi dado no desenvolvimento do jogo. Certamente, cada brasileiro(a) se sentiu muito bem representado(a) em diversas falas, e isso é algo que esperamos daqui para frente.

Esse carinho também pode ser percebido no desenvolvimento gráfico do jogo. O game é lindo, um espetáculo visual, um esplendor em cada cenário adotado. É admirável, em cada design, o quão bonito o jogo é aos olhos. Ver a água nos mares dos Zoras é espetacular; você facilmente se perde e se pergunta como um hardware de 7 anos consegue produzir aquilo. Que trabalho espetacular da Grezzo, que merece uma salva de palmas pelo trabalho realizado.

Mas eu ouvi dizer que há queda de frames; é verdade? Sim, é, e não serei leviano em não abordar isso. Mas muito mais injusto do que não ser abordado seria afirmar que isso trouxe problemas à minha experiência no game. As quedas de desempenho são sentidas, sim, em alguns momentos, mas não é nada que tenha feito o game se tornar ruim ou que atrapalhasse a continuidade da história.

Não poderia, aliás, deixar de mencionar o deleite musical que é a trilha sonora deste game (em especial a do templo de Hebra e a música de Kakariko Village). Zelda já é uma franquia que encanta aos ouvidos (e que me ajuda muito no trabalho do dia a dia, com suas trilhas sonoras fazendo parte do cotidiano), mas a acústica deste game permanece igualmente poderosa, tal qual a marca se consolidou. E claro, que precisa ser muito exaltado, as tradicionais Dungeons voltaram! A velha formula Zeldistica de desenvolver as masmorras esta brilhantemente bem explorada aqui, com diversos Templos cativantes, inclusive com o Templo do fogo fazendo força para roubar o lugar de mais odiado do da Água.

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada

Echoes of Wisdom é uma experiência em que a Nintendo soube desenvolver bem um game após o espetáculo que foram Breath of the Wild e Tears of the Kingdom. Durante anos, a Big N tentou repetir o sucesso espetacular de Ocarina of Time, experimentando seu lado criativo em diversos games, mas sem perder a essência da história que carregou a franquia (Busca por 3 joias/Master Sword/Busca por sábios/pingentes/enfrentar o vilão, uma narrativa que foi iniciada em A Link to the Past). Foi sabiamente muito bem desenvolvida a forma de dar continuidade ao espetáculo que foram os anteriores e entregou um jogo com o que se conhece de Zelda, mas sendo um jogo único, sem aquele sentimento de se remeter a algum outro.

Há elementos que foram, sim, aproveitados, mas Echoes of Wisdom é um jogo que se torna um potencial para a Nintendo explorar cada vez mais a marca e ser abraçada ainda mais pelos fãs. Zelda se estabeleceu como uma protagonista forte, que, com sua sabedoria, soube alavancar o carisma e foi certamente admirada por quem a manuseou. Que ela possa voltar, que a franquia continue a inovar e que a Lenda possa continuar a ser disseminada com qualidade por gerações.

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é a Lenda da princesa que precisava ser contada
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom
Veredito
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é muito mais do que mais um game da franquia. É o início do que pode vir a ser aproveitado e muito pela empresa. Um belíssimo jogo em side-scrolling que redefine muitos conceitos estabelecidos, com um visual esplendoroso já explorado em Link's Awakening e potencializado ainda mais aqui. O game entrega fluidez em seu enredo, diverte com o carisma de sua mais nova protagonista e mostra-se forte para dar continuidade a outros contos que possam envolvê-la. Zelda mostrou que heróis podem lutar com sabedoria e maestria, e emocionar com isso.
Design
100
Trilha Sonora
100
Diversão
100
Gameplay
100
Custo x Beneficio
100
Prós
O carinho dado na localização em português brasileiro evidencia o carinho que foi dado ao nosso povo, com vários jargões do cotidiano espalhados pelo game.
Um esplendor visual, um game que demonstra porque videogame é arte, com uma trilha sonora igualmente bela e encantadora.
A Princesa sobra no carisma e mostra ter potencial para protagonizar futuros jogos da franquia
A história do game é extremamente fluida , densa, mas contada com leveza.
Variedade de Ecos é suficiente para não cair no excesso e se tornar suficiente para explorar a criatividade
As tradicionais Dungeons voltaram!
Contras
A demora por um game localizado em português brasileiro e com a princesa como protagonista
A queda de frame em alguns cenários, apesar de não ser um empecilho de fato a ter uma boa experiência.
100
Nota Final

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom is much more than just another game in the franchise. It marks the beginning of what could be significantly explored by the company. A stunning side-scrolling game that redefines many established concepts, featuring a splendid visual style already showcased in Link’s Awakening and further enhanced here. The game delivers fluidity in its narrative, entertains with the charm of its newest protagonist, and shows great potential to continue other stories that could involve her. Zelda demonstrated that heroes can fight with wisdom and mastery, and can excite and move players with that.

[Nota do Editor: The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um grande entusiasta da Nintendo, "fanZeldaboy" e confesso dono de um sofisticadíssimo sotaque nordestino visse?