A franquia de The Legend of Zelda sempre carrega, em si, um grande peso devido a sua grande importância na indústria de jogos. Isso é indiscutível. Os inúmeros fãs, que acompanham cada capítulo dessa história de maneira fervorosa, estão sempre em busca de novas descobertas no fantástico universo criado pela dona Nintendo ainda nos anos 80. Há quem diga que dificilmente você encontrará um jogo da franquia que possa ser considerado ruim, e eu comungo desse pensamento. Cada um dos jogos possui o seu carisma singular que vai desde o estilo gráfico ou forma narrativa até a jogabilidade. Tendo isso como base, The Legend of Zelda Skyward Sword acabou recebendo por parte de alguns fãs da franquia o título de jogo “Menos bom” de toda a franquia(porque falar pior seria uma heresia de minha parte).
Essa recepção meio controversa do jogo original ainda em 2011 se deu, em grande parte, pela opção feita por seus desenvolvedores pela jogabilidade utilizando sensores de movimento em tempo integral da história, característica própria do Nintendo Wii. Muitos achavam a mecânica desnecessária e até mesmo cansativa, o que fez muitos jogadores simplesmente abandonarem a experiência ou nem mesmo buscar vive-la. No meu caso em particular tive a oportunidade de jogar esse capítulo da história de Link de maneira muito rasa, pois não possuía um Wii (e já estava no seminário quando foi lançado rsrs) e só pude jogar na casa de amigos esporadicamente. Confesso que fui um dos que estranhei a opção pelos sensores de movimento e alguns outros elementos narrativos da história que me levaram a, simplesmente, abandonar a aventura.
Com o anúncio de uma nova versão para o Nintendo Switch, agora em HD e com algumas melhorias, vi que era a hora ideal para dar uma nova chance e ver se realmente o jogo merecia tantas críticas negativas quanto havia ouvido. Já adianto: muitas das críticas eram válidas para aquele tempo, mas não se encaixam nessa nova versão.
Um mundo acima das nuvens
Skyward Sword, em seu lançamento original, chegou com a missão de contar a primeira grande aventura de Link tentando destruir o Rei demônio e desvendar os mistérios por trás do seu chamado a ser o Herói escolhido pela deusa Hylia. Agora em seu relançamento, além do que já foi dito, a sua maior missão é conquistar um novo público advindo do grande sucesso “Breath of The Wild” além de mostrar aos fãs que torceram o nariz para o jogo original como o seu roteiro é extremamente rico e seus desafios muito cativantes e divertidos.
Nossa aventura começa numa ilha flutuante chamada Skyloft, onde link se prepara para seu teste na academia de cavaleiros. Toda essa ilha vive em torno do culto a deusa Hylia, que seria a criadora de Skyloft, e dos chamados Loftwings, pássaros gigantes capazes de transportar pessoas pelos céus. Ali Link cresce junto de sua amiga de infância Zelda, vivendo dias de paz até que um determinado momento, ao voarem em seus loftwings, são atacados por um furacão, fazendo com que Zelda seja lançada a superfície. É nesse momento que temos início a jornada de Link, que descobre que é destinado a ser Herói da deusa Hylia, com a missão de derrotar o grande mal que assola a superfície.
Skyward Sword é um prato cheio para os fãs mais antigos da franquia pois é um banquete para os que amam referencias e pontos ainda inexplicados da história da franquia como um todo. Ele quer contar a origem de Hyrule, da Master Sword além de muitos personagens emblemáticos conhecidos por aqueles que jogaram outros capítulos dessa história. Mas também é uma boa pedida para os que querem ser introduzidos a esse mundo, pois tudo aqui é novo e diferente do que será visto em outros capítulos da história de Hyrule.
E o que que tem lá embaixo ein?
A superfície, o local onde se passa a maioria de nossa aventura, é composta por três grandes áreas onde se encontram inimigos, desafios e, claro, as clássicas dungeons que precisaram ser visitadas para avançar seu progresso. Aqui está o primeiro grande diferencial de Skyward Sword: O seu mundo. Geralmente, na franquia The Legend of Zelda, estamos acostumados com grandes cenários como Hyrule Field ou o Mar de Wind Waker no qual ficam localizados áreas menores para serem exploradas. A opção aqui feita foi por 3 áreas grandes interligadas de maneira indireta: o céu de Skyloft.
Essa opção pode gerar um pouco de estranheza para muitos (o que aconteceu comigo), mas depois que nos acostumamos com isso vemos que os cenários são ricos em detalhes e frutos de um excelente Level design.
O que realmente prejudica a aventura é a repetição das missões em cenários. Skyward Sword é extremamente linear, e depois de um certo tempo você meio que já imagina o que terá de fazer antes de ir para uma próxima área, fazendo com que a aventura se torne um pouco maçante. Acredito que isso será sentido ainda mais por quem veio de BOTW que é conhecido pela liberdade. Sem dúvida esse é um dos pontos mais negativos desse capítulo da história.
Contudo, vale ressaltar que, apesar da repetição, o seu carisma próprio é capaz de conquistar o coração dos fãs. Digo isso como alguém que tinha um sério preconceito com o jogo e fui laçado por seu enredo cativante e combate divertido.
Muito mais do que imaginávamos
Enfim vamos a parte que interessa: Como está essa nova versão? Quando foi anunciado, Skyward Sword HD sofreu uma série de críticas por parte dos fãs, alguns motivados pelo desejo de um novo jogo da franquia (e não só um remaster) e muitos outros pelas poucas mudanças apresentadas. Uma reclamação, do meu ponto de vista, válida. Contudo, ao passar do tempo, diversas mudanças não anunciadas foram aparecendo e mostrando que o jogo recebeu um carinho muito grande nessa nova versão. Vamos aqui ressaltar alguns dos mais impactantes na história e na jogabilidade.
Começo por um dos motivos que me fez desistir da versão original: O ritmo inicial do jogo. Quem teve contato com a versão de Wii sabe que as primeiras horas do jogo são um tanto quanto arrastadas, diálogos longos, tutoriais desnecessários e por aí vai. Tudo isso recebeu uma excelente melhoria, fazendo os diálogos mais rápidos e alguns tutoriais serem totalmente opcionais. Até mesmo as inúmeras interrupções da “Fi” (Companheira do Link nessa aventura, assim como já tivemos Navi ou Midna anteriormente), que eram extremamente criticadas, foram reduzidas deixando a narrativa menos quebrada.
Outro elemento que preciso exaltar é a nova diagramação do Hud! Sempre tive agonia daquele GIGANTESCO Wii Remote na tela da TV de maneira nativa. Agora tudo está lindamente minimalista, deixando você contemplar os belos cenários que o jogo apresenta em 1080p no modo TV e 720p no modo portátil. Aliás, que belo trabalho foi feito quando aos gráficos originais. Num primeiro momento achamos que seria apenas um trabalho de Upscaling, mas a Tantallus (empresa que fez o trabalho de migração para essa nova versão) teve o cuidado de redesenhar alguns elementos do jogo (poucos, diga-se de passagem) fazendo tudo muito ainda mais belo que no original.
Agora some todo esse visual incrível em HD com uma nova “visão” do jogo. Sim! Isso mesmo, finalmente temos câmera livre em todo o jogo! Parece algo básico (e é mesmo) mas somente agora podemos controlar a câmera de maneira livre e não ficar dependendo do botão de Lock ou mesmo da visão em primeira pessoa para direcionar a câmera. Mais um ponto positivo para esse senhor remaster!
Outras novidades também foram acrescentadas ao jogo tais como autosave, uso de Amiibo para um “semi fast travel” e o que me deixou mais feliz: O jogo todo está em 60 FPS tanto no modo TV quando no modo portátil. A sensação de fluidez no jogo é fantástica, fazendo com que a aventura seja ainda mais divertida.
E a jogabilidade?
Desde o lançamento do Nintendo Switch muitos já imaginavam que Skyward Sword iria ganhar uma versão em HD assim como foi com “Wind Waker” e “Twilight Princes”. Muito desse pensamento vinha não só do desejo de uma versão em alta resolução, mas do fato de o console possuir nativamente controles por movimento, e esses bem mais aprimorados que o do Wii, fazendo um port quase que uma obrigação para a dona Nintendo.
É pensando nisso que surge a grande pergunta desse review: Como estão os controles de movimento? Sendo bem direto ao ponto: estão fantásticos! Devido a própria tecnologia dos Joycons os controles estão com um tempo de resposta bem melhores do que no original, dando uma sensação de imersão ainda mais profunda no jogo. Muito disso se deve ao fato de o console, diferentemente do Wii, não usar um sensor para identificar os movimentos. Nos Joycons tudo é feito pelo seu giroscópio interno que precisa ser calibrado durante o jogo. Aí surge o comentário “Nossa, mas tem que ficar calibrando toda hora?”, praticamente Sim. Isso pode parecer algo chato, mas é feito de maneira tão simples que você nem irá perceber, basta apontar o Joycons direito para frente e apertar Y a qualquer momento do jogo e pronto, está calibrado! Quando digo qualquer momento me refiro a qualquer momento MESMO (até durante as animações isso pode ser feito). Sinceramente isso mais ajuda do que atrapalha o jogador. No Wii você precisava ficar sempre na mesma posição para ter movimentos precisos, aqui não, se quiser jogar até deitado no sofá você pode fazer, basta calibrar o Joycons com um botão e pronto! Resolvido o problema.
Agora, se mesmo assim você não gosta dos sensores de movimento ou possui um Nintendo Swith Lite (sem Joycons) fique tranquilo, pois a dona Nintendo trouxe um novo modo de jogo pensando justamente nesse público. Esse novo sistema substitui os controles de movimento pelo uso do analógico direito, fazendo com que todo controle da espada seja feito por ali. Foi uma boa saída, diga-se de passagem, contudo aqui está o maior problema de Skyward Sword HD: Como fica a câmera do jogo? Estávamos tão felizes com a câmera livre e agora perdemos ela nesse modo? Não! Basta segurar o botão R que o analógico passa a controlar a câmera. Bem, parece uma boa saída, mas isso pode causar um pouco de confusão na hora de jogar. Como naturalmente usamos essa analógico para controlar a câmera muitas vezes acabamos utilizando esse analógico pensando em mudar a câmera e, do nada, o link sai dando golpes. Seria cômico se não fosse triste. Uma solução fácil seria uma opção para mudarmos isso como usar o botão R para ativar o uso de espada. Quem sabe numa atualização futura não é mesmo?
Será que você sabe usar uma espada?
O Combate é o ponto alto do jogo. Ainda me lembro do anúncio de Skyward Sword e o fato de você controlar a espada do Link ser o grande diferencial em relação aos demais jogos da franquia. Sim, isso é realmente muito divertido, e faz com que o estilo de combate seja bastante desafiador. Sem sombra de dúvidas é o jogo da franquia The Legend of Zelda que mais irá exigir do fã atenção e decisões rápidas na hora de derrotar um inimigo. Aqui não adianta sair apertando o botão ou simplesmente chacoalhar o controle para bater num inimigo, é preciso ter atenção para saber qual golpe usar e em que maneira ir para o combate.
Mas não se preocupe, não é nada absurdamente difícil. Os desenvolvedores pensaram nisso com muito carinho, basta ver o número de corações disponíveis logo no inicio do jogo (consideravelmente maior que os 3 que começamos em outros capítulos da franquia) e o número de itens de vida espalhados pelo cenário. Você pode sim passar um pouco de raiva para descobrir como derrotar um inimigo ou o timing certo para usar um item, mas nada que um bom treino não resolva e que não te proporcione uma sensação real de vitória ao final de um combate.
Pegar ou não, eis a questão
Apesar de ser aclamado pela crítica Skyward Sword, em seu lançamento original, não foi muito bem recebido pelos fãs. Essa nova versão vem com a missão de reconquistar esses fãs insatisfeitos e tem total potencial para isso. Ele continua tendo alguns problemas em sua estrutura como a sua repetição de missões ou mesmo elementos novos que podem ser melhorados como o novo sistema de combate sem sensor de movimentos. Contudo é sim um excelente pedido tanto para fãs da franquia quanto para pessoas que querem conhecer a riqueza desse mundo e todo seu potencial.
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[Nota do Editor: The Legend of Zelda Skyward Sword HD foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]
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