Tony Hawk's Pro Skater 1+2 - Reinventando o requente

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 – Reinventando o requente

Tony Hawk's Pro Skater 1+2 trás a vida não só um jogo, mas um gênero todo. Não há como negar que essa é uma revitalização da série da melhor forma possível.

Todo mundo tem aquele jogo que sente que deveria ser relançado numa melhor roupagem para os dias de hoje. Por exemplo, eu citaria que Ocarina Of Time é um desses que mereciam um retrabalho digno para a atualidade, sendo este um trabalho tão importante para a indústria inteira. Porém, todos tem aquele que definitivamente, ninguém quer que mexa em nada. “Só me dá“, alguns diriam. “Só me deixa pagar por ele. Eu pago.” Minha escolha pessoal para este caso já seria Vagrant Story, mas, diferente de mim alguns esse ano puderam viver esse momento com Tony Hawk’s Pro Skater 1+2. Sendo sincero, não me admira que ninguém tenha reclamado desse jogo, pois, foi muito mais do que apenas deixar comprarem um jogo.

Trabalho honesto e sem preguiça

Tony Hawk's Pro Skater 1+2 - Reinventando o requente

Incrível é a palavra mais justaposta para Tony Hawk 1+2, cedido a nós muito gentilmente pela Activision. Não houve só uma remodelo de texturas e personagens, mas uma otimização honesta para os tempos atuais com interfaces repaginadas, elementos de gameplay atualizados, trilha sonora bem selecionada (algo já característico da série) e toda uma logística do consumo dos dois primeiros jogos da série de forma íntegra. Apenas um parágrafo não é o suficiente para explorar melhor esse trabalho, que de longe é uma aula para outras empresas sobre como fazer um remaster ou um remake, e entregar toda a noção de como foram bem sucedidos todos os incríveis profissionais que desenvolveram essa versão que entrega tanto TH 1 e 2 nas suas melhores formas.

Diferentemente de outro jogos preguiçosos que vem no formato de coletânea, temos todas as fases dispostas de cara, sem tela de loading, onde podemos escolher entre a seleção do primeiro jogo e do segundo, mas sem necessariamente precisando jogar o 1 antes. Isso já cria uma liberdade muito grande, mas também constrói uma conveniência enorme com o fato de não precisarmos ficar selecionando um jogo, entrar, ver outra tela de menu, escolher modos de jogo, escolher personagens… Não!

Aqui é um jogo, só! Você vai jogar com o mesmo personagem nos dois, com as mesmas habilidades, mesmos conteúdos desbloqueados e com todas as adições se aplicado um no outro. Além de um incrível tutorial que vai te ajudar a pegar as mecânicas básicas do jogo, demonstrando como a preocupação com um estado mais moderno do jogo é real aqui, tendo em vista que este tutorial não estava presente nos jogos originais.

Tony Hawk's Pro Skater 1+2 - Reinventando o requente

As mecânicas estão bem atuais, com esquemas de controles atualizados, mas mantendo como opção o esquema original de controle dos consoles da quinta geração para aqueles que provavelmente, ou tem uma memória muito boa, ou são viciados até hoje. Dito isso, a mecânica chega a ser realmente bem básica com nenhum, ou quase nenhum, botão assumindo alguma dupla funcionalidade, deixando a profundidade para as combinações, podendo criar manobras, todas especificadas por uma legenda, das mais variadas e descobrir manobras incríveis e complexas com o elemento do Special Move, onde uma barra se enche conforme você for fazendo manobras diversas, e chegando no máximo dessa barra, você pode experimentar alguma manobra radical que vai testar sua técnica. Porque, este jogo não é só sobre apertar botões.

Toda a física do game foi aprimorada, com noções de espaço e impacto sendo implementadas como um verdadeiro jogo de 2021. Em momento algum temos a sensação de algo retrógrado ou até mesmo defasado em seus conceitos de level design e polidez técnica, onde você precisa ir além de saber o que cada botão faz. Precisa entender onde usar cada manobra, como elas se complementam e o principal, precisa entender que a manobra só está completa se você finalizá-la. É assim que o jogo se mostra brilhante, fazendo com que tenhamos atenção no que estamos fazendo e nunca sendo injusto, nos dando exatamente o que ele se propôs lá do início.

Entretanto, toda essa tecnicidade tem um custo. Jogadores que talvez levem a mal jogos de esportes, mesmo um esporte radical como Skate, os interpretando como mais casuais que os de costume podem se sentir frustrados, não no sentido de sentir raiva ou irritação, mas a pior frustração que pode ocorrer num game: Ficar enjoado. Isso é bem claro quando em várias fases onde os objetivos cada vez mais estavam parecendo impossíveis de atingir para eu conseguir ir para o próximo cenário, eu pegava no celular, me distraia no menu com a trilha sonora, que já vou falar mais disso logo a frente, e sempre ficava me perguntando, “Vou parar um pouco para fazer algo. Amanhã eu jogo mais.

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Essa falta de motivação é comum em jogos desse gênero que costumam ter um foco muito mais nas suas partidas, fases ou cenários, e a progressão ficando apenas para a forma como você joga, ou desbloquear algo mais estético do que realmente um upgrade. Apesar de termos sim uma espécie de distribuição de atributos, os quais são adquiridos como pontos nas fases e podemos redistribuí-los. Esse tipo de progresso algo que afasta muitos que geralmente já não se sentem atraídos por jogos do gênero, mas que por outro lado, é o que faz muitos se interessarem e até dedicarem horas do mesmo dia nisso, só querendo passar o tempo, ouvindo as músicas incríveis da trilha enquanto fazem manobras incríveis. Eu como um dos que andei de skate quando mais novo tive a sensação de lembrar de quando via alguém fazendo aquelas manobras pela primeira vez, então alguém que com certeza conseguia fazer essas manobras, se sente como criança de novo, revivendo todos esses dias incríveis sem responsabilidades, só andando de skate, ou SK8 para os íntimos.

Música incrível, porém decisões questionáveis.

Tony Hawk nunca foi uma série que teve a mão errada no momento de decidir quais seriam as trilhas a acompanhar seus jogos. Nesse não foi diferente, com boa parte da trilha original de volta, com algumas exceções, e adições de bom gosto até mesmo para nós, povo Tupiniquim, que agora temos um intruso ali no meio. A música de Charlie Brown Jr., Confisco“, foi inserida e foi de bom agrado a nós. Porém, por algum motivo a música teve algumas partes censuradas, assim como outras músicas da trilha. Nada justificaria isso além de manter a classificação etária para o público jovem, e assim vendendo mais unidade de jogo.

O problema nessa decisão é, que, temos aqui uma visão muito retrógrada do mercado de jogos. GTA V está no topo de vendas de toda plataforma desde 2013, ano de seu lançamento, e de forma alguma sua classificação etária prejudicou seu alcance e vendas. Enxergar a censura como uma forma de alavancar vendas, ou no mínimo, jogar seguro, é desrespeitoso com a própria criação artística dos músicos os quais ele procuraram para licenciar as canções, e definitivamente vai contra tudo que a cultura do skate costuma pregar liberdade e verborragia como sendo um ambiente comum ao skatista padrão.

Enxergar no seu público, jogadores que não estão inseridos nesse tipo de cultura e ambiente, acaba sendo uma forma muito atrasada de ver as coisas num geral, mesmo que seja com o faturamento em mente. Pode até não diminuir em nada a qualidade da trilha sonora, que foi cuidadosamente planejada e escolhida, mas com certeza trás incomodo e um cheiro de rabo sujo em música que tiveram letras trocadas, o que é pior na minha opinião, e momentos em silêncio.

Um jogo de skate completo

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A Interface do jogo, muito elogiada já, tem boas adições para aqueles que já chegam esperando algo de um jogo de skate. Isto é, menus de customização e multiplayer.

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Com a customização não há muitas preocupações, pois como já é de se esperar num jogo sendo elogiado dessa forma, que ela seja bem completa e robusta. Não só nas opções de roupa, skates ou qualquer coisa que tenha uma questão mais estética, mas também com seus Pro Skaters, que são bem variados e trazem nomes novos a jogada. O famoso brasileiro, Bob Burnquist, está presente também mostrando como o Brasil está em peso nessa nova versão. Além disso, a opção Crie Sua Pista está de volta e com tudo, podendo dar horas de entretenimento para quem gosta do lado mais level design criativo, criando aventuras inteiras para criar pistas inovadoras e bem únicas. Um modo excencial para os amantes do gênero de jogos de Skate e que gostam de jogos que te dão mais ferramentas para criar do que tudo já pronto em design.

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O Multiplayer veio com muitas opções. Criando oportunidades únicas nos dias de hoje trazendo consigo o bom e velho multiplayer local de tela divida, sendo um dos poucos que ainda se preocupam em manter viva essa forma de interação entre players, criando a oportunidade perfeito de bomba de nostalgia para os veteranos, assim como uma experiência incrível para os novos que provavelmente estão mais acostumados a recorrer ao multiplayer online, seja com a seleção aleatória de partidas e competidores, ou até mesmo com amigos em geral. Estas inclusas como opções também no jogo final.

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Hora do desabafo

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Não há como negar que Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, não é lá aquele jogo mais pesado e que exige tanto da capacidade de processamento de um console. Não obstante, as concessões gráficas feitas aqui, apesar de não incomodarem, mostram que muitos desenvolvedores estão fazendo milagre com seus softwares para criarem experiências decentes no Switch. Isso já é um sinal para nós, Nintendistas apaixonados. Fica claro que, cada vez que vemos um esforço maior e desgastante até das desenvolvedoras para poderem criar jogos que rodem em todas as plataformas, mas nos aproximamos daquilo que vivemos no Wii, e por consequência o WiiU, onde corremos o risco de viver uma escassez maior ainda de jogos third party, ou seja, de empresas não contratadas ou adquiridas pela Nintendo, pela simples falta de capacidade do console conseguir acompanhar os lançamentos.

Vimos como elas tem recorrido a ferramentas que são quase como a única opção para deixar o jogo disponível, vide Control e Resident Evil VII que estão disponíveis por nuvem, mas uma hora a conta não vai fechar. Talvez o esforço e as despesas para colocarem jogos no Switch possa afetar demais o controle de qualidade da empresa, como foi por exemplo com Outer Worlds, ou simplesmente só não vai ser possível.

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Um console Pro, ou qualquer nomenclatura para uma atualização do Switch para um hardware mais robusto e mais estruturado, está deixando de ser uma bem vinda adição a família Nintendo para se tornar a única forma de não vivermos o estouro que vai ser dessa bolha. Ela está inflando cada vez mais com ports que talvez não estejam agradando nem a jogadores, nem as desenvolvedoras, e vai se tornar um problema sério se ela explodir nos deixando desatualizados com os novos lançamentos no mercado, nos forçando a ter que comprar um console secundário, ou até mesmo, simplesmente escolher um console da Nintendo que tem exclusivos a full price e que nunca desvalorizam, ou um console que tem uma biblioteca muito mais variada com recorrentes promoções.

Se fosse viável se sustentar em exclusivos, a Nintendo teria ganhado as gerações do 64 e do Gamecube. Sabemos o que aconteceu, em contrapartida. No Wii, inclusive, a falta de jogos de third parties, criou a necessidade de uma nova estratégia de mercado, exigindo da empresa uma inovação que limitou ainda mais as empresas ao criarem jogos, com o console muitas vezes sendo vendido apenas com base na proposta e naqueles jogos que exploravam essa proposta, como o Wii Resort. O que não é o mesmo caso com o Switch, tendo em vista que sua proposta não proporcionou nenhum tipo de jogo que possa realmente fazer disso mais interessante além de agregar um público novo, o dos portáteis. Em suma, talvez seria bom começarmos a nos questionar isso, já que há rumores constantes sobre uma iminência de um anúncio de um Switch Pro, e esperamos que ele venha logo.

Compre sem medo, mas veja onde pisa

De qualquer forma, não há como não recomendar este jogo. Quando estávamos no Playstation ou 64, nós recomendávamos o jogo para qualquer um, independente se fosse alguém chegado a jogos de esporte ou não. Então, sim, isso continua. Esse jogo é um tapa na cara das coisas horrorosas que fizeram com os últimos títulos da franquia, que não valem ser mencionados aqui, e nos dá a sensação maravilhosa que podemos esperar mais títulos de SK8 de qualidade novamente, principalmente com outro título da série Skate anunciado. Vivemos de novo em um mundo em que podemos descer rampas e andar com um skate na parede.

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[Nota do Editor: Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Activision]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um fã de Da Vinci e Miyamoto. Não me pergunte quem é quem.