WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

WarioWare: Get It Together! – Mas o quê!?

Se seu interesse for uma experiência calcada em novidade e irreverência, você vai se sentir satisfeito com todas as surpreendentes escolhas de level design que o jogo apresenta.

Uma franquia geralmente se mantém viva durante anos através de inovações e aprimoramentos a partir do que foi criado lá no começo. WarioWare não pode se encaixar neste contexto. Eu explico o por quê: A inovação e aprimoramento não espera o próximo título ser lançado, está na próxima fase. Isso é uma característica bem marcante para todos os fãs da série, que geralmente esperam situações inusitadas e criativas nos jogos do dark Mario, ou Yellow Mario no caso. WarioWare é um curioso caso de que não nos impressionamos como de costume, dizendo coisas como “Que legal!”, “Uau!”, “Que bacana!”, mas sim repetindo uma única sentença o jogo inteiro: “Mas o quê!?”

GET IT TOGETHER

O subtítulo para a nova entrada da franquia é bem específico, pois meio que resume a sua premissa. Wario finalmente terminou seu jogo, algo deu errado, e todos os seus companheiros que ajudaram a desenvolvê-lo foram sugados para dentro do game. Dito isto, você precisa agora achar cada de um de seus futuros companheiros para conseguir eliminar os bugs que o jogo de Wario é infestado, além de descobrir o que é a verdadeira causa para que esses bugs existam. E só. A história se desenrola a partir disso, sendo notavelmente curta, podendo ser finalizada em algumas horas numa gameplay única. Eu terminei em uma sentada o jogo.

WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

O que isso revela sobre a qualidade do enredo? Na verdade, nada. Não há nenhum tipo de regra ou solução mágica para termos uma narrativa interessante, ou que nos prenda. Tudo que é preciso é simplesmente saber contar uma história. Como havíamos visto em Paper Mario: Origami King, narrativas que geralmente são difíceis de criar emoções como empatia, melancolia, raiva, medo, entre outros aspectos, a melhor opção é a criatividade em como podemos rir desses personagens e aspectos visuais tão difíceis de se levar a sério. Mas WarioWare entra em um novo nível de texto, onde as perguntas que você faz geralmente não são coisas que você jamais imaginou questionar algum dia na sua vida, como: “Eu to limpando o sovaco de uma estátua com um personagem da Nintendo?”

WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

Essas situações não são nem de longe raras, muito menos exaustivas, tendo em vista que o jogo vive se reinventado e criando mais e mais cenários onde você precisa de mais de uma tentativa para ver aonde eles querem ir com aquilo. Além é claro de cutscenes incríveis que, mesmo com traços e uma animação simples, são dinâmicas e dignas de parar para prestar atenção no trabalho inteligente que fizeram. Não posso deixar de dar atenção à grande homenagem prestada ao legado que os jogos da Nintendo criou.

And Together!

A gameplay costuma ser o foco desses jogos mais subversivos da Nintendo, criando assim muita variedade de comandos e mecânicas para o personagem que você controla. Porém, em WarioWare essa criatividade é interessante, pois você só pode usar um único botão para realizar uma ação e um único analógico para movimentar seu personagem. Se você pensar em termos de level design, um console como o Nintendo Switch que tem botões de sobra, isso poderia ser uma preguiça esquisita para os padrões da empresa. Mas não é um jogo da Nintendo, é um jogo do Wario.

WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

O jogo nos imerge tão bem no seu contexto que não questionamos essa falta de uso para todos os outros botões, já que o próprio jogo do Wario é desenvolvido para um pequeno console com um único analógico e um simples botão de ação. Mas, como entra a criatividade então? Bem, ela é amplamente explorada no largo elenco que nos é apresentado. Não dá para lembrar o nome de mais da metade deles, porém, nós lembramos muito bem como cada um funciona com suas mecânicas diferenciadas, fazendo com que o subtítulo seja funcional e prático, além de criar uma variedade de gameplay que é impressionante.

WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

Todos eles vão ter uma mecânica única, porém, sendo qualquer um deles úteis para atravessar as criativas fases. A questão é, vamos ter que descobrir como atingir o objetivo, no tempo delimitado, com as habilidades que temos. Com alguns, o desafio é nulo, não tem nem tempo para respirar direito. Um simples movimento e chegamos ao nosso objetivo. Com outros, vamos perder e ter que voltar uma terceira ou quarta vez, até entendermos como conseguir terminar a fase com aquele personagem em especial.

As fases em si são um espetáculo a parte. Não são minijogos, mas sim microjogos, com um tempo contando, e assim que ele termina e você ainda não conseguiu atingir seu objetivo, uma vida é tirada. Cada microjogo mais diferente que o outro, criando uma sensação de questionamento quando você entra em um novo mundo: “O que será que tem a seguir agora?” E não para! Até o final do jogo nos vemos nessa posição.

Além disso, o game tem uma grande variedade de modos de jogo, com recompensas se refletindo naquelas moedinhas rosas, que ao gastar um pouco delas, pode retornar do ponto onde você perdeu todas as suas vidas. Mas eu recomendo sempre voltar pro começo do mundo para a primeira fase, às vezes fazemos um microjogo com um personagem diferente daquele que jogamos na primeira vez, e isso é bem interessante por criar uma sensação de novidade.

WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

No menu também temos acesso ao WarioCup, que basicamente é um modo competitivo online onde você terá recompensas e objetivos para cumprir, mas sinceramente, a melhor forma de jogar talvez seja realmente nas fases com modos diferentes disponíveis no menu. A diversão aqui é tão marcante, que dói o fato de ser um jogo tão curto. Falando nisso.

A DURA VERDADE

Durante os meses de campanha publicitária do jogo (muito divertida aliás), muito se falou na internet em relação ao preço cobrado para um jogo que era claramente simples e curto, com muitos comentários inclusive comparando Get It Together a um game de celular, e criou ainda mais caso quando análises preliminares saíram, fazendo com que todos vissem o quão curto realmente ele é. Mas, agora que lançou, e podemos testemunhar com nossos próprios olhos, os comentários fazem jus ao exagero?

Bom, sendo bem honesto, sim, eles são. O jogo funciona de forma simples e sucinta como eu já mencionei, sendo a criatividade e engenhosidade do level design que faz realmente ser o chamariz. Porém, o preço cobrado por ele aqui é o equivalente a outros jogos mais bem trabalhados e com mais conteúdo, inclusive da própria Nintendo. Captain Toad: Treasure Tracker é um jogo tão criativo quanto e mais barato. É claro que não podemos comparar qualquer coisa que vier pela frente porque propostas diferem, muito menos analisar casos isolados em relação ao todo. Mas, na realidade do brasileiro de hoje, o preço cobrado pela quantidade de conteúdo vai ser algo que vai afastar muitas pessoas, independente de quão bom ele seja.

WarioWare: Get It Together! - Mas o quê!?

A Nintendo precisa reavaliar a forma como ela enxerga mercados, principalmente se tratando de um como o nosso, para poder taxar preços mais atraentes em títulos como esse. Senão, o que pode ser simplesmente um jogo não acessível, ou até não recomendável por outros consumidores pelo custo, talvez seja visto pela empresa como um produto sem demanda no mercado. E nós sabemos que isso não é verdade! O que mais nós queremos são títulos novos para WarioWare, e de outras séries inclusive, e ganhem sequências e jogos que as revitalizem. Mas, todos eles não vão se tornar populares se ninguém puder pagar tanto por tão pouco em relação aos competidores. Essa é a realidade do nosso mercado, essa é a dura verdade.

JUNTA AÍ

Ao todo, é uma ótima experiência jogar WarioWare: Get it together, criando assim uma nova janela de entrada para franquias que talvez tenham ficado escondidas ali pelo desenvolvimento de jogos para portáteis, e que não foram tão acessíveis assim aqui no Brasil. Apesar do preço, ele é criativo, inovador e traz ótimos momentos para que todos nós possamos viver uma sequência de falas repetidas ao olhar para a tela e pensar: “Mas o quê!?”

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[Nota do Editor: WarioWare: Get it Together! foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nintendo.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um fã de Da Vinci e Miyamoto. Não me pergunte quem é quem.