Últimas semanas do ano, passados de ano na escola, férias em curso. Como esta coluna está no ar na semana do Natal, nada mais justo que me referir a este período, época em que costumamos (ainda?) ganhar de nossos pais os presentes que queríamos o ano todo. Para as crianças gamers como eu, isso tem um significado: JOGOS! Aquele título que almejamos o ano todo, que nos foi prometido quando e se passássemos de ano. Tarefa cumprida, finalmente, aguardamos com a maior ansiedade a chegada daquele troféu depois da árdua tarefa que era estudar aquela matéria que não gostávamos.
Para mim, todo este contexto tem representação em um jogo, lançado no dia 18/12 no Nintendo Switch Online: Donkey Kong Country 3: Dixie Kong’s Double Trouble! Produzido pela Rare e lançado originalmente em 1996 para Super Nintendo, este foi o jogo que fechou a trilogia Donkey Kong Country no Super Nintendo. Também foi um dos últimos títulos de peso lançados nesta plataforma, já que o Nintendo 64 se tornava uma realidade em muitas casas brasileiras e o mundo começava a se render aos jogos 3D, a começar por um certo encanador italiano bigodudo que só queria comer um bolo no castelo da princesa.
Este jogo chegou às nossas mãos (nossas porque meu irmão também jogou comigo) neste contexto que mencionei no primeiro parágrafo. Foi um ano que tivemos que “ralar” muito para passar de ano na escola. Estávamos com 13 anos na época (Não nos julgue! Somos quase quarentões mesmo!) e nosso pai nos prometeu que ganharíamos o jogo caso fôssemos aprovados. Lembro desse dia com muita clareza. Fomos à escola para pegar o resultado final, que ficava exposto em um mural (lembrem-se que em 96 o sistema de notas era a funcionária que datilografava os nossos boletins!). Resultado confirmado, fomos ao primeiro orelhão para ligar para o nosso pai e dar a boa notícia. Ele nos deu os parabéns e lá foi ele nos dar o nosso troféu.
Tenho lembrança de ganhar o jogo e passar praticamente todo o período de férias de 97 jogando esta preciosidade. Foi a minha primeira experiência com esta série, e devo confessar que é o meu jogo favorito, apesar de os outros dois jogos serem obras primas do gênero plataforma. Este jogo me marcou demais porque teve este sabor de conquista. Tive a sorte de ter uma infância e adolescência onde nunca faltou absolutamente nada para nós. Podíamos ganhar jogos a qualquer momento, mas quase todos que tínhamos era fruto de um acordo com eles. Se tirássemos boas notas na escola, poderíamos ter acesso ao video game (sim, minha mãe trancava o video game quando não tínhamos boas notas) e ganhar jogos. Portanto, não era algo que acontecia ao nosso bel-prazer. Tínhamos que, segundo o conceito dos meus pais, merecer o jogo. Boas notas, dever de casa feito, podíamos jogar.
Este título tem um sabor mais marcante de vitória porque foi uma conquista difícil. “Merecer” este jogo não foi fácil, já que foi um ano que eu quase reprovei. Conquistar o jogo em si também não foi fácil. Quem jogou Donkey Kong Country 3 sabe que finalizar este título não significa somente chegar até o mundo final. Você precisa de muitas coisas para poder ter acesso ao final. Não me aprofundo aqui para não dar spoilers (mesmo sendo um jogo de 96, tem muita gente que ainda não jogou!).
Que férias foram aquelas! Passar praticamente o mês inteiro jogando Donkey Kong Country 3 foi simplesmente maravilhoso! Eu lembro da trilha sonora (sempre um marco na série, mas particularmente neste título a música foi muito bem concebida), das fases, dos chefes como se fosse ontem. Era inédito na série o mapa entre os mundos não ser linear. Você tinha a chance de escolha entre um mundo e outro depois dos dois primeiros. A maneira como o jogo foi desenvolvida, os gráficos em animações 3D pré-renderizadas, era tudo muito diferente do que eu já tinha visto antes (lembrando que este foi o primeiro jogo da série que joguei), mesmo para um gênero que estava saturado de títulos no mercado na época.
Ter sido agraciado com a adição deste título no Nintendo Switch Online bem às vésperas de Natal foi muito emocionante para mim. Como um quase quarentão nostálgico que sou, é lógico que, quando coloquei o título para rodar aqui em casa, me transportei imediatamente para Dezembro de 1996. Em um mesmo Dezembro quente como o que nós estamos vivendo neste momento, me lembrei daquele ano que, por outros motivos e muito menos sérios que os de hoje, também foi um ano difícil para mim. Estou neste momento olhando para a janela das nossas lembranças e me recordando de quando o que me afligia era saber onde estava Donkey Kong e Diddy Kong.
Feliz Natal para todos! Espero que tenham passado de ano!
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