[Entrevista] Pokémon GO fala de seus planos para o Brasil

Entrevista - Niantic e Pokémon GO

Estamos já com um pé no novo evento em Pokémon GO que inaugurará a mecânica Dynamax, antes vista apenas nos jogos da oitava geração Pokémon Sword & Shield, mas enquanto isso não vem ao ar (será liberado as 10 horas), fique com um bate papo onde nós tivemos a honra de entrevistar três dos representantes de Pokémon GO aqui no Brasil: Alan Mandujano, Head da Niantic América Latina, Eric Araki, Country Manager do Brasil e Leonardo Wille, Community Manager.

Esta entrevista ocorreu na gamescom latam, em São Paulo, durante o evento de anivérsário de oito anos de Pokémon GO.

ProjectN: Boa noite e muito obrigado pela oportunidade! Prometo não me demorar demais!

Eric: Que isso, sem problema.

ProjectN: Então vamos lá, estamos aqui hoje com os três grandes nomes por trás do app Pokémon GO no Brasil e América Latina, e já nesse contexto gostaria de saber: Qual foi a principal dificuldade enfrentada pela Niantic e Pokémon, pós pândemia, aqui no Brasil?

Alan: Eu acho que eu posso responder essa! E diria que eu lembro de como era quando nos juntamos ao time entre 2018.. 2019 e que depois da pandemia parecia muito dificil que a comunidade se juntasse novamente para ter aquela energia que tinha antes. Eu mesmo desacreditei por vezes que poderia chegar que já foi um dia, porém em 2022 os Dias Comunitários voltaram a ter um frescor e vimos que estava até com mais força que antes pois as pessoas precisavam, e queriam, se encontrar ao mesmo tempo coincindindo com o período de fim de pandemia que proporcionou isso. Utilizamos de recursos remotos nesse período mas vendo a força do publico sempre presentes e lotando os dias comunitários nos deu força pra ir além e crescer mais ainda ajudando, empoderando e dando suporte às comunidades para que pudessem promover mais encontros e atividades. Principalmente na América Latina e Brasil incluso.

ProjectN: Sim sim, inclusive o povo brasileiro tem sede de contato físico, você ja deve ter percebido.

Alan: Sim, e isso é incrível!

ProjectN: Vimos com o filme e os eventos anunciados que há uma grande estratégia com foco no Brasil. Como vocês estão apurando e projetando a obtenção de novos jogadores após oito anos de aplicativo em um ambiente (mobile) onde as pessoas perdem o interesse a abandonam com muita facilidade? Pokémon GO está aí completando mais um ano, e acredito que manter aqueles ligados à nostalgia seja mais fácil, porém a mente do jovem atual é diferente e muito mais dinâmica, então qual a estratégia para obter um jovem novo jogador?

Eric: Essa é uma pergunta muito boa, pois hoje o Brasil se consolidou como um dos mercados que mais trazem novos jogadores no mundo todo! Mesmo comparando com os grandes mercados, como EUA por exemplo. E muito disso se deve pela criação de campanhas específicas para os brasileiros. O povo brasileiro já está muito acostumado a consumir conteúdos enlatados né? Coisas já prontas de fora… Mas quando o brasileiro recebe algo criado por e para brasileiros focando em pontos específicamente conhecidos pelo público, eles abraçam de tal forma que se reflete em um resultado enorme que é tocante de se ver. Um dos exemplos disso foi o próprio filme que foi feito aqui no Brasil por atores, influenciadores e criadores de conteúdo brasileiros com um tema próprio de ser visto aqui no Brasil. E a reação da comunidade foi muito legal! Jogadores que pararam de jogar no ano passado, por exemplo, e após ver o comercial disseram “Muito legal, gostei disso!!” ou “Eu também conheço uma Dona Lourdes assim!”. Nós possuimos uma quantidade muito grande de jogadores acima de 60 anos, por exemplo, e que de repente começaram a jogar por conta dos seus netos e agora jogam até melhores que eles. Isso é muito legal! Outro exemplo, pela primeira vez temos uma música de Pokémon em uma batida funk! Já tinha imaginado isso? Pois isso aconteceu! E todo esse carinho na criação da campanha se refletiu na reação do público que abraçou a ideia. Foram os treinadores brasileiros que ajudaram a espalhar isso e a levar isso adiante. “Caramba, é uma campanha feita pra gente”, “É a primeira vez que isso acontece!!” foram algumas das reações desses treinadores. Isso contribuiu para todo esse resultado positivo e atração de novos jogadores.

Eric: Um outro ponto também muito legal nessa questão de trazer novos jogadores é que temos uma parecela muito grande de jogadores muito novos. Como você mesmo disse, Pokémon GO tem hoje oito anos. Muitos dos jogadores que começaram essa jornada lá em 2016, e hoje são mais velhos, já estão casados. De repente eles já possuam filhos e estão passando adiante o amor por Pokémon. E que forma mais simples de passar isso adiante do que através do Pokémon GO? É um jogo intuitivo, muito fácil de jogar e que da pra jogar em família.

ProjectN: Criando memórias.. uma conexão…

Eric: Isso é uma conexão impagável, isso é muito legal. Então sim, o jogo continua crescendo. Nós da Niantic sempre dizemos que desejamos que Pokémon GO seja um jogo para todos e para sempre. E continuamos com esse objetivo.

ProjectN: Perfeito! Perfeito! E dando sequência… Com os números obtidos, principalmente com a campanha #RedescubraPokemonGO, podemos esperar mais ações semelhantes ou mais frequentes?

Eric: Exatamente e é até mesmo algo que trouxemos em nossa palestra mais cedo. Estamos trazendo coisas muito legais exclusivamente para o publico brasileiro e esperamos que todos curtam bastante. Estamos trazendo uam celebração do GOFEST global para o Brasil inteiro organizadas pelos lideres de comunidades oficiais com brindes e ativações oficiais. Aqui em SP teremos um celebaração no Shopping Cidade São Paulo nos dias 13 e 14 com líderes dos times, poképaradas e pela primeira vez no Brasil um ginásio tanto no jogo quanto na vida real. Um totem que irá reagir as batalhas de ginásio e assumir as cores dos times vencedores em tempo real! Espero que ele seja bem concorrido. Alem disso estamos em contato com diversas prefeituras de diversas cidades e capitais para crescer em parceria com novos dados e localizações para aumentar o número de poképaradas para o publico brasileiro. Sabemos que poképaradas é o coração do jogo sendo a principal forma de se conseguir se divertir e conseguir itens. Esperamos conseguir espandir isso e, até o final do ano, conseguir mais alguns milhares de pokeparadas. Por fim, tem mais esse evento que teremos no final do ano também aqui em São Paulo que ocupará a cidade inteira do qual ainda não poderemos falar abertamente mas ja deixamos aberto o convite a todos.

ProjectN: Agora uma relacioanda ao convívio com Pokémon GO: Sabemos que segurança pública é um tema de atenção em todo lugar, e aqui é algo bem preocupante, principalmente em bairros mais afastados… Como o coração do jogo está em sair e explorar com o celular em mãos, como foi e está sendo para conseguir ter um equilíbrio para isso?

Leonardo: A gente sabe que esse é um grade desafio no Brasil e no Mundo. Aqui em São Paulo também, sabemos das estatísticas da segurança pública. Mas uma das coisas que observamos desde o início do jogo foi que quando os jogadores se reunem, em grupo ou comunidade, e compartilham um espaço para tal aquele local se torna mais seguro. Por isso, um dos objetivos do programa de Comunidades no Brasil é de juntar jogadores em um espaço com maior jogabilidade e segurança. Então a Comunidade recomenda sempre jogar em parques públicos, áreas arborizadas e com maior segurança. E quando nós temos, nos dias comunitários, a junção de duzentas, trezentas ou até mesmo quinhentas pessoas juntas, como ocorre em mais de oitenta cidades do Brasil, a gente acaba criando um ambiente muito mais seguro para os jogadores. Agora também estamos com a iniciativa de Comunidade acontencendo em shoppings como As Horas Lendárias que acontecem as quarta-feiras. Ou seja, mais um ambiente que possui segurança e toda a infra estrutura para uma boa jogabilidade.

Alan: Sim, bem como foi dito. As parcerias com shoppings ajudam ambas as partes gerando um maior fluxo de pessoas no local aumentando a circulação e consumo ao mesmo tempo que fornecem mais segurança e infra-estrutura para os jogadores. Estamos buscando mais parcerias para criar mais eventos abertos como esses mencionados aqui, até mesmo parceria com a prefeitura e governo, para encontrar mais locais seguros. Esse não é um problema exclusivo do Brasil então estamos atuando e nos esforçando nessas parcerias junto a Comunidade para aumentar a segurança e acreditamos na força dos jogadores.

ProjectN: Em relação a estratégia de liberação de novos pokémons no jogo: Já estamos na nona geração e temos alguns desses novos de Paldea já liberados enquanto há muitos outros que ainda não chegaram. Acredito que o marketing e janela dos lançamentos dos jogos base da franquia são boas oportunidades de revigorar a “coleção”. Mas como que é feita a definição da estratégia e também o equilíbrio das expectativas dos jogadores que esperam seus Pokemons favoritos darem as caras no jogo?

Alan: Bom, iniciamos lá com a primeira geração e os primeiros 151 pokémon e olhando agora temos um misto de diversas gerações presentes no jogo. Nós trabalhamos bem próximo a Pokémon Company para lançar novos conteúdos. E a razão pela qual nem todos os pokémons chegaram é por que acreditamos e queremos que cada região tenha seu momento de brilhar. Então o plano é visando sempre o melhor timming e melhor momento de cada geração ou mesmo pokémons específicos. Lembra que mesmo com a terceira geração já liberada o Kacleon só veio a surgir tempos depois e com uma mecânica única para sua revelação. E uma das razões para isso era querer trazer uma experiencia que pudesse corresponder a temática de alguns desses Pokémon de forma empolgante e diferente de acordo com o que a tecnologia possa nos proporcionar homenageando o legado que aquele Pokémon carrega. Assim, da mesma forma que Pokémon continua a se expandir, verificamos novas oportunidades e mecânicas que possam despertar ideias e formas diferentes de interação.

ProjectN: Sempre que um novo jogo com temática de monstros é lançado, o famoso burburinho de “O POKÉMON KILLLER CHEGOU” volta a aparecer. Palword foi um dos ultimos jogos a gerarem esse ruído e o mesmo já caiu em desuso. Porém no lançamento de Monster Hunter Now ouviu-se algo parecido, principalmente por ser um outro jogo também da Niantic… Como é essa percepção para vocês? E inclusive, como esta sendo a aceitação do publico brasileiro diante de outro grande título disputando espaço e atenção no Mobile?

Alan: Interessante você mencionar isso, pois nossos produtos não nascem na ideia de competir um contra o outro, mas sim de somar. Unindo a tecnologia da Niantic com todo o experimento que Ingress , por exemplo, nos proporcionou, fomos capazes de unir forças com a Pokémon Company para lançar esse jogo que agora compelta oito anos. Além disso unimos esse aprendizado e agora com a Capcom utilizamos dos resultados obtidos para aperfeiçoar e evoluir a tecnologia que lá traz nos permitiu chegar aonde estamos. Novos desafios movem a tecnologia e isso é necessário para que nao fique estagnada e defasada, então acho curioso essa percepção, nao temos essa competitividade nem visualizamos isso no nosso público. Nisso podemos incluir também Pikmin Bloom que também continua ativo e para dar um exemplo da extensão do uso dessa tecnologia, a Coca Cola e a Marvel laçarma uma parceria e há alguns QRCodes nas latas que possuem ativações ou interações ao ser escaneado, essa tecnologia usada também é da Niantic.

ProjectN: Pra finalizar: O Brasil é um país tropical, com menos de 5% de chance de incidencia de neve nas áreas mais geladas do país, o que denota ser normalmente no sul. Então como que eu, aqui em São Paulo, posso conseguir um Castform na forma Nevasca??? Já tenho na forma Ensolarada e Chuvosa… mas Nevasca sem chance, mesmo no fim do ano nas temporadas de natal.

Alan: Hahahaha. Na verdade essa é uma pergunta muito boa, e agora te farei uma pergunta tão boa quanto, Você possuiu um Hawlucha? Sabe como que se faz pra pegar um? Ele é apenas obtido no México! Então pra ter um você precisa viajar para o México ou encontrar alguem que more lá e trocar com ele. Talvez você possa achar isso muito ruim ou mesmo injusto, mas para o público do México é incrível ter um Pokémon único do seu país. E esse é parte do espirito do jogo, pois mesmo nos jogos base da franquia temos agora pokémons regionais que só podem ser localizados em determinado local ou jogo. Então por exemplo na Noruega podem haver pessoas com muitos Castforms em modo Nevasca, mas Hawlucha ou mesmo Heracross e Oricorio Pom-Pom (exclusivos do Brasil) será muito difícil de conseguirem pois são regionais. Quando estive em um dos ultimos Pokémon Go Fest em 2023 eu vi alguem dizendo que queria alguns pokémons especificos e eu disse: Sou do México e tenho o Hawlucha, na mesma hora uma fila de pessoas se formou na minha frente com todos também querendo um. Esse tipo de experiencia é realmente única!

Eric: Imagina por exemplo: seu animal favorito é um Coala e quer muito ver um, mas aonde conseguiria ver um por aqui? Com sorte me um zoológico mas ainda é difícil pois a diferença climática não ajuda nesses termos. Então é o mesmo cenário. Nós mesmos já brincamos com isso, poxa eu quero um Wigglet, mas ele só aparece em praias. Basta olhar pra gente que vai perceber que não vamos em praias, mas o Léo vai, por exemplo. Então a gente fala pra ele ir e pegar vários para depois a gente trocar. Ou o Tauros no passado, que antes do evento especial dele, era muito difícil de conseguir e hoje mesmo é algo que os novos jogadores vão precisar enfrentar.

ProjectN: Muito obrigado pelo tempo e pelas palavras de vocês, gostariam de finalizar com algum recado pra os fãs e equipe do Portal?

Leonardo: Quero agradecer e dizer que estamos muito animados por todas as iniciativas aqui no Brasil, desde comunidades a parcerias e eventos que têm mostrado resultados no passado e ainda mais agora, quanto mais parar o futuro. E isso é graças aos jogadores brasileiros que são constantes e presentes. O apoio de todos têm contribuido para o futuro do jogo, e daqui pra frente queremos trazer mais elementos culturais. Gostamos muito do resultado das experiências que tivemos aqui, mas queremos ainda mais com muita coisa nova que está por vir!

Alan: Somos muito gratos por estarmos aqui e por trabalhar com o time local do Brasil e feliz de ver os treinadores animados quando anunciamos um evento presencial. Posso afirmar que fico muito animado de estar aqui representando o time da Niantic Latam trazendo novidades como a da poképarada física que teremos. Então fiquem ligados nas midias sociais oficiais da Pokemon GO App pois mais novidades ainda estão por vir!

Eric: Cara… Eu fui editor da primeira revista oficial de Pokémon no Brasil: A Pokémon Club. E naquele tempo era tudo muito difícil de se conseguir aqui no Brasil. De fato conseguimos promover alguns campeonatos de Game Boy e encontro de fãs, mas era tudo muito complicado e apoiado apenas na força de vontade de querer ter aqui algo que viamos que era comum fora, os eventos de Pokémon. Então viamos os produtos, lançamentos e todas as coisas de fora (EUA e Japão) sempre desejando e sonhando com algo parecido… “Será que algum dia teremos um evento oficial de Pokémon aqui no Brasil?”. Olhando agora todo o caminho percorrido, percebendo aonde chegamos e sendo possível ter isso hoje é muito reconfortante. Naquela época em que éramos jovens treinadores sonhávamos com essas experiências e eventos, hoje temos a oportunidade de trazer algo semelhante para a nova geração. Temos a capacidade de passar adiante toda a paixão que nos movia quando jovens. Eu lembro na época do editorial da Pokémon Club, que tinhamos lá uma liga pokémon, treinadores e tal… mas não tinhamos um Professor Pokémon e eu me perguntava “Quem em sã conciencia vai querer ser um Professor Pokémon?”… Hoje eu sei… Hoje eu sei!

ProjectN: Obrigado Professor Eric!

E com o o time emocionado por essas últimas palavras, encerramos essa entrevista.
Obrigado a TheoGames, Niantic e The Pokémon Company por essa oportunidade!


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Desenvolvedor, gamer, marido e pai de pet. Um fã de Zelda, Monster Hunter, RPGs e Metroidvanias, que ama dar risadas, desenhar, jogar e reclamar que não tem tempo para fazer isso mais vezes.