Metroidvania é um estilo de game que passa a sensação que mesmo com o passar dos anos e o desenvolvimento tecnológico da indústria, ainda terá muita lenha a queimar. Por mais que não figure com frequências nas listagens de GOTY dos usuários ou que não tenha um apelo muito forte midiático, o gênero entrega excelentes títulos todos os anos, conseguindo com exatidão extrair aquela experiência gamestica de satisfação.
É então com uma boa expectativa que foi encarado o desafio de avaliar um título que empolgou pelo trailer em trazer gráficos baseados em anime, com uma música eletrizante e com uma jogabilidade que aparentava prender e angustiar. Yars Rising é o mais novo título lançado pela Atari, que volta a investir forte no mercado de games desejando voltar a figurar com destaque, e desenvolvido pela competentíssima WayForward, responsável pelo título Shantae e por realizar o trabalho de Remake de Advance Wars.
Custando R$ 88,99 (preço bem interessante pra lançamento) o game promete ser uma excelente indicação para amantes de jogos de plataforma e mostrar que a Atari ta no caminho certo em querer ser destaque. Mas será mesmo? O jogo vale a pena? Vamos lá descobrir.
Yars Rising é um jogo de plataforma de ação em 2D que reinventa uma antiga franquia da Atari, o Yars’ Revenge, lançado em 1982. Em vez de ser um shooter, o jogo adota um estilo completamente novo, trazendo um metroidvania com um belíssimo visual, ambientado em um mundo cyberpunk. No jogo, você assume o papel de Emi, uma hacker que deve infiltrar seu próprio local de trabalho, a QoTech e investigar as ações suspeitas da empresa, hackeando terminais com a sua equipe, tomando cuidado para não serem pegos e descobrindo uma situação muito mais tensa do que se parece.
A jogabilidade é deliciosa, fluida, sem travamentos ou qualquer impedimento. A movimentação da personagem pelo cenário é tranquila e sem problemas, evidenciando um excelente trabalho do estúdio. Como em um típico jogo do gênero metroidvania, à medida que Emi adquire novos poderes, novas áreas são desbloqueadas, o que exige que o jogador explore o cenário novamente. Em nenhum momento se sente repetição ou monotonia (apenas para tranquilizá-lo caso não esteja familiarizado com o estilo).
Visualmente falando, o game é muitíssimo bem trabalhado, com personagens e inimigos na tela muito bem desenhados. Parecendo terem sido transportados diretamente de um anime, os personagens refletem o excelente trabalho da direção de arte, exalando carisma em cada detalhe. Outro ponto a destacar é a dublagem do game, que é muito bem realizada e sincronizada com os lábios dos personagens. (Confesso, porém, que a interação entre os personagens pode ser um tanto irritante em alguns momentos.)
O game possui uma excelente narrativa, que se torna cada vez mais densa à medida que você avança, sem ser superficial ou clichê. A história de Emi vai além de ser apenas uma hacker tentando invadir uma corporação maligna e escapar sem ser capturada.
Os combates são bem interessantes, embora a ação furtiva tenha algumas falhas. Em certos momentos, não faz sentido tentar fugir dos inimigos, sendo impossível até mesmo pular por cima de alguns ou se esconder em lugares que claramente deveriam servir para isso. Apesar dessas limitações, não chegam a ser um problema crítico que impeça o progresso no jogo. As batalhas contra os chefes são incríveis e bem divertidas, intensas em diversos momentos, trazendo aquela sensação gostosa de alívio ao conseguir derrotá-los.
É delicioso jogar este game. A trilha sonora é envolvente e, junto com a jogabilidade fluida, prende a atenção. É o tipo de jogo que te leva até o fim, mantém você entretido por horas e faz esquecer do mundo. A variedade de músicas é grande, e o game, como mencionado anteriormente, evita a sensação de repetição, proporcionando uma experiência agradável também através da trilha sonora.
Mas quero chamar a atenção do(a) leitor(a) para a mecânica de hacking do game. Para os amantes da nostalgia, o jogo faz um excelente trabalho ao revisitar seu “antecessor”. Durante as ações furtivas de Emi, você acessa uma espécie de mini-game que é basicamente o Yars’ Revenge. Em diferentes cenários, ao vencer o desafio, você desativa o terminal.
A Way Forward merece muitos elogios pelo excelente trabalho apresentado. Embora haja algumas críticas, como a ausência de localização para o português brasileiro e algumas mecânicas de furtividade que poderiam ser melhoradas, isso não impede que o jogo ofereça uma experiência excelente. Trata-se de um metroidvania em sua essência, que não abandonou suas raízes na Atari e soube homenagear muito bem sua origem.
Yars Rising é um jogo que vale a pena ser jogado, com um preço acessível, que diverte, satisfaz, e é uma excelente indicação até mesmo para quem não é fã do gênero.
Yars Rising is a creative reimagining of a classic Atari franchise that succeeds in many ways, delivering an immersive and captivating gaming experience. With stunning visuals and a cyberpunk setting, the game stands out for its well-crafted art direction and a compelling narrative that becomes richer as you progress. The game has its flaws, but it is an excellent recommendation for the Metroidvania genre.
[Nota do Editor: Yars Rising foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Atari para avaliação.]
