Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya

Reynatis – Liberdade, justiça e opressão em Shibuya

Vindo da FuRyu, Reynatis se passa em um Japão moderno e distópico, onde magos precisam esconder suas habilidades mágicas, que são restritas ao uso exclusivo da força policial como forma de controle. O jogo apresenta dois protagonistas: Sari Nishijima, uma policial com poderes mágicos e garota-propaganda da força militar, e Marin Kirizumi, um mago rebelde sedento por poder. Diferente de muitos jogos do gênero, em vez de escolhermos entre os dois, a narrativa nos faz alternar entre eles a cada dois capítulos.

A força policial, chamada Magic Enforcement Agency, é mal vista não apenas pelos magos, mas também pela população em geral. Para reforçar essa tensão, o jogo insere um nível de malícia em ambos os protagonistas. No caso de Sari, esse traço evidencia o medo e o ódio que a população sente em relação ao corpo militar, enquanto para Marin, a malícia reflete a opressão policial e o medo do diferente.

O jogo poderia explorar isso como um indicador do temor das pessoas em relação aos magos, mas vai além: ao verem um mago utilizando seus poderes, muitas pessoas fogem, enquanto outras registram o momento nas redes sociais, o que introduz outra mecânica ao jogo.

Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya

Após derrotar um inimigo ou usar seus poderes em público, os habitantes fogem e rapidamente começam a postar nas redes sociais sobre terem visto um mago. Isso ativa um medidor que indica quantos compartilhamentos foram feitos, resultando na perseguição pela M.E.A., da qual é impossível escapar.

A história de Reynatis se destaca em alguns aspectos, mas desperdiça oportunidades que poderiam intensificar o drama. Um exemplo é o arco do mentor de Sari, que se envolve com uma droga especial chamada Rubrum, tornando-se um policial corrupto após não ser promovido por não possuir habilidades mágicas. Esse enredo tinha potencial para ser profundo, mas o jogo limita sua apresentação a algumas caixas de diálogo e uma breve busca, sem o desenvolvimento que merecia.

No que diz respeito à trama, o game aborda temas como livre-arbítrio, perseguição, opressão e justiça. Também inclui a problemática das drogas, como a Rubrum, que concede poderes temporários a pessoas comuns e é usada por magos como amplificador. No entanto, essa substância é altamente viciante e transforma os usuários em abominações.

Embora a narrativa tenha bons elementos, as missões secundárias superficiais acabam desviando o foco do enredo principal, concentrando-se mais em conflitos internos. Além disso, algumas histórias carecem de aprofundamento nos diálogos ou terminam abruptamente, fazendo com que a trama perca a chance de se expandir. Isso se torna evidente com a alternância entre Shibuya e uma outra dimensão chamada Another, onde se exploram dungeons e enfrentam ameaças.

Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya

O esquadrão de Sari, a luta de Marin e os Wizards desajustados, além da restrição de magia imposta pelo governo, são elementos e personagens interessantes, mas não são explorados o suficiente devido a várias missões e eventos que não sustentam a narrativa. Isso resulta em uma sensação de pressa, e como o jogo já é curto, com apenas 34 capítulos e cerca de 15 a 20 horas de gameplay, essa falta de desenvolvimento é ainda mais perceptível.

O combate entre os dois protagonistas não apresenta grandes diferenças, sendo bastante similar, com variações apenas nas habilidades mágicas. Uma vez que você domina o estilo de um personagem, o outro se torna fácil de jogar. O sistema de combate é um RPG de ação simples, onde cada personagem possui um combo de ataque básico e duas habilidades únicas.

Essas habilidades podem ser substituídas por novas, aprendidas ao longo da jornada, mas cada personagem mantém uma habilidade de assinatura exclusiva. Após completar os grupos dos protagonistas, é possível alternar entre personagens durante um combo ou após ser nocauteado, o que permite aos jogadores diversificar suas estratégias ao enfrentar inimigos mais desafiadores.

Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya

O jogo apresenta dois modos de combate: o modo Suppression, onde a magia é selada, e o modo Liberation, que é essencialmente um modo de ataque — e visualmente bastante estiloso. O modo Liberation consome o MP do personagem, forçando-o a voltar para o modo Suppression para recarregar mana. Nesse estado, o personagem não pode atacar, mas as esquivas se tornam um elemento central e elegante do jogo. Elas são cruciais para drenar MP e contra-atacar, permitindo liberar mais ataques e poder, o que torna o sistema de combate bastante divertido.

Apesar desse sistema interessante, o jogo sofre com alguns problemas técnicos, como a câmera, que às vezes trava e não acompanha bem os inimigos mais fortes. Visualmente, o jogo é agradável, mas o mapa de Shibuya me pareceu pequeno, com muitas áreas de carregamento entre seções. A dimensão Another, por sua vez, consiste basicamente em corredores com zonas circulares previsíveis. A cidade, apesar de visualmente bonita, parece vazia, cheia de luzes e texturas, mas sem vida.

Além disso, os personagens compartilham animações muito semelhantes, exceto pelas animações das magias. As batalhas com espada também são bastante parecidas, com a principal diferença sendo as habilidades únicas de cada personagem, o que acabou deixando um pouco a desejar.

Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya

A dublagem do jogo é incrível e realmente agradável de ouvir. No entanto, a trilha sonora deixou a desejar para mim devido a uma má mixagem. Durante as batalhas e explosões, a música se perdia, não conseguindo criar o impacto esperado. Além disso, a capa do jogo, que transmite uma ideia brilhante e vibrante, não foi refletida completamente em Shibuya, que acabou não correspondendo às expectativas. Isso pode ser devido à dificuldade em equilibrar a condução dos dois personagens e suas respectivas lutas, o que acabou dividindo o foco da narrativa.

Reynatis apresenta uma história interessante, que se encaixa bem com o ritmo de combate e suas mecânicas. No entanto, os gráficos parecem datados, lembrando jogos de consoles portáteis de 2010. Se o jogo passasse por uma melhoria gráfica e fosse localizado em português, isso certamente elevaria sua nota. Apesar dessas limitações, o game é um bom RPG, atraente e envolvente, lançado inicialmente apenas no Japão e trazido ao Ocidente pela NIS America, tornando-se uma experiência bastante agradável.

Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya
Reynatis - Liberdade, justiça e opressão em Shibuya
Veredito
Reynatis impressiona pela premissa e boas mecânicas, mas ao mesmo tempo que traz consigo tais qualidades, ele deixa a desejar em pontos como gráficos desatualizados e uma musica bem esquecível, que apenas tentou impressionar, mas por cima disso é um bom RPG de ação que da para levar pra casa e dizer que se divertiu muito.
Design
90
Trilha Sonora
80
Diversão
85
Gameplay
85
Custo x Beneficio
70
Prós
Bom trabalho na construção de personagens
Mecanicas de combate recompensadoras
HUD criativo, como de um celular.
Contras
Dungeons lineares
Historia corrida, apesar de estruturada.
82
Nota Final

Reynatis impresses with its premise and good mechanics, but at the same time that it brings with it such qualities, it leaves something to be desired in points such as outdated graphics and a very forgettable music, which only tried to impress, but above all it is a good action RPG that you can take home and say that you had a lot of fun.

[Nota do Editor: Reynatis foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela NIS America para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Olá me chamo Emanuel ou só "Nuel", sou Game Designer e nasci na cidade mais quente do Brasil, tento de tudo para ficar longe e relaxar em jogo competitivo, mas meus favoritos sempre são os jogos de farming e JRPGs.