Hideki Kamiya comenta polêmica troca de dubladora em Bayonetta 3

Hideki Kamiya comenta polêmica troca de dubladora em Bayonetta 3

Dois anos após o lançamento de Bayonetta 3, o lendário criador Hideki Kamiya quebrou o silêncio sobre uma das maiores polêmicas envolvendo o jogo: a troca de dubladora da protagonista.

Em entrevista recente, Kamiya, que atuou como roteirista e diretor supervisor do título, refletiu sobre a saída de Helena Taylor, que deu voz à bruxa de Umbra nas duas primeiras aventuras da série. No terceiro jogo, o papel foi assumido por Jennifer Hale, renomada atriz do mundo dos games.

Na época, a PlatinumGames justificou a mudança como resultado de “várias circunstâncias”, mas isso não impediu uma onda de críticas acaloradas por parte dos fãs. Kamiya relembra que muitas pessoas reagiram impulsivamente, sem buscar entender o outro lado da história. Ele também comentou que foi alvo de uma enxurrada de mensagens de ódio, chegando ao ponto de não conseguir mais acompanhar o ritmo dos bloqueios nas redes sociais.

Até mesmo Jennifer Hale foi afetada pela repercussão negativa. “Algumas pessoas até apagaram os comentários depois que a poeira baixou, mas nenhuma delas se desculpou”, lamentou Kamiya.

Confira abaixo o trecho completo:

O que eu estava pensando na época era… Bem, não sei como é no seu país agora, mas aqui no Japão, é meio que uma questão social. Sempre que acontece algo envolvendo figuras públicas, a mídia cobre, e aí as pessoas à margem simplesmente enlouquecem. Sempre que vejo esse tipo de notícia – revistas, jornais, TV… sempre acho que estão mostrando apenas um lado da história. Tipo, ‘Essa pessoa teve algum conflito com aquela pessoa’. E aí você vê uma manchete tipo, ‘Essa pessoa fez algo terrível com aquela!’ E as pessoas reagem tipo, ‘Inacreditável! Isso é ultrajante!’

Mas acho que, a menos que você também ouça o outro lado, não consegue realmente entender ou julgar o que realmente aconteceu. E, honestamente, até mesmo julgar outras pessoas em primeiro lugar – será que esse é realmente o nosso lugar? Tipo, bater papo com amigos durante uma refeição e perguntar: “Você ouviu falar disso?” E depois dizer coisas como: “Acho que este lado estava certo” ou “Não, eu estou com o outro”. Esse tipo de conversa é totalmente aceitável entre amigos. Mas agora temos as redes sociais, onde todos podem compartilhar seus pensamentos… E quando as pessoas simplesmente pegam as partes visíveis e decidem diretamente: “Esse cara é o cara mau!” e começam a enviar ódio – acho que isso é totalmente errado. Vemos notícias de fofoca o tempo todo no Japão.

Hmm… Como posso dizer isso… Mesmo quando vejo esse tipo de notícia, não penso imediatamente: “O quê!? Isso é imperdoável!” ou “Que se dane esse cara!”. Isso não é comigo. Talvez eu seja um pouco cínico, mas… mesmo quando alguém diz: “Ele disse algo horrível…”, eu não penso imediatamente: “Isso é terrível! Como ele ousa!”

Primeiro eu penso: “Sério?”. E aí começo a pensar: “Por que ele disse isso?” ou “O que levou a isso?”. “O que estava acontecendo nos bastidores?”. Essa é a parte que me deixa curioso em primeiro lugar. Então, quando tudo isso aconteceu comigo, só me fez acreditar ainda mais nisso.

Foi uma loucura. Minha timeline do Twitter voava em tempo real – era uma loucura. Rolando sem parar. Continuei bloqueando sem parar. Mas nem a minha velocidade conseguia acompanhar. Então eu pensei: ‘O quê!? Eles estão chegando mais rápido do que eu consigo bloqueá-los!?’ O QUÊ!?

Enfim, não é esse o ponto. As pessoas estavam dizendo o que queriam. Até gente famosa estava se intrometendo e me mandando comentários. E aí, quando as coisas se acalmaram, voltei e dei uma olhada – e eles tinham apagado os tweets discretamente.

Ei, peça desculpas antes de fazer qualquer coisa furtiva. ISSO É UMA COVARDIA DE VERDADE. Você postou publicamente, nas redes sociais, certo? Então, se você errou, deveria admitir publicamente. Diga: “Ei, eu errei” – assuma.

Pelo menos é assim que eu tento ser. Posso agir assim, mas tenho meu próprio código. Se não estou errado? Então não, eu não vou me desculpar de jeito nenhum. Sem chance. Mas quando eu estiver errado, eu assumo o erro. Cara, isso foi MUITO chato. Eu sou o tipo de cara que realmente se apega a esse tipo de coisa. Provavelmente vou continuar falando sobre isso para sempre.

Sim. Era isso que eu queria dizer sobre essa pergunta. Foi assim que me senti.

Um grande entusiasta da Nintendo, "fanZeldaboy" e confesso dono de um sofisticadíssimo sotaque nordestino visse?