A compra da Activision Blizzard muda tudo!

A compra da Activision Blizzard muda tudo!

Quando as notícias saíram, o mundo da indústria de jogos era dividido em choque e em tensão. Analisando todas as última notícias sobre o que ABK — Activision Blizzard King — tem sido indiciada nos EUA, é de se esperar para muitos que as ações caíssem e criasse um desespero por parte de compradores que tentassem arrumar a casa de alguma forma. Porém, a Microsoft é uma das gigantes do mercado de jogos e o preço desembolsado superar expectativas a ponto de se comparar a aquisição da Disney pela Fox.

Tudo isso pode ser bem impressionante, mas no ponto de vista de estratégia de mercado fica claro que a empresa mãe do XBOX agora está numa situação completamente diferente das suas principais concorrente, Sony e Nintendo. Vou tentar analisar certos pontos que podem mostrar em que tipo de posição ela realmente se encontra.

BLIZZARD

Nem de longe é o que chama a atenção na compra, dado os terríveis problemas em seus últimos lançamentos. A Blizzard conseguiu o feito de ficar desacreditada como uma empresa que levaria o tempo que fosse para lançar seus jogos de forma mais polida e sem defeitos para uma empresa que não vale a pena perder mais o tempo com novos lançamentos e tentarmos nos agarrar ao que temos ainda dos jogos clássicos (Apesar de Warcraft III — Reforged provar que até isso é questionável).

Entretanto, não muda ainda assim o fato de que a forma como a Blizzard conduziu todas as suas propriedades intelectuais durantes décadas criou uma legião de pessoas aficionadas e que ainda lutam para poder ver a empresa brilhar de novo. Afinal, quando a empresa lançou Diablo 3, os fãs ainda assim esperaram o tempo que foi preciso para conseguir jogá-lo sem os pormenores do seu lançamento. Overwatch aparentemente segue sem qualquer tipo de atualização, eventos ou qualquer tipo de incentivo para que o jogo não morra, isso porque eu me recuso a comentar Overwatch 2. Mesmo assim, ainda existe um grupo majoritário de pessoas que usa seu tempo não só para defender, mas aproveitar o que tem de realmente bom no jogo online.

A compra da Activision Blizzard muda tudo!

A Blizzard não é uma produtora de jogos, mas sim uma comunidade. O evento dela, a Blizzcon, é visto como um diferencial tão grande que ele tinha seus anúncios e atrações como comparável ao principal evento de Games, a E3. A Microsoft criar uma comunidade foi um trabalho árduo e levou muitos anos, fazendo com que fosse necessário a troca do direcionamento da empresa, capitaneado agora por Phil Spencer, criando várias práticas e serviços de consumo, todos voltados ao cliente. Tudo para fazer com que houvesse a sensação de que o melhor lugar para se jogar videogame era em um console da linha XBOX, não importa qual fosse.

Agora, no entanto, a comunidade XBOX não sofreu nenhuma alteração. Foi a comunidade Blizzard que simplesmente tem a quem olhar. Enquanto antes, todos os problemas acabavam sendo justificados por uma certa pressão da Activision e sua forma de enxergar o mundo dos jogos, os fãs de Warcraft, Starcraft, Diablo, Overwacth e tudo o mais que é jogo da Blizzard, tem a quem olhar para sentir esperança. Eles podem ver o que a XBOX fez com as equipes de Ori, Cuphead, Psychonauts e a recente aquisição da Bethesda que ainda vai dar frutos, e pensar que talvez esse seja o momento que todo o gosto ruim na boca dos últimos dez anos de ser fã da empresa possa ser limpo com um bom refresco.

QUEM REALMENTE ESTÁ GANHANDO?

A principal questão aqui, porém, é que isso não é uma vantagem para a Blizzard. Isso é uma salvação. A vantagem vai para a Microsoft, que acaba de entrar numa posição diferenciada por simplesmente se destacar mais ainda de onde as empresas de Consoles e jogos exclusivos geralmente estão dependentes. Enquanto a Sony depende inteiramente de seus exclusivos e consoles, assim como boa parte da Nintendo acaba dependendo disso e de seu catálogo clássico que é sempre muito requisitado, a XBOX agora tem uma vantagem multilateral.

O Gamepass se provou um sucesso em tantas plataformas diferentes que mesmo se os consoles XBOX não vendessem sequer uma única unidade, eles teriam força e apoio para continuar se sustentando com seus jogos e serviços no PC. Só que, o outro diferencial é que a Microsoft agora tem o XCLOUD, fazendo com que as plataforma em que o XBOX pode ser sustentado por apoio comercial e financiado seja num escopo tão maior, que chega a engolir tudo isso que o Switch vendeu nesse últimos anos e se manter como líder no mercado de consoles. Com a aquisição da Bethesda, agora toda vez que alguém compra um jogo da empresa no PS4 ou no Switch, a Microsoft ganha uma porcentagem e faz do lucro deles, um pouco do seu.

A compra da Activision Blizzard muda tudo!

Com a compra Activision Blizzard, isso fica ainda mais complexo. A Activision, com seus milhões de dólares investidos em Call Of Duty, vai gerar uma receita que por si só poderia manter a XBOX viva durante bons anos. É simplesmente a referência mais popular e massiva de shooters de primeira pessoa. O jogo gratuito da franquia é um dos produtos mais rentáveis desde seu lançamento. Agora, com a Blizzard, se Phil Spencer mexer os pauzinhos certos e criar um ambiente propício para produtividade e criatividade, a base de apoio dele vai superar a de qualquer outra comunidade.

O que ele já tem em suas mãos com o ecossistema do XBOX, seus milhares de jogos disponíveis no Gamepass e seus exclusivos, que incluem agora décadas de legado da Bethesda, foi expandido para uma nova big picture. Os efeitos de ser ter a comunidade de World Of Warcraft, todo mês assinando e passando horas comprando cosméticos e ítens para uso in-game, consegue me fazer imaginar com clareza o grande sorriso na cara dos acionistas. A XBOX pode não estar a frente do mercado de consoles e jogos no conceito padrão e clássico que estamos acostumados. Porém, de longe, no quesito estratégico, ela é a que tem o futuro mais garantido.

O PRÓXIMO PASSO

Com duas das aquisições mais impressionantes da história da indústria dos games, a Microsoft se encontra como alvo de atenções para seu próximo movimento no tabuleiro. Na minha opinião, é difícil pensar que ela não vai tentar algo com uma empresa japonesa, já que seu interesse no mercado oriental sempre foi algo claro, mas que nunca foi bem-sucedido. Há aqueles que falam da Square Enix, o que eu duvido veemente pela própria forma de negócios que a empresa tem com os ecossistemas da Sony e da Nintendo, sendo uma das principais parceiras de ambas companhias dessa geração.

Se eu fosse por minhas apostas em alguém, com certeza penso na SEGA, para tentar capturar um pouco dos jogos que a Atlus e a Ryu Ga Gotoku fazem e conquistam tanto o Japão. De qualquer forma, qualquer passo que Phil Spencer der de agora em diante, pode até não fazer mundo tremer dessa forma de novo, mas vamos segurar a respiração até ele ter pisado no chão.


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um fã de Da Vinci e Miyamoto. Não me pergunte quem é quem.