Alex Kidd in Miracle World DX - A recriação de um clássico

Alex Kidd in Miracle World DX – A recriação de um clássico

Alex Kidd está de volta para comemorar seus 35 anos em uma aventura reimaginada do seu primeiro jogo, Alex Kidd in Miracle World, lançado originalmente no Master System em 1986.

Alex Kidd in Miracle World DX começou a ser desenvolvido por dois fãs, José Sanz e Hector Toro, ainda em 2018. Algum tempo depois o projeto teve a bênção da SEGA para um desenvolvimento oficial, foi aí que os dois fãs se juntaram e criaram a Jankenteam para desenvolver o jogo em parceria com a Merge Games, que também é distribuidora. O jogo foi lançado em 22 de junho de 2021.

A franquia tem um lugar especial no coração de muitos jogadores brasileiros, então será que a árdua tarefa de recriar um jogo de 1986 para um público moderno e ainda assim agradar os fãs antigos foi bem sucedida? É isso que você vai descobrir agora!

Alex Kidd in Miracle World DX - A recriação de um clássico

Salvando o seu reino

Alex Kidd in Miracle World DX conta a história do pequeno Alex, que passou sua vida treinando artes marciais e na volta de um de seus treinos descobre que coisas terríveis estão acontecendo com os cidadãos de Radaxian. Logo Alex descobre que, na verdade, é um príncipe e aceita a missão de salvar o seu reino do terrível Janken, o Grande!

Um novo olhar de um velho mundo

Dois grandes destaques de Alex Kidd in Miracle World DX estão no seu design e trilha sonora. O novo visual do jogo é muito lindo e suas animações estão impecáveis, o que acabam se tornando combinações perfeitas para o ar divertido e descontraído que o personagem deseja passar. O novo príncipe Alex está mais carismático do que nunca!

Início Alex Kidd in Miracle World DX
Os novos visuais de Alex Kidd

Uma função muito bacana é a de “voltar” aos gráficos em 8 bits com o simples apertar de um botão, isso faz com que você sempre deseje comparar essa nova versão com o jogo original e perceba que o trabalho da Jankenteam e da Merge Games, nesse aspecto, está incrível. 

A trilha sonora faz toda a diferença na hora de criar um clima especial para a maioria das fases e chefes, desbloqueando muitas memórias de infância de quem jogou o Alex Kidd original, já que são fortemente inspiradas nas suas versões originais. 

O jogo ainda conta com algumas fases que não existiam na versão original, o que foi algo muito bem vindo para prolongar um pouco sua vida útil. Apesar desses pontos positivos, ainda é possível perceber alguns problemas de contraste e level design que podem se tornar um pesadelo para a maioria das pessoas.

Alex Kidd in Miracle World DX - A recriação de um clássico
Ao pressionar o botão ZR, o jogo alterna entre gráficos modernos e clássicos

Aventura divertida, mas não muito! 

Esse novo olhar sobre Alex Kidd traz algumas melhorias na qualidade de vida do jogador se comparado a versão de Master System e ele continua se mostrando um jogo de plataforma bastante desafiador. As melhorias são poucas, por isso morrer tentando acertar um inimigo ou pular corretamente em um bloco de plataforma provavelmente é a coisa que mais acontecerá com você aqui, o que pode ser bem frustrante em muitas ocasiões… Muitas mesmo.

No Alex Kidd original, se você perdesse todas as suas vidas o jogo simplesmente jogava um game over na sua cara e te mandava para o início da primeira fase, enquanto nesta remasterização você é levado ao início da fase que você estava com o contador de moedas zerado, tornando as coisas um pouco menos difíceis, além de oferecer a opção de vidas infinitas, assim, quando você morre, volta do último checkpoint ao invés do início das fases. Mas já adianto que o recurso de vidas infinitas faz com que o jogo fique ainda mais curto do que já é, eu levei em torno de 4 horas para zerar sem este recurso, imagino que com ele o tempo de jogo chegue até a metade disso.

Alex Kidd in Miracle World DX - A recriação de um clássico
Alex Kidd virando um anjo – A cena mais comum desse jogo

Para os fãs mais assíduos, após zerar pela primeira vez você libera dois modos, o Boss Rush, onde você enfrenta apenas os chefes do game, e o Classic Mode, que é basicamente uma cópia da versão do Master System e você precisará zerar o game sem perder todas as vidas. Revisitei esse último modo no Switch e, nossa, como as pessoas zeravam isso nos anos 80? Bem, provavelmente sendo o único jogo que jogavam por semanas e decoravam cada fase e inimigos.

Segure bem seu controle (e tente não joga-lo na parede)

Quando se trata de jogabilidade, as coisas ficam um pouco mais complicadas. Vemos o jogo muito mais como uma remasterização do que como um remake, visto que ele é praticamente o mesmo jogo mas com gráficos atuais, apesar de não ser uma réplica perfeita, isso faz com que algumas das limitações que existiam nos anos 80 atrapalhasse o que poderia ter sido aprimorado para os dias de hoje, isso acaba se alinhando com problemas de design.

A mecânica de Pedra, Papel e Tesoura, apesar de ser algo muito próprio e especial da franquia, envelheceu mal, fazendo com que em algumas situações o jogador não dependa da sorte, uma vez que a escolha de alguns inimigos, pelo que eu pude notar, já estão pré-determinada. Enfim, as mudanças nas mecânicas foram mínimas e acredito que seriam muito bem vindas nesse jogo, mas os desenvolvedores preferiram manter toda a essência do jogo original aqui.

Alex Kidd in Miracle World DX - A recriação de um clássico
As batalhas de Pedra, Papel e Tesoura estão de volta

Vale o que custa?

Apesar de custar apenas R$ 101,95, o que considero justo para um jogo indie, Alex Kidd se vale muito da memória afetiva de quem está jogando. Isso tudo por se tratar de um jogo muito curto e com um fator replay bastante limitado, já que a única coisa que vai fazer você jogar ele novamente é se você quiser completar a lista de colecionáveis que aparecem durante as fases. Acredito que para o público em geral, esse custo x benefício ainda não consegue ser atingido de forma satisfatória com esse valor, fazendo com que esperar por uma promoção seja o ideal caso você tenha interesse nesse jogo.

Ou seja…

Alex Kidd in Miracle World DX diverte mais aqueles que têm boas lembranças de infância do personagem do que qualquer outro público, mesmo os adoradores de jogos de plataforma. É um jogo curto, mas desafiador, assim como o original. O fato é que dificilmente após finalizar você irá revisitá-lo com muita frequência.

Seu objetivo de ser uma remasterização bastante literal, com muitas mudanças visuais e sonoras, mas pouquíssimas adições de recursos, foi cumprido, mas acabou sendo uma faca de dois gumes, uma vez que algumas melhorias, especialmente em sua jogabilidade, seriam muito bem vindas. Espero que esse jogo abra portas para uma aventura inédita do personagem.

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[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Pernambucano arretado, publicitário e adoro jogos de aventura e RPGs no geral! Atualmente rejogando Breath of The Wild e descobrindo pela primeira vez a maravilha que é Octopath Traveler.